Lista de Exercícios ENEM – 100 questões de filosofia

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Lista de Exercícios ENEM – 100 questões de filosofia

 

 

1. (Enem PPL 2012) Assentado, portanto, que a Escritura, em muitas passagens, não apenas admite, mas necessita de exposições diferentes do significado aparente das palavras, parece-me que, nas discussões naturais, deveria ser deixada em último lugar.

GALILEI, G. Carta a Benedetto Castelli. In: Ciência e fé: cartas de Galileu sobre o acordo do sistema copernicano com a Bíblia. São Paulo: Unesp, 2009. (adaptado)

O texto, extraído da carta escrita por Galileu (1564-1642) cerca de trinta anos antes de sua condenação pelo Tribunal do Santo Oficio, discute a relação entre ciência e fé, problemática cara no século XVII. A declaração de Galileu defende que

a) a bíblia, por registrar literalmente a palavra divina, apresenta a verdade dos fatos naturais, tornando-se guia para a ciência.

b) o significado aparente daquilo que é lido acerca da natureza na bíblia constitui uma referência primeira.

c) as diferentes exposições quanto ao significado das palavras bíblicas devem evitar confrontos com os dogmas da Igreja.

d) a bíblia deve receber uma interpretação literal porque, desse modo, não será desviada a verdade natural.

e) os intérpretes precisam propor, para as passagens bíblicas, sentidos que ultrapassem o significado imediato das palavras.

 

2. (Enem PPL 2018) Demócrito julga que a natureza das coisas eternas são pequenas substâncias infinitas, em grande número. E julga que as substâncias são tão pequenas que fogem às nossas percepções. E lhes são inerentes formas de toda espécie, figuras de toda espécie e diferenças em grandeza. Destas, então, engendram-se e combinam-se todos os volumes visíveis e perceptíveis.

SIMPLÍCIO. Do Céu (DK 68 a 37). In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural, 1996 (adaptado).

A Demócrito atribui-se a origem do conceito de

a) porção mínima da matéria, o átomo.

b) princípio móvel do universo, a arché.

c) qualidade única dos seres, a essência.

d) quantidade variante da massa, o corpus.

e) substrato constitutivo dos elementos, a physis.

 

3. (Enem 2018) A quem não basta pouco, nada basta.

EPICURO. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1985.

Remanescente do período helenístico, a máxima apresentada valoriza a seguinte virtude:

a) Esperança, tida como confiança no porvir.

b) Justiça, interpretada como retidão de caráter.

c) Temperança, marcada pelo domínio da vontade.

d) Coragem, definida como fortitude na dificuldade.

e) Prudência, caracterizada pelo correto uso da razão.

 

4. (Enem 2018) Desde que tenhamos compreendido o significado da palavra “Deus”, sabemos, de imediato, que Deus existe. Com efeito, essa palavra designa uma coisa de tal ordem que não podemos conceber nada que lhe seja maior. Ora, o que existe na realidade e no pensamento é maior do que o que existe apenas no pensamento. Donde se segue que o objeto designado pela palavra “Deus”, que existe no pensamento, desde que se entenda essa palavra, também existe na realidade. Por conseguinte, a existência de Deus é evidente.

TOMÁS DE AQUINO. Suma teológica. Rio de Janeiro: Loyola, 2002.

O texto apresenta uma elaboração teórica de Tomás de Aquino caracterizada por

a) reiterar a ortodoxia religiosa contra os heréticos.

b) sustentar racionalmente doutrina alicerçada na fé.

c) explicar as virtudes teologais pela demonstração.

d) flexibilizar a interpretação oficial dos textos sagrados.

e) justificar pragmaticamente crença livre de dogmas.

 

5. (Enem 2018) Não é verdade que estão ainda cheios de velhice espiritual aqueles que nos dizem: “Que fazia Deus antes de criar o céu e a terra? Se estava ocioso e nada realizava”, dizem eles, “por que não ficou sempre assim no decurso dos séculos, abstendo-se, como antes, de toda ação? Se existiu em Deus um novo movimento, uma vontade nova para dar o ser a criaturas que nunca antes criara, como pode haver verdadeira eternidade, se n’Ele aparece uma vontade que antes não existia?”

AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Abril Cultural, 1984.

A questão da eternidade, tal como abordada pelo autor, é um exemplo da reflexão filosófica sobre a(s)

a) essência da ética cristã.

b) natureza universal da tradição.

c) certezas inabaláveis da experiência.

d) abrangência da compreensão humana.

e) interpretações da realidade circundante.

 

6. (Enem 2018) O século XVIII é, por diversas razões, um século diferenciado. Razão e experimentação se aliavam no que se acreditava ser o verdadeiro caminho para o estabelecimento do conhecimento científico, por tanto tempo almejado. O fato, a análise e a indução passavam a ser parceiros fundamentais da razão. É ainda no século XVIII que o homem começa a tomar consciência de sua situação na história.

ODALIA, N. In: PINSKY, J.; PINSKY. C. B. História da cidadania. São Paulo: Contexto. 2003.

No ambiente cultural do Antigo Regime, a discussão filosófica mencionada no texto tinha como uma de suas características a

a) aproximação entre inovação e saberes antigos.

b) conciliação entre revelação e metafísica platônica.

c) vinculação entre escolástica e práticas de pesquisa.

d) separação entre teologia e fundamentalismo religioso.

e) contraposição entre clericalismo e liberdade de pensamento.

 

7. (Enem PPL 2018) Quando analisamos nossos pensamentos ou ideias, por mais complexos e sublimes que sejam, sempre descobrimos que se resolvem em ideias simples que são cópias de uma sensação ou sentimento anterior. Mesmo as ideias que, à primeira vista, parecem mais afastadas dessa origem mostram, a um exame mais atento, ser derivadas dela.

HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

Depreende-se deste excerto da obra de Hume que o conhecimento tem a sua gênese na

a) convicção inata.

b) dimensão apriorística.

c) elaboração do intelecto.

d) percepção dos sentidos.

e) realidade transcendental.

 

8. (Enem PPL 2018) Jamais deixou de haver sangue, martírio e sacrifício, quando o homem sentiu a necessidade de criar em si uma memória; os mais horrendos sacrifícios e penhores, as mais repugnantes mutilações (as castrações, por exemplo), os mais cruéis rituais, tudo isto tem origem naquele instinto que divisou na dor o mais poderoso auxiliar da memória.

NIETZSCHE, F. Genealogia da moral. São Paulo: Cia. das Letras, 1999.

O fragmento evoca uma reflexão sobre a condição humana e a elaboração de um mecanismo distintivo entre homens e animais, marcado pelo(a)

a) racionalidade científica.

b) determinismo biológico.

c) degradação da natureza.

d) domínio da contingência.

e) consciência da existência.

 

9. (Enem 2018) O filósofo reconhece-se pela posse inseparável do gosto da evidência e do sentido da ambiguidade. Quando se limita a suportar a ambiguidade, esta se chama equívoco. Sempre aconteceu que, mesmo aqueles que pretenderam construir uma filosofia absolutamente positiva, só conseguiram ser filósofos na medida em que, simultaneamente, se recusaram o direito de se instalar no saber absoluto. O que caracteriza o filósofo é o movimento que leva incessantemente do saber à ignorância, da ignorância ao saber, e um certo repouso neste movimento.

MERLEAU-PONTY. M. Elogio da filosofia. Lisboa: Guimarães, 1998 (adaptado).

O texto apresenta um entendimento acerca dos elementos constitutivos da atividade do filósofo, que se caracteriza por

a) reunir os antagonismos das opiniões ao método dialético.

b) ajustar a clareza do conhecimento ao inatismo das ideias.

c) associar a certeza do intelecto à imutabilidade da verdade.

d) conciliar o rigor da investigação à inquietude do questionamento.

e) compatibilizar as estruturas do pensamento aos princípios fundamentais.

 

10. (Enem PPL 2018) Uma criança com deficiência mental deve ser mantida em casa ou mandada a uma instituição? Um parente mais velho que costuma causar problemas deve ser cuidado ou podemos pedir que vá embora? Um casamento infeliz deve ser prolongado pelo bem das crianças?

MURDOCH, I. A soberania do bem. São Paulo: Unesp, 2013.

Os questionamentos apresentados no texto possuem uma relevância filosófica à medida que problematizam conflitos que estão nos domínios da

a) política e da esfera pública.

b) teologia e dos valores religiosos.

c) lógica e da validade dos raciocínios.

d) ética e dos padrões de comportamento.

e) epistemologia e dos limites do conhecimento.

 

11. (Enem PPL 2018) O justo e o bem são complementares no sentido de que uma concepção política deve apoiar-se em diferentes ideias do bem. Na teoria da justiça como equidade, essa condição se expressa pela prioridade do justo. Sob sua forma geral, esta quer dizer que as ideias aceitáveis do bem devem respeitar os limites da concepção política de justiça e nela desempenhar um certo papel.

RAWLS, J. Justiça e democracia. São Paulo: Martins Fontes, 2000 (adaptado).

Segundo Rawls, a concepção de justiça legisla sobre ideias do bem, de forma que

a) as ações individuais são definidas como efeitos determinados por fatores naturais ou constrangimentos sociais.

b) o estudo da origem e da história dos valores morais concluem a inexistência de noções absolutas de bem e mal.

c) o próprio estatuto do homem como centro do mundo é abalado, marcando o relativismo da época contemporânea.

d) as intenções e bens particulares que cada indivíduo almeja alcançar são regulados na sociedade por princípios equilibrados.

e) o homem é compreendido como determinado e livre ao mesmo tempo, já que a liberdade limita-se a um conjunto de condições objetivas.

 

12. (Enem 2018)

TEXTO I

Tudo aquilo que é válido para um tempo de guerra, em que todo homem é inimigo de todo homem, é válido também para o tempo durante o qual os homens vivem sem outra segurança senão a que lhes pode ser oferecida por sua própria força e invenção.

HOBBES, T. Leviatã. São Paulo: Abril Cultural, 1983.

TEXTO II

Não vamos concluir, com Hobbes que, por não ter nenhuma ideia de bondade, o homem seja naturalmente mau. Esse autor deveria dizer que, sendo o estado de natureza aquele em que o cuidado de nossa conservação é menos prejudicial à dos outros, esse estado era, por conseguinte, o mais próprio à paz e o mais conveniente ao gênero humano.

ROUSSEAU, J.-J. Discurso sobre a origem e o fundamento da desigualdade entre os homens. São Paulo: Martins Fontes, 1993 (adaptado).

Os trechos apresentam divergências conceituais entre autores que sustentam um entendimento segundo o qual a igualdade entre os homens se dá em razão de uma

a) predisposição ao conhecimento.

b) submissão ao transcendente.

c) tradição epistemológica.

d) condição original.

e) vocação política.

 

13. (Enem PPL 2018) A maioria das necessidades comuns de descansar, distrair-se, comportar-se, amar e odiar o que os outros amam e odeiam pertence a essa categoria de falsas necessidades. Tais necessidades têm um conteúdo e uma função determinada por forças externas, sobre as quais o indivíduo não tem controle algum.

MARCUSE, H. A ideologia da sociedade industrial: o homem unidimensional. Rio de Janeiro: Zahar, 1979.

Segundo Marcuse, um dos pesquisadores da chamada Escola de Frankfurt, tais forças externas são resultantes de

a) aspirações de cunho espiritual.

b) propósitos solidários de classes.

c) exposição cibernética crescente.

d) interesses de ordem socioeconômica.

e) hegemonia do discurso médico-científico.

 

14. (Enem 2017) A representação de Demócrito é semelhante à de Anaxágoras, na medida em que um infinitamente múltiplo é a origem; mas nele a determinação dos princípios fundamentais aparece de maneira tal que contém aquilo que para o que foi formado não é, absolutamente, o aspecto simples para si. Por exemplo, partículas de carne e de ouro seriam princípios que, através de sua concentração, formam aquilo que aparece como figura.

HEGEL. G. W. F. Crítica moderna. In: SOUZA, J. C. (Org.). Os pré-socrática: vida e obra. São Paulo: Nova Cultural. 2000 (adaptado).

O texto faz uma apresentação crítica acerca do pensamento de Demócrito, segundo o qual o “princípio constitutivo das coisas” estava representado pelo(a)

a) número, que fundamenta a criação dos deuses.

b) devir, que simboliza o constante movimento dos objetos.

c) água, que expressa a causa material da origem do universo.

d) imobilidade, que sustenta a existência do ser atemporal.

e) átomo, que explica o surgimento dos entes.

 

15. (Enem (Libras) 2017) Alguns pensam que Protágoras de Abdera pertence também ao grupo daqueles que aboliram o critério, uma vez que ele afirma que todas as impressões dos sentidos e todas as opiniões são verdadeiras, e que a verdade é uma coisa relativa, uma vez que tudo o que aparece a alguém ou é opinado por alguém é imediatamente real para essa pessoa.

KERFERD, G. B. O movimento sofista. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado).

O grupo ao qual se associa o pensador mencionado no texto se caracteriza pelo objetivo de

a) alcançar o conhecimento da natureza por meio da experiência.

b) justificar a veracidade das afirmações com fundamentos universais.

c) priorizar a diversidade de entendimentos acerca das coisas.

d) preservar as regras de convivência entre os cidadãos.

e) analisar o princípio do mundo conforme a teogonia.

 

16. (Enem 2017) Uma conversação de tal natureza transforma o ouvinte; o contato de Sócrates paralisa e embaraça; leva a refletir sobre si mesmo, a imprimir à atenção uma direção incomum: os temperamentais, como Alcibíades, sabem que encontrarão junto dele todo o bem de que são capazes, mas fogem porque receiam essa influência poderosa, que os leva a se censurarem. E sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que ele tenta imprimir sua orientação.

BRÉHIER, E. História da filosofia. São Paulo: Mestre Jou, 1977.

O texto evidencia características do modo de vida socrático, que se baseava na

a) contemplação da tradição mítica.

b) sustentação do método dialético.

c) relativização do saber verdadeiro.

d) valorização da argumentação retórica.

e) investigação dos fundamentos da natureza.

 

17. (Enem 2017) Se, pois, para as coisas que fazemos existe um fim que desejamos por ele mesmo e tudo o mais é desejado no interesse desse fim; evidentemente tal fim será o bem, ou antes, o sumo bem. Mas não terá o conhecimento, porventura, grande influência sobre essa vida? Se assim é, esforcemo-nos por determinar, ainda que em linhas gerais apenas, o que seja ele e de qual das ciências ou faculdades constitui o objeto. Ninguém duvidará de que o seu estudo pertença à arte mais prestigiosa e que mais verdadeiramente se pode chamar a arte mestra. Ora, a política mostra ser dessa natureza, pois é ela que determina quais as ciências que devem ser estudadas num Estado, quais são as que cada cidadão deve aprender, e até que ponto; e vemos que até as faculdades tidas em maior apreço, como a estratégia, a economia e a retórica, estão sujeitas a ela. Ora, como a política utiliza as demais ciências e, por outro lado, legisla sobre o que devemos e o que não devemos fazer, a finalidade dessa ciência deve abranger as das outras, de modo que essa finalidade será o bem humano.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. In: Pensadores. São Paulo: Nova Gunman 1991 (adaptado).

Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a organização da pólis pressupõe que

a) o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir seus interesses.

b) o sumo bem é dado pela fé de que os deuses são os portadores da verdade.

c) a política é a ciência que precede todas as demais na organização da cidade.

d) a educação visa formar a consciência de cada pessoa para agir corretamente.

e) a democracia protege as atividades políticas necessárias para o bem comum.

 

18. (Enem PPL 2017) Dado que, dos hábitos racionais com os quais captamos a verdade, alguns são sempre verdadeiros, enquanto outros admitem o falso, como a opinião e o cálculo, enquanto o conhecimento científico e a intuição são sempre verdadeiros, e dado que nenhum outro gênero de conhecimento é mais exato que o conhecimento científico, exceto a intuição, e, por outro lado, os princípios são mais conhecidos que as demonstrações, e dado que todo conhecimento científico constitui-se de maneira argumentativa, não pode haver conhecimento científico dos princípios, e dado que não pode haver nada mais verdadeiro que o conhecimento científico, exceto a intuição, a intuição deve ter por objeto os princípios.

ARISTÓTELES. Segundos analíticos. In: REALE, G. História da filosofia antiga. São Paulo: Loyola, 1994.

Os princípios, base da epistemologia aristotélica, pertencem ao domínio do(a)

a) opinião, pois fazem parte da formação da pessoa.

b) cálculo, pois são demonstrados por argumentos.

c) conhecimento científico, pois admitem provas empíricas.

d) intuição, pois ela é mais exata que o conhecimento científico.

e) prática de hábitos racionais, pois com ela se capta a verdade.

 

19. (Enem PPL 2017) A definição de Aristóteles para enigma é totalmente desligada de qualquer fundo religioso: dizer coisas reais associando coisas impossíveis. Visto que, para Aristóteles, associar coisas impossíveis significa formular uma contradição, sua definição quer dizer que o enigma é uma contradição que designa algo real, em vez de não indicar nada, como é de regra.

COLLI, G. O nascimento da filosofia. Campinas: Unicamp, 1996 (adaptado).

Segundo o texto, Aristóteles inovou a forma de pensar sobre o enigma, ao argumentar que

a) a contradição que caracteriza o enigma é desprovida de relevância filosófica.

b) os enigmas religiosos são contraditórios porque indicam algo religiosamente real.

c) o enigma é uma contradição que diz algo de real e algo de impossível ao mesmo tempo.

d) as coisas impossíveis são enigmáticas e devem ser explicadas em vista de sua origem religiosa.

e) a contradição enuncia coisas impossíveis e irreais, porque ela é desligada de seu fundo religioso.

 

20. (Enem PPL 2017) Jamais, a respeito de coisa alguma, digas: “Eu a perdi”, mas sim: “eu a restituí”. O filho morreu? Foi restituído. A mulher morreu? Foi restituída. “A propriedade me foi subtraída”, então também foi restituída. “Mas quem a subtraiu é mau”. O que te importa por meio de quem aquele que te dá a pede de volta? Na medida em que ele der, faz uso do mesmo modo de quem cuida das coisas de outrem. Do mesmo modo como fazem os que se instalam em uma hospedaria.

EPICTETO. Encheirídion. In: DINUCCI, A. Introdução ao Manual de Epicteto. São Cristóvão: UFS, 2012 (adaptado).

A característica do estoicismo presente nessa citação do filósofo grego Epicteto é

a) explicar o mundo com números.

b) identificar a felicidade com o prazer.

c) aceitar os sofrimentos com serenidade.

d) questionar o saber científico com veemência.

e) considerar as convenções sociais com desprezo.

 

21. (Enem (Libras) 2017) Os filósofos concebem as emoções que se combatem entre si, em nós, como vícios em que os homens caem por erro próprio; é por isso que se habituaram a ridicularizá-los, deplorá-los, reprová-los ou, quando querem parecer mais morais, detestá-los. Concebem os homens, efetivamente, não tais como são, mas como eles próprios gostariam que fossem.

ESPINOSA, B. Tratado político. São Paulo: Abril Cultural, 1973.

No trecho, Espinosa critica a herança filosófica no que diz respeito à idealização de uma

a) estrutura da interpretação fenomenológica.

b) natureza do comportamento humano.

c) dicotomia do conhecimento prático.

d) manifestação do caráter religioso.

e) reprodução do saber tradicional.

 

22. (Enem 2017) Uma pessoa vê-se forçada pela necessidade a pedir dinheiro emprestado. Sabe muito bem que não poderá pagar, mas vê também que não lhe emprestarão nada se não prometer firmemente pagar em prazo determinado. Sente a tentação de fazer a promessa; mas tem ainda consciência bastante para perguntar a si mesma: não é proibido e contrário ao dever livrar-se de apuros desta maneira? Admitindo que se decida a fazê-lo, a sua máxima de ação seria: quando julgo estar em apuros de dinheiro, vou pedi-lo emprestado e prometo pagá-lo, embora saiba que tal nunca sucederá.

KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Abril Cultural, 1980.

De acordo com a moral kantiana, a “falsa promessa de pagamento” representada no texto

a) assegura que a ação seja aceita por todos a partir da livre discussão participativa.

b) garante que os efeitos das ações não destruam a possibilidade da vida futura na terra.

c) opõe-se ao princípio de que toda ação do homem possa valer como norma universal.

d) materializa-se no entendimento de que os fins da ação humana podem justificar os meios.

e) permite que a ação individual produza a mais ampla felicidade para as pessoas envolvidas.

 

23. (Enem 2017) A moralidade, Bentham exortava, não é uma questão de agradar a Deus, muito menos de fidelidade a regras abstratas. A moralidade é a tentativa de criar a maior quantidade de felicidade possível neste mundo. Ao decidir o que fazer, deveríamos, portanto, perguntar qual curso de conduta promoveria a maior quantidade de felicidade para todos aqueles que serão afetados.

RACHELS. J. Os elementos da filosofia moral, Barueri-SP; Manole. 2006.

Os parâmetros da ação indicados no texto estão em conformidade com uma

a) fundamentação científica de viés positivista.

b) convenção social de orientação normativa.

c) transgressão comportamental religiosa.

d) racionalidade de caráter pragmático.

e) inclinação de natureza passional.

 

24. (Enem PPL 2017) A crítica é uma questão de distância certa. O olhar hoje mais essencial, o olho mercantil que penetra no coração das coisas, chama-se propaganda. Esta arrasa o espaço livre da contemplação e aproxima tanto as coisas, coloca-as tão debaixo do nariz quanto o automóvel que sai da tela de cinema e cresce, gigantesco, tremeluzindo em direção a nós. E, do mesmo modo que o cinema não oferece móveis e fachadas a uma observação crítica completa, mas dá apenas a sua espetacular, rígida e repentina proximidade, também a propaganda autêntica transporta as coisas para primeiro plano e tem um ritmo que corresponde ao de um bom filme.

BENJAMIN, W. Rua de mão única: infância berlinense – 1900. Belo Horizonte: Autêntica, 2013 (adaptado).

O texto apresenta um entendimento do filósofo Walter Benjamin, segundo o qual a propaganda dificulta o procedimento de análise crítica em virtude do(a)

a) caráter ilusório das imagens.

b) evolução constante da tecnologia.

c) aspecto efêmero dos acontecimentos.

d) conteúdo objetivo das informações.

e) natureza emancipadora das opiniões.

 

25. (Enem (Libras) 2017) O momento histórico das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa não unicamente o aumento das suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo mecanismo o torna tanto mais obediente quanto é mais útil, e inversamente. Forma-se então uma política das coerções, que são um trabalho sobre o corpo, uma manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos, de seus comportamentos.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1987.

Na perspectiva de Michel Foucault, o processo mencionado resulta em

a) declínio cultural.

b) segregação racial.

c) redução da hierarquia.

d) totalitarismo dos governos.

e) modelagem dos indivíduos.

 

26. (Enem (Libras) 2017) Galileu, que detinha uma verdade científica importante, abjurou-a com a maior facilidade, quando ela lhe pôs a vida em perigo. Em um certo sentido, ele fez bem. Essa verdade valia-lhe a fogueira. Se for a Terra ou o Sol que gira em torno um do outro é algo profundamente irrelevante. Resumindo as coisas, é um problema fútil. Em compensação, vejo que muitas pessoas morrem por achar que a vida não vale a pena ser vivida. Vejo outras que se fazem matar pelas ideias ou ilusões que lhes proporcionam uma razão de viver (o que se chama de razão de viver é, ao mesmo tempo, uma excelente razão de morrer). Julgo, portanto, que o sentido da vida é a questão mais decisiva de todas. E como responder a isso?

CAMUS, A. O mito de Sísifo: ensaio sobre o absurdo. Rio de Janeiro: Record, 2004 (adaptado).

O texto apresenta uma questão fundamental, na perspectiva da filosofia contemporânea, que consiste na reflexão sobre os vínculos entre a realidade concreta e a

a) condição da existência no mundo.

b) abrangência dos valores religiosos.

c) percepção da experiência no tempo.

d) transitoriedade das paixões humanas.

e) insuficiência do conhecimento empírico.

 

27. (Enem (Libras) 2017)

TEXTO I

Aquele que não é capaz de pertencer a uma comunidade ou que dela não tem necessidade, porque se basta a si mesmo, não é em nada parte da cidade, embora seja quer um animal, quer um deus.

ARISTÓTELES. A política. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

 TEXTO II

Nenhuma vida humana, nem mesmo a vida de um eremita em meio à natureza selvagem, é possível sem um mundo que, direta ou indiretamente, testemunhe a presença de outros seres humanos.

ARENDT, H. A condição humana. Rio de Janeiro: Forense, 1995.

Associados a contextos históricos distintos, os fragmentos convergem para uma particularidade do ser humano, caracterizada por uma condição naturalmente propensa à

a) atividade contemplativa.

b) produção econômica.

c) articulação coletiva.

d) criação artística.

e) crença religiosa.

 

28. (Enem 2017) Uma sociedade é uma associação mais ou menos autossuficiente de pessoas que em suas relações mútuas reconhecem certas regras de conduta como obrigatórias e que, na maioria das vezes, agem de acordo com elas. Uma sociedade é bem ordenada não apenas quando está planejada para promover o bem de seus membros, mas quando é também efetivamente regulada por uma concepção pública de justiça. Isto é, trata-se de uma sociedade na qual todos aceitam, e sabem que os outros aceitam, o mesmo princípio de justiça.

RAWLS, J. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes, 1997 (adaptado).

A visão expressa nesse texto do século XX remete a qual aspecto do pensamento moderno?

a) A relação entre liberdade e autonomia do Liberalismo.

b) A independência entre poder e moral do Racionalismo.

c) A convenção entre cidadãos e soberano de Absolutismo.

d) A dialética entre indivíduo e governo autocrata do idealismo.

e) A contraposição entre bondade e condição selvagem do Naturalismo.

 

29. (Enem 2017) O conceito de democracia, no pensamento de Habermas, é construído a partir de uma dimensão procedimental, calcada no discurso e na deliberação. A legitimidade democrática exige que o processo de tomada de decisões políticas ocorra a partir de uma ampla discussão pública, para somente então decidir. Assim, o caráter deliberativo corresponde a um processo coletivo de ponderação e análise, permeado pelo discurso, que antecede a decisão.

VITALE. D. Jürgen Habermas, modernidade e democracia deliberativa. Cadernos do CRH (UFBA), v. 19, 2006 (adaptado).

O conceito de democracia proposto por Jürgen Habermas pode favorecer processos de inclusão social. De acordo com o texto, é uma condição para que isso aconteça o(a)

a) participação direta periódica do cidadão.

b) debate livre e racional entre cidadãos e Estado.

c) interlocução entre os poderes governamentais.

d) eleição de lideranças políticas com mandatos temporários.

e) controle do poder político por cidadãos mais esclarecidos.

 

30. (Enem 2016)

Texto I

Fragmento B91: Não se pode banhar duas vezes no mesmo rio, nem substância mortal alcançar duas vezes a mesma condição; mas pela intensidade e rapidez da mudança, dispersa e de novo reúne.

HERÁCLITO. Fragmentos (Sobre a natureza). São Paulo: Abril Cultural, 1996 (adaptado).

 Texto II

Fragmento B8: São muitos os sinais de que o ser é ingênito e indestrutível, pois é compacto, inabalável e sem fim; não foi nem será, pois é agora um todo homogêneo, uno, contínuo. Como poderia o que é perecer? Como poderia gerar-se?

PARMÊNIDES. Da natureza. São Paulo: Loyola, 2002 (adaptado).

Os fragmentos do pensamento pré-socrático expõem uma oposição que se insere no campo das

a) investigações do pensamento sistemático.

b) preocupações do período mitológico.

c) discussões de base ontológica.

d) habilidades da retórica sofística.

e) verdades do mundo sensível.

 

31. (Enem PPL 2016) Todas as coisas são diferenciações de uma mesma coisa e são a mesma coisa. E isto é evidente. Porque se as coisas que são agora neste mundo – terra, água ar e fogo e as outras coisas que se manifestam neste mundo –, se alguma destas coisas fosse diferente de qualquer outra, diferente em sua natureza própria e se não permanecesse a mesma coisa em suas muitas mudanças e diferenciações, então não poderiam as coisas, de nenhuma maneira, misturar-se umas às outras, nem fazer bem ou mal umas às outras, nem a planta poderia brotar da terra, nem um animal ou qualquer outra coisa vir à existência, se todas as coisas não fossem compostas de modo a serem as mesmas. Todas as coisas nascem, através de diferenciações, de uma mesma coisa, ora em uma forma, ora em outra, retomando sempre a mesma coisa.

DIÓGENES, In: BORNHEIM, G. A. Os filósofos pré-socráticos. São Paulo, Cultrix, 1967.

O texto descreve argumentos dos primeiros pensadores, denominados pré-socráticos. Para eles, a principal preocupação filosófica era de ordem

a) cosmológica, propondo uma explicação racional do mundo fundamentada nos elementos da natureza.

b) política, discutindo as formas de organização da pólis ao estabelecer as regras de democracia.

c) ética, desenvolvendo uma filosofia dos valores virtuosos que tem a felicidade como o bem maior.

d) estética, procurando investigar a aparência dos entes sensíveis.

e) hermenêutica, construindo uma explicação unívoca da realidade.

 

32. (Enem 2ª aplicação 2016) Os andróginos tentaram escalar o céu para combater os deuses. No entanto, os deuses em um primeiro momento pensam em matá-los de forma sumária. Depois decidem puni-los da forma mais cruel: dividem-nos em dois. Por exemplo, é como se pegássemos um ovo cozido e, com uma linha, dividíssemos ao meio. Desta forma, até hoje as metades separadas buscam reunir-se. Cada um com saudade de sua metade, tenta juntar-se novamente a ela, abraçando-se, enlaçando-se um ao outro, desejando formar um único ser.

PLATÃO. O banquete. São Paulo: Nova Cultural, 1987.

No trecho da obra O banquete, Platão explicita, por meio de uma alegoria, o

a) bem supremo como fim do homem.

b) prazer perene como fundamento da felicidade.

c) ideal inteligível como transcendência desejada.

d) amor como falta constituinte do ser humano.

e) autoconhecimento como caminho da verdade.

 

33. (Enem PPL 2016) Estamos, pois, de acordo quando, ao ver algum objeto, dizemos: “Este objeto que estou vendo agora tem tendências para assemelhar-se a um outro ser, mas, por ter defeitos, não consegue ser tal como o ser em questão, e lhe é, pelo contrário, inferior”. Assim, para podermos fazer estas reflexões, é necessário que antes tenhamos tido ocasião de conhecer esse ser de que se aproxima o dito objeto, ainda que imperfeitamente.

PLATÃO, Fédon. São Paulo: Abril Cultural, 1972.

Na epistemologia platônica, conhecer um determinado objeto implica

a) estabelecer semelhanças entre o que é observado em momentos distintos.

b) comparar o objeto observado com uma descrição detalhada dele.

c) descrever corretamente as características do objeto observado.

d) fazer correspondência entre o objeto observado e seu ser.

e) identificar outro exemplar idêntico ao observado.

 

34. (Enem 2ª aplicação 2016) Ninguém delibera sobre coisas que não podem ser de outro modo, nem sobre as que lhe é impossível fazer. Por conseguinte, como o conhecimento científico envolve demonstração, mas não há demonstração de coisas cujos primeiros princípios são variáveis (pois todas elas poderiam ser diferentemente), e como é impossível deliberar sobre coisas que são por necessidade, a sabedoria prática não pode ser ciência, nem arte: nem ciência, porque aquilo que se pode fazer é capaz de ser diferentemente, nem arte, porque o agir e o produzir são duas espécies diferentes de coisa. Resta, pois, a alternativa de ser ela uma capacidade verdadeira e raciocinada de agir com respeito às coisas que são boas ou más para o homem.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Abril Cultural, 1980.

Aristóteles considera a ética como pertencente ao campo do saber prático. Nesse sentido, ela difere-se dos outros saberes porque é caracterizada como

a) conduta definida pela capacidade racional de escolha.

b) capacidade de escolher de acordo com padrões científicos.

c) conhecimento das coisas importantes para a vida do homem.

d) técnica que tem como resultado a produção de boas ações.

e) política estabelecida de acordo com padrões democráticos de deliberação.

 

35. (Enem 2016) Pirro afirmava que nada é nobre nem vergonhoso, justo ou injusto; e que, da mesma maneira, nada existe do ponto de vista da verdade; que os homens agem apenas segundo a lei e o costume, nada sendo mais isto do que aquilo. Ele levou uma vida de acordo com esta doutrina, nada procurando evitar e não se desviando do que quer que fosse, suportando tudo, carroças, por exemplo, precipícios, cães, nada deixando ao arbítrio dos sentidos.

LAÉRCIO, D. Vidas e sentenças dos filósofos ilustres. Brasília: Editora UnB, 1988.

O ceticismo, conforme sugerido no texto, caracteriza-se por:

a) Desprezar quaisquer convenções e obrigações da sociedade.

b) Atingir o verdadeiro prazer como o princípio e o fim da vida feliz.

c) Defender a indiferença e a impossibilidade de obter alguma certeza.

d) Aceitar o determinismo e ocupar-se com a esperança transcendente.

e) Agir de forma virtuosa e sábia a fim de enaltecer o homem bom e belo.

 

36. (Enem PPL 2016) O aparecimento da pólis, situado entre os séculos VIII e VII a.C., constitui, na história do pensamento grego, um acontecimento decisivo. Certamente, no plano intelectual como no domínio das instituições, a vida social e as relações entre os homens tomam uma forma nova, cuja originalidade foi plenamente sentida pelos gregos, manifestando-se no surgimento da filosofia.

VERNANT, J.-P. As origens do pensamento grego. Rio de Janeiro: Difel, 2004 (adaptado).

Segundo Vernant, a filosofia na antiga Grécia foi resultado do(a)

a) constituição do regime democrático.

b) contato dos gregos com outros povos.

c) desenvolvimento no campo das navegações.

d) aparecimento de novas instituições religiosas.

e) surgimento da cidade como organização social.

 

37. (Enem 2ª aplicação 2016) […] O SERVIDOR — Diziam ser filho do rei…

ÉDIPO — Foi ela quem te entregou a criança?

O SERVIDOR — Foi ela, Senhor.

ÉDIPO — Com que intenção?

O SERVIDOR — Para que eu a matasse.

ÉDIPO — Uma mãe! Mulher desgraçada!

O SERVIDOR — Ela tinha medo de um oráculo dos deuses.

ÉDIPO — O que ele anunciava?

O SERVIDOR — Que essa criança um dia mataria seu pai.

ÉDIPO — Mas por que tu a entregaste a este homem?

O SERVIDOR — Tive piedade dela, mestre. Acreditei que ele a levaria ao país de onde vinha. Ele te salvou a vida, mas para os piores males! Se és realmente aquele de quem ele fala, saibas que nasceste marcado pela infelicidade.

ÉDIPO — Oh! Ai de mim! Então no final tudo seria verdade! Ah! Luz do dia, que eu te veja aqui pela última vez, já que hoje me revelo o filho de quem não devia nascer, o esposo de quem não devia ser, o assassino de quem não deveria matar!

SÓFOCLES. Édipo Rei. Porto Alegre: L&PM, 2011.

O trecho da obra de Sófocles, que expressa o núcleo da tragédia grega, revela o(a)

a) condenação eterna dos homens pela prática injustificada do incesto.

b) legalismo estatal ao punir com a prisão perpétua o crime de parricídio.

c) busca pela explicação racional sobre os fatos até então desconhecidos.

d) caráter antropomórfico dos deuses na medida em que imitavam os homens.

e) impossibilidade de o homem fugir do destino predeterminado pelos deuses.

 

38. (Enem PPL 2016) Enquanto o pensamento de Santo Agostinho representa o desenvolvimento de uma filosofia cristã inspirada em Platão, o pensamento de São Tomás reabilita a filosofia de Aristóteles – até então vista sob suspeita pela Igreja –, mostrando ser possível desenvolver uma leitura de Aristóteles compatível com a doutrina cristã. O aristotelismo de São Tomás abriu caminho para o estudo da obra aristotélica e para a legitimação do interesse pelas ciências naturais, um dos principais motivos do interesse por Aristóteles nesse período.

MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2005.

A Igreja Católica por muito tempo impediu a divulgação da obra de Aristóteles pelo fato de a obra aristotélica

a) valorizar a investigação científica, contrariando certos dogmas religiosos.

b) declarar a inexistência de Deus, colocando em dúvida toda a moral religiosa.

c) criticar a Igreja Católica, instigando a criação de outras instituições religiosas.

d) evocar pensamentos de religiões orientais, minando a expansão do cristianismo.

e) contribuir para o desenvolvimento de sentimentos antirreligiosos, seguindo sua teoria política.

 

39. (Enem 2016) Nunca nos tornaremos matemáticos, por exemplo, embora nossa memória possua todas as demonstrações feitas por outros, se nosso espírito não for capaz de resolver toda espécie de problemas; não nos tornaríamos filósofos, por ter lido todos os raciocínios de Platão e Aristóteles, sem poder formular um juízo sólido sobre o que nos é proposto. Assim, de fato, pareceríamos ter aprendido, não ciências, mas histórias.

DESCARTES. R. Regras para a orientação do espírito. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

Em sua busca pelo saber verdadeiro, o autor considera o conhecimento, de modo crítico, como resultado da

a) investigação de natureza empírica.

b) retomada da tradição intelectual.

c) imposição de valores ortodoxos.

d) autonomia do sujeito pensante.

e) liberdade do agente moral.

 

40. (Enem 2ª aplicação 2016) Pode-se admitir que a experiência passada dá somente uma informação direta e segura sobre determinados objetos em determinados períodos do tempo, dos quais ela teve conhecimento. Todavia, é esta a principal questão sobre a qual gostaria de insistir: por que esta experiência tem de ser estendida a tempos futuros e a outros objetos que, pelo que sabemos, unicamente são similares em aparência. O pão que outrora comi alimentou-me, isto é, um corpo dotado de tais qualidades sensíveis estava, a este tempo, dotado de tais poderes desconhecidos. Mas, segue-se daí que este outro pão deve também alimentar-me como ocorreu na outra vez, e que qualidades sensíveis semelhantes devem sempre ser acompanhadas de poderes ocultos semelhantes? A consequência não parece de nenhum modo necessária.

HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995.

O problema descrito no texto tem como consequência a

a) universabilidade do conjunto das proposições de observação.

b) normatividade das teorias científicas que se valem da experiência.

c) Dificuldade de se fundamentar as leis científicas em bases empíricas.

d) inviabilidade de se considerar a experiência na construção da ciência.

e) correspondência entre afirmações singulares e afirmações universais.

 

41. (Enem 2016) Vi os homens sumirem-se numa grande tristeza. Os melhores cansaram-se das suas obras. Proclamou-se uma doutrina e com ela circulou uma crença: Tudo é oco, tudo é igual, tudo passou! O nosso trabalho foi inútil; o nosso vinho tornou-se veneno; o mau olhado amareleceu-nos os campos e os corações. Secamos de todo, e se caísse fogo em cima de nós, as nossas cinzas voariam em pó. Sim; cansamos o próprio fogo. Todas as fontes secaram para nós, e o mar retirou-se. Todos os solos se querem abrir, mas os abismos não nos querem tragar!

NIETZSCHE. F. Assim falou Zaratustra. Rio de Janeiro: Ediouro,1977.

O texto exprime uma construção alegórica, que traduz um entendimento da doutrina niilista, uma vez que

a) reforça a liberdade do cidadão.

b) desvela os valores do cotidiano.

c) exorta as relações de produção.

d) destaca a decadência da cultura.

e) amplifica o sentimento de ansiedade.

 

42. (Enem 2016) Sentimos que toda satisfação de nossos desejos advinda do mundo assemelha-se à esmola que mantém hoje o mendigo vivo, porém prolonga amanhã a sua fome. A resignação, ao contrário, assemelha-se à fortuna herdada: livra o herdeiro para sempre de todas as preocupações.

SCHOPENHAUER, A. Aforismo para a sabedoria da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

O trecho destaca uma ideia remanescente de uma tradição filosófica ocidental, segundo a qual a felicidade se mostra indissociavelmente ligada à

a) a consagração de relacionamentos afetivos.

b) administração da independência interior.

c) fugacidade do conhecimento empírico.

d) liberdade de expressão religiosa.

e) busca de prazeres efêmeros.

 

43. (Enem 2016) Ser ou não ser – eis a questão.

Morrer – dormir – Dormir! Talvez sonhar. Aí está o obstáculo!

Os sonhos que hão de vir no sono da morte

Quando tivermos escapado ao tumulto vital

Nos obrigam a hesitar: e é essa a reflexão

Que dá à desventura uma vida tão longa.

SHAKESPEARE, W. Hamlet. Porto Alegre: L&PM, 2007.

Este solilóquio pode ser considerado um precursor do existencialismo ao enfatizar a tensão entre

a) consciência de si e angústia humana.

b) inevitabilidade do destino e incerteza moral.

c) tragicidade da personagem e ordem do mundo.

d) racionalidade argumentativa e loucura iminente.

e) dependência paterna e impossibilidade de ação.

 

44. (Enem 2016) A promessa da tecnologia moderna se converteu em uma ameaça, ou esta se associou àquela de forma indissolúvel. Ela vai além da constatação da ameaça física. Concebida para a felicidade humana, a submissão da natureza, na sobremedida de seu sucesso, que agora se estende à própria natureza do homem, conduziu ao maior desafio já posto ao ser humano pela sua própria ação. O novo continente da práxis coletiva que adentramos com a alta tecnologia ainda constitui, para a teoria ética, uma terra de ninguém.

JONAS. H. O princípio da responsabilidade. Rio de Janeiro: Contraponto; Editora PUC-Rio, 2011 (adaptado).

As implicações éticas da articulação apresentada no texto impulsionam a necessidade de construção de um novo padrão de comportamento, cujo objetivo consiste em garantir o(a)

a) pragmatismo da escolha individual.

b) sobrevivência de gerações futuras.

c) fortalecimento de políticas liberais.

d) valorização de múltiplas etnias.

e) promoção da inclusão social.

 

45. (Enem PPL 2016)

A figura do inquilino ao qual a personagem da tirinha se refere é o(a)

a) constrangimento por olhares de reprovação.

b) costume importo aos filhos por coação.

c) consciência da obrigação moral.

d) pessoa habitante da mesma casa.

e) temor de possível castigo.

 

46. (Enem 2ª aplicação 2016) Fundamos, como afirmam alguns cientistas, o antropoceno: uma nova era geológica com altíssimo poder de destruição, fruto dos últimos séculos que significaram um transtorno perverso do equilíbrio do sistema-Terra. Como enfrentar esta nova situação nunca ocorrida antes de forma globalizada e profunda? Temos pessoalmente trabalhado os paradigmas da sustentabilidade e do cuidado como relação amigável e cooperativa para com a natureza. Queremos, agora, agregar a ética da responsabilidade.

BOFF, L. Responsabilidade coletiva. Disponível em: http://leonardoboff.wordpress.com.

Acesso em: 14 maio 2013.

A ética da responsabilidade protagonizada pelo filósofo alemão Hans Jonas e reivindicada no texto é expressa pela máxima:

a) “A tua ação possa valer como norma para todos os homens.”

b) “A norma aceita por todos advenha da ação comunicativa e do discurso.”

c) “A tua ação possa produzir a máxima felicidade para a maioria das pessoas.”

d) “O teu agir almeje alcançar determinados fins que possam justificar os meios.”

e) “O efeito de tuas ações não destrua a possibilidade futura da vida das novas gerações.”

 

47. (Enem 2ª aplicação 2016) A justiça e a conformidade ao contrato consistem em algo com que a maioria dos homens parece concordar. Constitui um princípio julgado estender-se até os esconderijos dos ladrões e às confederações dos maiores vilões; até os que se afastaram a tal ponto da própria humanidade conservam entre si a fé e as regras da justiça.

LOCKE, J. Ensaio acerca do entendimento humano.

São Paulo: Nova Cultural, 2000 (adaptado).

De acordo com Locke, até a mais precária coletividade depende de uma noção de justiça, pois tal noção

a) identifica indivíduos despreparados para a vida em comum.

b) contribui com a manutenção da ordem e do equilíbrio social.

c) estabelece um conjunto de regras para a formação da sociedade.

d) determina o que é certo ou errado num contexto de interesses conflitantes.

e) representa os interesses da coletividade, expressos pela vontade da maioria.

 

48. (Enem PPL 2016) A importância do argumento de Hobbes está em parte no fato de que ele se ampara em suposições bastante plausíveis sobre as condições normais da vida humana. Para exemplificar: o argumento não supõe que todos sejam de fato movidos por orgulho e vaidade para buscar o domínio sobre os outros; essa seria uma suposição discutível que possibilitaria a conclusão pretendida por Hobbes, mas de modo fácil demais. O que torna o argumento assustador e lhe atribui importância e força dramática é que ele acredita que pessoas normais, até mesmo as mais agradáveis, podem ser inadvertidamente lançadas nesse tipo de situação, que resvalará, então, em um estado de guerra.

RAWLS, J. Conferências sobre a história da filosofia política. São Paulo: WMF, 2012 (adaptado).

O texto apresenta uma concepção de filosofia política conhecida como

a) alienação ideológica.

b) microfísica do poder.

c) estado de natureza.

d) contrato social.

e) vontade geral.

 

49. (Enem 2ª aplicação 2016)

Texto I

Até aqui expus a natureza do homem (cujo orgulho e outras paixões o obrigaram a submeter-se ao governo), juntamente com o grande poder do seu governante, o qual comparei com o Leviatã, tirando essa comparação dos dois últimos versículos do capítulo 41 de Jó, onde Deus, após ter estabelecido o grande poder do Leviatã, lhe chamou Rei dos Soberbos. Não há nada na Terra, disse ele, que se lhe possa comparar.

HOBBES, T. O Leviatã. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

Texto II

Eu asseguro, tranquilamente, que o governo civil é a solução adequada para as inconveniências do estado de natureza, que devem certamente ser grandes quando os homens podem ser juízes em causa própria, pois é fácil imaginar que um homem tão injusto a ponto de lesar o irmão dificilmente será justo para condenar a si mesmo pela mesma ofensa.

LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo civil. Petrópolis: Vozes, 1994.

Thomas Hobbes e John Locke, importantes teóricos contratualistas, discutiram aspectos ligados à natureza humana e ao Estado. Thomas Hobbes, diferentemente de John Locke, entende o estado de natureza como um(a)

a) condição de guerra de todos contra todos, miséria universal, insegurança e medo da morte violenta.

b) organização pré-social e pré-política em que o homem nasce com os direitos naturais: vida, liberdade, igualdade e propriedade.

c) capricho típico da menoridade, que deve ser eliminado pela exigência moral, para que o homem possa constituir o Estado civil.

d) situação em que os homens nascem como detentores de livre-arbítrio, mas são feridos em sua livre decisão pelo pecado original.

e) estado de felicidade, saúde e liberdade que é destruído pela civilização, que perturba as relações sociais e violenta a humanidade.

 

50. (Enem PPL 2016) Os ricos adquiriram uma obrigação relativamente à coisa pública, uma vez que devem sua existência ao ato de submissão à sua proteção e zelo, o que necessitam para viver; o Estado então fundamenta o seu direito de contribuição do que é deles nessa obrigação, visando a manutenção de seus concidadãos. Isso pode ser realizado pela imposição de um imposto sobre a propriedade ou a atividade comercial dos cidadãos, ou pelo estabelecimento de fundos e de uso dos juros obtidos a partir deles, não para suprir as necessidades do Estado (uma vez que este é rico), mas para suprir as necessidades do povo.

KANT, I. A metafísica dos costumes. Bauru: Edipro, 2003.

Segundo esse texto de Kant, o Estado

a) deve sustentar todas as pessoas que vivem sob seu poder, a fim de que a distribuição seja paritária.

b) está autorizado a cobrar impostos dos cidadãos ricos para suprir as necessidades dos cidadãos pobres.

c) dispõe de poucos recursos e, por esse motivo, é obrigado a cobrar impostos idênticos dos seus membros.

d) delega aos cidadãos o dever de suprir as necessidades do Estado, por causa do seu elevado custo de manutenção.

e) tem a incumbência de proteger os ricos das imposições pecuniárias dos pobres, pois os ricos pagam mais tributos.

 

51. (Enem PPL 2016) A atividade atualmente chamada de ciência tem se mostrado fator importante no desenvolvimento da civilização liberal: serviu para eliminar crenças e práticas supersticiosas, para afastar temores brotados da ignorância e para fornecer base intelectual de avaliação de costumes herdados e de normas tradicionais de conduta.

NAGEL, E. et al. Ciência: natureza e objetivo. São Paulo: Cultrix, 1975 (adaptado).

Quais características permitem conceber a ciência com os aspectos críticos mencionados?

a) Apresentar explicações em uma linguagem determinada e isenta de erros.

b) Possuir proposições que são reconhecidas como inquestionáveis e necessárias.

c) Ser fundamentada em um corpo de conhecimento autoevidente e verdadeiro.

d) Estabelecer rigorosa correspondência entre princípios explicativos e fatos observados.

e) Constituir-se como saber organizado ao permitir classificações deduzidas da realidade.

 

52. (Enem 2016) Hoje, a indústria cultural assumiu a herança civilizatória da democracia de pioneiros e empresários, que tampouco desenvolvera uma fineza de sentido para os desvios espirituais. Todos são livres para dançar e para se divertir, do mesmo modo que, desde a neutralização histórica da religião, são livres para entrar em qualquer uma das inúmeras seitas. Mas a liberdade de escolha da ideologia, que reflete sempre a coerção econômica, revela-se em todos os setores como a liberdade de escolher o que é sempre a mesma coisa.

ADORNO, T HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.

A liberdade de escolha na civilização ocidental, de acordo com a análise do texto, é um(a)

a) legado social.

b) patrimônio político.

c) produto da moralidade.

d) conquista da humanidade.

e) ilusão da contemporaneidade.

 

53. (Enem 2015) A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um.

NIETZSCHE. F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural. 1999

O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os gregos?

a) O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos sensíveis em verdades racionais.

b) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas.

c) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas existentes.

d) A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas.

e) A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o que existe no real.

 

54. (Enem PPL 2015) Ambos prestam serviços corporais para atender às necessidades da vida. A natureza faz o corpo do escravo e do homem livre de forma diferente. O escravo tem corpo forte, adaptado naturalmente ao trabalho servil. Já o homem livre tem corpo ereto, inadequado ao trabalho braçal, porém apto à vida do cidadão.

ARISTÓTELES. Política. Brasília: UnB, 1985.

O trabalho braçal é considerado, na filosofia aristotélica, como

a) indicador da imagem do homem no estado de natureza.

b) condição necessária para a realização da virtude humana.

c) atividade que exige força física e uso limitado da racionalidade.

d) referencial que o homem deve seguir para viver uma vida ativa.

e) mecanismo de aperfeiçoamento do trabalho por meio da experiência.

 

55. (Enem 2015) Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim, é preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja diretamente o devido fim. Com efeito, um navio, que se move para diversos lados pelo impulso dos ventos contrários, não chegaria ao fim de destino, se por indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; ora, tem o homem um fim, para o qual se ordenam toda a sua vida e ação. Acontece, porém, agirem os homens de modos diversos em vista do fim, o que a própria diversidade dos esforços e ações humanas comprova. Portanto, precisa o homem de um dirigente para o fim.

AQUINO. T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do Chipre. Escritos políticos de São Tomás de Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995 (adaptado).

No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a monarquia como o regime de governo capaz de

a) refrear os movimentos religiosos contestatórios.

b) promover a atuação da sociedade civil na vida política.

c) unir a sociedade tendo em vista a realização do bem comum.

d) reformar a religião por meio do retorno à tradição helenística.

e) dissociar a relação política entre os poderes temporal e espiritual.

 

56. (Enem PPL 2015) Se os nossos adversários, que admitem a existência de uma natureza não criada por Deus, o Sumo Bem, quisessem admitir que essas considerações estão certas, deixariam de proferir tantas blasfêmias, como a de atribuir a Deus tanto a autoria dos bens quanto dos males. Pois sendo Ele fonte suprema da Bondade, nunca poderia ter criado aquilo que é contrário à sua natureza.

AGOSTINHO. A natureza do Bem. Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2005 (adaptado).

Para Agostinho, não se deve atribuir a Deus a origem do mal porque

a) o surgimento do mal é anterior à existência de Deus.

b) o mal, enquanto princípio ontológico, independe de Deus.

c) Deus apenas transforma a matéria, que é, por natureza, má.

d) por ser bom, Deus não pode criar o que lhe é oposto, o mal.

e) Deus se limita a administrar a dialética existente entre o bem e o mal.

 

57. (Enem PPL 2015)

TEXTO I

Não é possível passar das trevas da ignorância para a luz da ciência a não ser lendo, com um amor sempre mais vivo, as obras dos Antigos. Ladrem os cães, grunhem os porcos! Nem por isso deixarei de ser um seguidor dos Antigos. Para eles irão todos os meus cuidados e, todos os dias, a aurora me encontrará entregue ao seu estudo.

BLOIS, P. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média:

texto e testemunhas. São Paulo: Unesp, 2000.

 TEXTO II

A nossa geração tem arraigado o defeito de recusar admitir tudo o que parece vir dos modernos. Por isso, quando descubro uma ideia pessoal e quero torná-la pública, atribuo-a a outrem e declaro: – Foi fulano de tal que o disse, não sou eu. E para que acreditem totalmente nas minhas opiniões, digo: – O inventor foi fulano de tal, não sou eu.

BATH, A. Apud PEDRERO SÁNCHEZ, M. G. História da Idade Média: texto e testemunhas.

São Paulo: Unesp, 2000.

Nos textos são apresentados pontos de vista distintos sobre as mudanças culturais ocorridas no século XII no Ocidente. Comparando os textos, os autores discutem o(a)

a) produção do conhecimento face à manutenção dos argumentos de autoridade da Igreja.

b) caráter dinâmico do pensamento laico frente à estagnação dos estudos religiosos.

c) surgimento do pensamento científico em oposição à tradição teológica cristã.

d) desenvolvimento do racionalismo crítico ao opor fé e razão.

e) construção de um saber teológico científico.

 

58. (Enem PPL 2015) Após ter examinado cuidadosamente todas as coisas, cumpre enfim concluir e ter por constante que esta proposição, eu sou, eu existo, é necessariamente verdadeira todas as vezes que a enuncio ou que a concebo em meu espírito.

DESCARTES, R. Meditações. Pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

A proposição “eu sou, eu existo” corresponde a um dos momentos mais importantes na ruptura da filosofia do século XVII com os padrões da reflexão medieval, por

a) estabelecer o ceticismo como opção legítima.

b) utilizar silogismos linguísticos como prova ontológica.

c) inaugurar a posição teórica conhecida como empirismo.

d) estabelecer um princípio indubitável para o conhecimento.

e) Questionar a relação entre a filosofia e o tema da existência de Deus.

 

59. (Enem 2015) Todo o poder criativo da mente se reduz a nada mais do que a faculdade de compor, transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos fornecem os sentidos e a experiência. Quando pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos mais do que juntar duas ideias consistentes, ouro e montanha, que já conhecíamos. Podemos conceber um cavalo virtuoso, porque somos capazes de conceber a virtude a partir de nossos próprios sentimentos, e podemos unir a isso a figura e a forma de um cavalo, animal que nos é familiar.

HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995.

Hume estabelece um vínculo entre pensamento e impressão ao considerar que

a) os conteúdos das ideias no intelecto têm origem na sensação.

b) o espírito é capaz de classificar os dados da percepção sensível.

c) as ideias fracas resultam de experiências sensoriais determinadas pelo acaso.

d) os sentimentos ordenam como os pensamentos devem ser processados na memória.

e) as ideias têm como fonte específica o sentimento cujos dados são colhidos na empiria.

 

60. (Enem 2015) A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito, que, embora por vezes se encontre um homem manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se considera tudo isto em conjunto, a diferença entre um e outro homem não é suficientemente considerável para que um deles possa com base nela reclamar algum benefício a que outro não possa igualmente aspirar.

HOBBES, T. Leviatã. São Paulo Martins Fontes, 2003

Para Hobbes, antes da constituição da sociedade civil, quando dois homens desejavam o mesmo objeto, eles

a) entravam em conflito.

b) recorriam aos clérigos.

c) consultavam os anciãos.

d) apelavam aos governantes.

e) exerciam a solidariedade.

 

61. (Enem PPL 2015) A pura lealdade na amizade, embora até o presente não tenha existido nenhum amigo leal, é imposta a todo homem, essencialmente, pelo fato de tal dever estar implicado como dever em geral, anteriormente a toda experiência, na ideia de uma razão que determina a vontade segundo princípios a priori.

KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Barcarolla, 2009.

A passagem citada expõe um pensamento caracterizado pela

a) eficácia prática da razão empírica.

b) transvaloração dos valores judaico-cristãos.

c) recusa em fundamentar a moral pela experiência.

d) comparação da ética a uma ciência de rigor matemático.

e) importância dos valores democráticos nas relações de amizade.

 

62. (Enem PPL 2015) O filósofo Augusto Comte (1798-1857) preenche sua doutrina com uma imagem do progresso social na qual se conjugam ciência e política: a ação política deve assumir o aspecto de uma ação científica e a política deve ser estudada de maneira científica (a física social). Desde que a Revolução Francesa favoreceu a integração do povo na vida social, o positivismo obstina-se no programa de uma comunidade pacífica. E o Estado, instituição do “reino absoluto da lei”, é a garantia da ordem que impede o retorno potencial das revoluções e engendra o progresso.

RUBY, C. Introdução à filosofia política. São Paulo: Unesp, 1998 (adaptado).

A característica do Estado positivo que lhe permite garantir não só a ordem, como também o desejado progresso das nações, é ser

a) espaço coletivo, onde as carências e desejos da população se realizam por meio das leis.

b) produto científico da física social, transcendendo e transformando as exigências da realidade.

c) elemento unificador, organizando e reprimindo, se necessário, as ações dos membros da comunidade.

d) programa necessário, tal como a Revolução Francesa, devendo portanto se manter aberto a novas insurreições.

e) agente repressor, tendo um papel importante a cada revolução, por impor pelo menos um curto período de ordem.

 

63. (Enem PPL 2015)

TEXTO I

A melhor banda de todos os tempos da última semana

O melhor disco brasileiro de música americana

O melhor disco dos últimos anos de sucessos do passado

O maior sucesso de todos os tempos entre os dez maiores fracassos

Não importa contradição

O que importa é televisão

Dizem que não há nada que você não se acostume

Cala a boca e aumenta o volume então.

 

MELLO, B.; BRITTO, S. A melhor banda de todos os tempos da última semana.

São Paulo: Abril Music, 2001 (fragmento).

 TEXTO II

O fetichismo na música e a regressão da audição

Aldous Huxley levantou em um de seus ensaios a seguinte pergunta: quem ainda se diverte realmente hoje num lugar de diversão? Com o mesmo direito poder-se-ia perguntar: para quem a música de entretenimento serve ainda como entretenimento? Ao invés de entreter, parece que tal música contribui ainda mais para o emudecimento dos homens, para a morte da linguagem como expressão, para a incapacidade de comunicação.

ADORNO, T. Textos escolhidos. São Paulo: Nova Cultural, 1999.

A aproximação entre a letra da canção e a crítica de Adorno indica o(a)

a) lado efêmero e restritivo da indústria cultural.

b) baixa renovação da indústria de entretenimento.

c) influência da música americana na cultura brasileira.

d) fusão entre elementos da indústria cultural e da cultura popular.

e) declínio da forma musical em prol de outros meios de entretenimento.

 

64. (Enem PPL 2015) Na sociedade democrática, as opiniões de cada um não são fortalezas ou castelos para que neles nos encerremos como forma de autoafirmação pessoal. Não só temos de ser capazes de exercer a razão em nossas argumentações, como também devemos desenvolver a capacidade de ser convencidos pelas melhores razões. A partir dessa perspectiva, a verdade buscada é sempre um resultado, não ponto de partida: e essa busca inclui a conversação entre iguais, a polêmica, o debate, a controvérsia.

SAVATER, F. As perguntas da vida. São Paulo: Martins Fontes, 2001 (adaptado).

A ideia de democracia presente no texto, baseada na concepção de Habermas acerca do discurso, defende que a verdade é um(a)

a) alvo objetivo alcançável por cada pessoa, como agente racional autônomo.

b) critério acima dos homens, de acordo com o qual podemos julgar quais opiniões são as melhores.

c) construção da atividade racional de comunicação entre os indivíduos, cujo resultado é um consenso.

d) produto da razão, que todo indivíduo traz latente educativo.

e) resultado que se encontra mais desenvolvido nos espíritos elevados, a quem cabe a tarefa de convencer os outros.

 

65. (Enem 2015) Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus amigos presumiam que a justiça era algo real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas acreditavam no certo e no errado apenas por terem sido ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No entanto, essas regras não passavam de invenções humanas.

RACHELS. J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009.

O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálogo A República, de Platão, sustentava que a correlação entre justiça e ética é resultado de

a) determinações biológicas impregnadas na natureza humana.

b) verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais.

c) mandamentos divinos inquestionáveis legados das tradições antigas.

d) convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes.

e) sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes humanas.

 

66. (Enem PPL 2015) Suponha homens numa morada subterrânea, em forma de caverna, cuja entrada, aberta à luz, se estende sobre todo o comprimento da fachada; eles estão lá desde a infância, as pernas e o pescoço presos por correntes, de tal sorte que não podem trocar de lugar e só podem olhar para frente, pois os grilhões os impedem de voltar a cabeça; a luz de uma fogueira acesa ao longe, numa elevada do terreno, brilha por detrás deles; entre a fogueira e os prisioneiros, há um caminho ascendente; ao longo do caminho, imagine um pequeno muro, semelhante aos tapumes que os manipuladores de marionetes armam entre eles e o público e sobre os quais exibem seus prestígios.

PLATÃO. A República. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2007.

Essa narrativa de Platão é uma importante manifestação cultural do pensamento grego antigo, cuja ideia central, do ponto de vista filosófico, evidencia o(a)

a) caráter antropológico, descrevendo as origens do homem primitivo.

b) sistema penal da época, criticando o sistema carcerário da sociedade ateniense.

c) vida cultural e artística, expressa por dramaturgos trágicos e cômicos gregos.

d) sistema político elitista, provindo do surgimento da pólis e da democracia ateniense.

e) teoria do conhecimento, expondo a passagem do mundo ilusório para o mundo das ideias.

 

67. (Enem 2014)

No centro da imagem, o filósofo Platão é retratado apontando para o alto. Esse gesto significa que o conhecimento se encontra em uma instância na qual o homem descobre a

a) suspensão do juízo como reveladora da verdade.

b) realidade inteligível por meio do método dialético.

c) salvação da condição mortal pelo poder de Deus.

d) essência das coisas sensíveis no intelecto divino.

e) ordem intrínseca ao mundo por meio da sensibilidade.

 

68. (Enem PPL 2014) Ao falar do caráter de um homem não dizemos que ele é sábio ou que possui entendimento, mas que é calmo ou temperante. No entanto, louvamos também o sábio, referindo-se ao hábito; e aos hábitos dignos de louvor chamamos virtude.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova CuIturaI, 1973.

Em Aristóteles, o conceito de virtude ética expressa a

a) excelência de atividades praticadas em consonância com o bem comum.

b) concretização utilitária de ações que revelam a manifestação de propósitos privados.

c) concordância das ações humanas aos preceitos emanados da divindade.

d) realização de ações que permitem a configuração da paz

e) manifestação de ações estéticas, coroadas de adorno e beleza.

 

69. (Enem 2014) Alguns dos desejos são naturais e necessários; outros, naturais e não necessários; outros, nem naturais nem necessários, mas nascidos de vã opinião. Os desejos que não nos trazem dor se não satisfeitos não são necessários, mas o seu impulso pode ser facilmente desfeito, quando é difícil obter sua satisfação ou parecem geradores de dano.

EPICURO DE SAMOS. “Doutrinas principais”. In: SANSON, V. F. Textos de filosofia. Rio de Janeiro: Eduff, 1974.

No fragmento da obra filosófica de Epicuro, o homem tem como fim

a) alcançar o prazer moderado e a felicidade.

b) valorizar os deveres e as obrigações sociais.

c) aceitar o sofrimento e o rigorismo da vida com resignação.

d) refletir sobre os valores e as normas dadas pela divindade.

e) defender a indiferença e a impossibilidade de se atingir o saber.

 

70. (Enem 2014) A filosofia encontra-se escrita neste grande livro que continuamente se abre perante nossos olhos (isto é, o universo), que não se pode compreender antes de entender a língua e conhecer os caracteres com os quais está escrito. Ele está escrito em língua matemática, os caracteres são triângulos, circunferências e outras figuras geométricas, sem cujos meios é impossível entender humanamente as palavras; sem eles, vagamos perdidos dentro de um obscuro labirinto.

GALILEI, G. “O ensaiador”. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1978.

No contexto da Revolução Científica do século XVII, assumir a posição de Galileu significava defender a

a) continuidade do vínculo entre ciência e fé dominante na Idade Média.

b) necessidade de o estudo linguístico ser acompanhado do exame matemático.

c) oposição da nova física quantitativa aos pressupostos da filosofia escolástica.

d) importância da independência da investigação científica pretendida pela Igreja.

e) inadequação da matemática para elaborar uma explicação racional da natureza.

 

71. (Enem 2014) É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida.

SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).

Apesar de questionar os conceitos da tradição, a dúvida radical da filosofia cartesiana tem caráter positivo por contribuir para o(a)

a) dissolução do saber científico.

b) recuperação dos antigos juízos.

c) exaltação do pensamento clássico.

d) surgimento do conhecimento inabalável.

e) fortalecimento dos preconceitos religiosos.

 

72. (Enem 2014) Uma norma só deve pretender validez quando todos os que possam ser concernidos por ela cheguem (ou possam chegar), enquanto participantes de um discurso prático, a um acordo quanto à validade dessa norma.

HABERMAS, J. Consciência moral e agir comunicativo. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1989.

Segundo Habermas, a validez de uma norma deve ser estabelecida pelo(a)

a) liberdade humana, que consagra a vontade.

b) razão comunicativa, que requer um consenso.

c) conhecimento filosófico, que expressa a verdade.

d) técnica científica, que aumenta o poder do homem.

e) poder político, que se concentra no sistema partidário.

 

73. (Enem 2014) Panayiotis Zavos “quebrou” o último tabu da clonagem humana – transferiu embriões para o útero de mulheres, que os gerariam. Esse procedimento é crime em inúmeros países. Aparentemente, o médico possuía um laboratório secreto, no qual fazia seus experimentos. “Não tenho nenhuma dúvida de que uma criança clonada irá aparecer em breve. Posso não ser eu o médico que irá criá-la, mas vai acontecer”, declarou Zavos. “Se nos esforçarmos, podemos ter um bebê clonado daqui a um ano, ou dois, mas não sei se é o caso. Não sofremos pressão para entregar um bebê clonado ao mundo. Sofremos pressão para entregar um bebê clonado saudável ao mundo.”

CONNOR, S. Disponível em: http://www.independent.co.uk. Acesso em: 14 ago. 2012 (adaptado).

A clonagem humana é um importante assunto de reflexão no campo da bioética que, entre outras questões, dedica-se a

a) refletir sobre as relações entre o conhecimento da vida e os valores éticos do homem.

b) legitimar o predomínio da espécie humana sobre as demais espécies animais no planeta.

c) relativizar, no caso da clonagem humana, o uso dos valores de certo e errado, de bem e mal.

d) legalizar, pelo uso das técnicas de clonagem, os processos de reprodução humana e animal.

e) fundamentar técnica e economicamente as pesquisas sobre células-tronco para uso em seres humanos.

 

74. (Enem PPL 2014) Sendo os homens, por natureza, todos livres, iguais e independentes, ninguém pode ser expulso de sua propriedade e submetido ao poder político de outrem sem dar consentimento. A maneira única em virtude da qual uma pessoa qualquer renuncia à liberdade natural e se reveste dos laços da sociedade civil consiste em concordar com outras pessoas em juntar-se e unir-se em comunidade para viverem com segurança, conforto e paz umas com as outras, gozando garantidamente das propriedades que tiverem e desfrutando de maior proteção contra quem quer que não faça parte dela.

LOCKE, J. Segundo tratado sobre o governo civil. Os pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1978.

Segundo a Teoria da Formação do Estado, de John Locke, para viver em sociedade, cada cidadão deve

a) manter a liberdade do estado de natureza, direito inalienável.

b) abrir mão de seus direitos individuais em prol do bem comum.

c) abdicar de sua propriedade e submeter-se ao poder do mais forte.

d) concordar com as normas estabelecidas para a vida em sociedade.

e) renunciar à posse jurídica de seus bens, mas não à sua independência.

 

75. (Enem PPL 2014) A justiça é a primeira virtude das instituições sociais, como a verdade o é dos sistemas de pensamento. Cada pessoa possui uma inviolabilidade fundada na justiça que nem mesmo o bem-estar da sociedade como um todo pode ignorar. Por essa razão, a justiça nega que a perda de liberdade de alguns se justifique por um bem maior partilhado por todos.

HAWLS, J. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes, 2000 (adaptado).

O filósofo afirma que a ideia de justiça atua como um importante fundamento da organização social e aponta como seu elemento de ação e funcionamento

a) povo.

b) Estado.

c) governo.

d) indivíduo.

e) magistrado.

 

76. (Enem PPL 2013) O termo injusto se aplica tanto às pessoas que infringem a lei quanto às pessoas ambiciosas (no sentido de quererem mais do que aquilo a que têm direito) e iníquas, de tal forma que as cumpridoras da lei e as pessoas corretas serão justas. O justo, então, é aquilo conforme à lei e o injusto é o ilegal e iníquo.

ARISTÓTELES. Ética à Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural: 1996 (adaptado).

Segundo Aristóteles, pode-se reconhecer uma ação justa quando ela observa o

a) compromisso com os movimentos desvinculados da legalidade.

b) benefício para o maior número possível de indivíduos.

c) interesse para a classe social do agente da ação.

d) fundamento na categoria de progresso histórico.

e) princípio de dar a cada um o que lhe é devido.

 

77. (Enem 2013) A felicidade é portanto, a melhor, a mais nobre e a mais aprazível coisa do mundo, e esses atributos não devem estar separados como na inscrição existente em Delfos “das coisas, a mais nobre é a mais justa, e a melhor é a saúde; porém a mais doce é ter o que amamos”. Todos estes atributos estão presentes nas mais excelentes atividades, e entre essas a melhor, nós a identificamos como felicidade.

ARISTÓTELES. A Política. São Paulo: Cia. das Letras, 2010.

Ao reconhecer na felicidade a reunião dos mais excelentes atributos, Aristóteles a identifica como

a) busca por bens materiais e títulos de nobreza.

b) plenitude espiritual a ascese pessoal.

c) finalidade das ações e condutas humanas.

d) conhecimento de verdades imutáveis e perfeitas.

e) expressão do sucesso individual e reconhecimento público.

 

78. (Enem PPL 2013)

TEXTO I

 O Heliocentrismo não é o “meu sistema”, mas a Ordem de Deus.

COPÉRNICO, N. As revoluções dos orbes celestes [1543]. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1984.

 TEXTO II

 Não vejo nenhum motivo para que as ideias expostas neste livro (A origem das espécies) se choquem com as ideias religiosas.

DARWIN, C. A origem das espécies [1859]. São Paulo: Escala, 2009.

Os textos expressam a visão de dois pensadores — Copérnico e Darwin — sobre a questão religiosa e suas relações com a ciência, no contexto histórico de construção e consolidação da Modernidade. A comparação entre essas visões expressa, respectivamente:

a) Articulação entre ciência e fé — pensamento científico independente.

b) Poder secular acima do poder religioso — defesa dos dogmas católicos.

c) Ciência como área autônoma do saber — razão humana submetida à fé.

d) Moral católica acima da protestante — subordinação da ciência à religião.

e) Autonomia do pensamento religioso — fomento à fé por meio da ciência.

 

79. (Enem 2013) Os produtos e seu consumo constituem a meta declarada do empreendimento tecnológico. Essa meta foi proposta pela primeira vez no início da Modernidade, como expectativa de que o homem poderia dominar a natureza. No entanto, essa expectativa, convertida em programa anunciado por pensadores como Descartes e Bacon e impulsionado pelo Iluminismo, não surgiu “de um prazer de poder”, “de um mero imperialismo humano”, mas da aspiração de libertar o homem e de enriquecer sua vida, física e culturalmente.

CUPANI, A. A tecnologia como problema filosófico: três enfoques, Scientiae Studia. São Paulo, v. 2, n. 4, 2004 (adaptado).

Autores da filosofia moderna, notadamente Descartes e Bacon, e o projeto iluminista concebem a ciência como uma forma de saber que almeja libertar o homem das intempéries da natureza. Nesse contexto, a investigação científica consiste em

a) expor a essência da verdade e resolver definitivamente as disputas teóricas ainda existentes.

b) oferecer a última palavra acerca das coisas que existem e ocupar o lugar que outrora foi da filosofia.

c) ser a expressão da razão e servir de modelo para outras áreas do saber que almejam o progresso.

d) explicitar as leis gerais que permitem interpretar a natureza e eliminar os discursos éticos e religiosos.

e) explicar a dinâmica presente entre os fenômenos naturais e impor limites aos debates acadêmicos.

 

80. (Enem 2013)

TEXTO I

Há já de algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente a fim de estabelecer um saber firme e inabalável.

DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado).

TEXTO II

É de caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida.

SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado).

A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que, para viabilizar a reconstrução radical do conhecimento, deve-se

a) retomar o método da tradição para edificar a ciência com legitimidade.

b) questionar de forma ampla e profunda as antigas ideias e concepções.

c) investigar os conteúdos da consciência dos homens menos esclarecidos.

d) buscar uma via para eliminar da memória saberes antigos e ultrapassados.

e) encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser questionados.

 

81. (Enem 2013) Nasce daqui uma questão: se vale mais ser amado que temido ou temido que amado. Responde-se que ambas as coisas seriam de desejar; mas porque é difícil juntá-las, é muito mais seguro ser temido que amado, quando haja de faltar uma das duas. Porque dos homens se pode dizer, duma maneira geral, que são ingratos, volúveis, simuladores, covardes e ávidos de lucro, e enquanto lhes fazes bem são inteiramente teus, oferecem-te o sangue, os bens, a vida e os filhos, quando, como acima disse, o perigo está longe; mas quando ele chega, revoltam-se.

MAQUIAVEL, N. O príncipe. Rio de Janeiro: Bertrand, 1991.

A partir da análise histórica do comportamento humano em suas relações sociais e políticas, Maquiavel define o homem como um ser

a) munido de virtude, com disposição nata a praticar o bem a si e aos outros.

b) possuidor de fortuna, valendo-se de riquezas para alcançar êxito na política.

c) guiado por interesses, de modo que suas ações são imprevisíveis e inconstantes.

d) naturalmente racional, vivendo em um estado pré-social e portando seus direitos naturais.

e) sociável por natureza, mantendo relações pacíficas com seus pares.

 

82. (Enem PPL 2013) O contrário de um fato qualquer é sempre possível, pois, além de jamais implicar uma contradição, o espírito o concebe com a mesma facilidade e distinção como se ele estivesse em completo acordo com a realidade. Que o Sol não nascerá amanhã é tão inteligível e não implica mais contradição do que a afirmação de que ele nascerá. Podemos em vão, todavia, tentar demonstrar sua falsidade de maneira absolutamente precisa. Se ela fosse demonstrativamente falsa, implicaria uma contradição e o espírito nunca poderia concebê-la distintamente, assim como não pode conceber que seja diferente de

HUME, D. Investigação acerca do entendimento humano. São Paulo: Nova Cultural, 1999 (adaptado).

O filósofo escocês David Hume refere-se a fatos, ou seja, a eventos espaço-temporais, que acontecem no mundo. Com relação ao conhecimento referente a tais eventos, Hume considera que os fenômenos

a) acontecem de forma inquestionável, ao serem apreensíveis pela razão humana.

b) ocorrem de maneira necessária, permitindo um saber próximo ao de estilo matemático.

c) propiciam segurança ao observador, por se basearem em dados que os tornam incontestáveis.

d) devem ter seus resultados previstos por duas modalidades de provas, com conclusões idênticas.

e) exigem previsões obtidas por raciocínio, distinto do conhecimento baseado em cálculo abstrato.

 

83. (Enem 2013) Para que não haja abuso, é preciso organizar as coisas de maneira que o poder seja contido pelo poder. Tudo estaria perdido se o mesmo homem ou o mesmo corpo dos principais, ou dos nobres, ou do povo, exercesse esses três poderes: o de fazer leis, o de executar as resoluções públicas e o de julgar os crimes ou as divergências dos indivíduos. Assim, criam-se os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, atuando de forma independente para a efetivação da liberdade, sendo que esta não existe se uma pessoa ou grupo exercer os referidos poderes concomitantemente.

MONTESQUIEU, B. Do espírito das leis. São Paulo: Abril Cultural, 1979 (adaptado).

A divisão e a independência entre os poderes são condições necessárias para que possa haver liberdade em um Estado. Isso pode ocorrer apenas sob um modelo político em que haja

a) exercício de tutela sobre atividades jurídicas e políticas.

b) consagração do poder político pela autoridade religiosa.

c) concentração do poder nas mãos de elites técnico-científicas.

d) estabelecimento de limites aos atores públicos e às instituições do governo.

e) reunião das funções de legislar, julgar e executar nas mãos de um governante eleito.

 

84. (Enem 2013) Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; porém todas as tentativas para descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento.

KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste-Gulbenkian, 1994 (adaptado).

O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido como revolução copernicana na filosofia. Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que

a) assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do conhecimento.

b) defendem que o conhecimento é impossível, restando-nos somente o ceticismo.

c) revelam a relação de interdependência entre os dados da experiência e a reflexão filosófica.

d) apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia das ideias em relação aos objetos.

e) refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso conhecimento e são ambas recusadas por Kant.

 

85. (Enem 2013) O edifício é circular. Os apartamentos dos prisioneiros ocupam a circunferência. Você pode chamá-los, se quiser, de celas. O apartamento do inspetor ocupa o centro; você pode chamá-lo, se quiser, de alojamento do inspetor. A moral reformada; a saúde preservada; a indústria revigorada; a instrução difundida; os encargos públicos aliviados; a economia assentada, como deve ser, sobre uma rocha; o nó górdio da Lei sobre os Pobres não cortado, mas desfeito — tudo por uma simples ideia de arquitetura!

BENTHAM, J. O panóptico. Belo Horizonte: Autêntica, 2008.

Essa é a proposta de um sistema conhecido como panóptico, um modelo que mostra o poder da disciplina nas sociedades contemporâneas, exercido preferencialmente por mecanismos

a) religiosos, que se constituem como um olho divino controlador que tudo vê.

b) ideológicos, que estabelecem limites pela alienação, impedindo a visão da dominação sofrida.

c) repressivos, que perpetuam as relações de dominação entre os homens por meio da tortura física.

d) sutis, que adestram os corpos no espaço-tempo por meio do olhar como instrumento de controle.

e) consensuais, que pactuam acordos com base na compreensão dos benefícios gerais de se ter as próprias ações controladas.

 

86. (Enem PPL 2013) Hobbes realiza o esforço supremo de atribuir ao contrato uma soberania absoluta e indivisível. Ensina que, por um único e mesmo ato, os homens naturais constituem-se em sociedade política e submetem-se a um senhor, a um soberano. Não firmam contrato com esse senhor, mas entre si. É entre si que renunciam, em proveito desse senhor, a todo o direito e toda liberdade nocivos à paz.

CHEVALLIER, J. J. As grandes obras políticas de Maquiavel a nossos dias. Rio de Janeiro: Agir, 1995 (adaptado).

A proposta de organização da sociedade apresentada no texto encontra-se fundamentada na

a) imposição das leis e na respeitabilidade ao soberano.

b) abdicação dos interesses individuais e na legitimidade do governo.

c) alteração dos direitos civis e na representatividade do monarca.

d) cooperação dos súditos e na legalidade do poder democrático.

e) mobilização do povo e na autoridade do parlamento.

 

87. (Enem PPL 2013) Mas, sendo minha intenção escrever algo de útil para quem por tal se interesse, pareceu-me mais conveniente ir em busca da verdade extraída dos fatos e não à imaginação dos mesmos, pois muitos conceberam repúblicas e principados jamais vistos ou conhecidos como tendo realmente existido.

MAQUIAVEL, N. O príncipe. Disponível em: http://www.culturabrasil.pro.br. Acesso em: 4 abr. 2013.

A partir do texto, é possível perceber a crítica maquiaveliana à filosofia política de Platão, pois há nesta a

a) elaboração de um ordenamento político com fundamento na bondade infinita de Deus.

b) explicitação dos acontecimentos políticos do período clássico de forma imparcial.

c) utilização da oratória política como meio de convencer os oponentes na ágora.

d) investigação das constituições políticas de Atenas pelo método indutivo.

e) idealização de um mundo político perfeito existente no mundo das ideias.

 

88. (Enem PPL 2013) A substância é um Ser capaz de Ação. Ela é simples ou composta. A substância simples é aquela que não tem partes. O composto é a reunião das substâncias simples ou Mônadas. Monas é uma palavra grega que significa unidade ou o que é uno. Os compostos ou os corpos são Multiplicidades, e as Substâncias simples, as Vidas, as Almas, os Espíritos são unidades. É preciso que em toda parte haja substâncias simples porque sem as simples não haveria as compostas, nem movimento. Por conseguinte, toda natureza está plena de vida.

LEIBNIZ, G. W. Discurso de metafísicas e outros textos. São Paulo: Matins Fontes, 2004 (adaptado).

Dentre suas diversas reflexões, Leibniz voltou sua atenção para o tema da metafísica, que trata basicamente do fundamento de realidade das coisas do mundo. A busca por esse fundamento muitas vezes é resumida a partir do conceito de substância, que para ele se refere a algo que é

a) complexo por natureza, constituindo a unidade mínima do cosmo.

b) estabilizador da realidade, dada a exigência de permanência desta.

c) desdobrado no composto, em vez de gerá-lo unindo-se a outras substâncias simples.

d) considerado simples e múltiplo a um só tempo, por ser um todo indecomponível constituído de partes.

e) essencial na estrutura do que existe no mundo, sem deixar de contribuir para o movimento.

 

89. (Enem 2013) Quando ninguém duvida da existência de um outro mundo, a morte é uma passagem que deve ser celebrada entre parentes e vizinhos. O homem da Idade Média tem a convicção de não desaparecer completamente, esperando a ressurreição. Pois nada se detém e tudo continua na eternidade. A perda contemporânea do sentimento religioso fez da morte uma provação aterrorizante, um trampolim para as trevas e o desconhecido.

DUBY, G. Ano 1000 ano 2000 na pista dos nossos medos. São Paulo: Unesp, 1998 (adaptado).

Ao comparar as maneiras com que as sociedades têm lidado com a morte, o autor considera que houve um processo de

a) mercantilização das crenças religiosas.

b) transformação das representações sociais.

c) disseminação do ateísmo nos países de maioria cristã.

d) diminuição da distância entre saber científico e eclesiástico.

e) amadurecimento da consciência ligada à civilização moderna.

 

90. (Enem 2012)

TEXTO I

 Anaxímenes de Mileto disse que o ar é o elemento originário de tudo o que existe, existiu e existirá, e que outras coisas provêm de sua descendência. Quando o ar se dilata, transforma-se em fogo, ao passo que os ventos são ar condensado. As nuvens formam-se a partir do ar por feltragem e, ainda mais condensadas, transformam-se em água. A água, quando mais condensada, transforma-se em terra, e quando condensada ao máximo possível, transforma-se em pedras.

BURNET, J. A aurora da filosofia grega. Rio de Janeiro: PUC-Rio, 2006 (adaptado).

TEXTO II

Basílio Magno, filósofo medieval, escreveu: “Deus, como criador de todas as coisas, está no princípio do mundo e dos tempos. Quão parcas de conteúdo se nos apresentam, em face desta concepção, as especulações contraditórias dos filósofos, para os quais o mundo se origina, ou de algum dos quatro elementos, como ensinam os Jônios, ou dos átomos, como julga Demócrito. Na verdade, dão a impressão de quererem ancorar o mundo numa teia de aranha”.

GILSON, E.; BOEHNER, P. História da Filosofia Cristã. São Paulo: Vozes, 1991 (adaptado).

Filósofos dos diversos tempos históricos desenvolveram teses para explicar a origem do universo, a partir de uma explicação racional. As teses de Anaxímenes, filósofo grego antigo, e de Basílio, filósofo medieval, têm em comum na sua fundamentação teorias que

a) eram baseadas nas ciências da natureza.

b) refutavam as teorias de filósofos da religião.

c) tinham origem nos mitos das civilizações antigas.

d) postulavam um princípio originário para o mundo.

e) defendiam que Deus é o princípio de todas as coisas.

 

91. (Enem PPL 2012) Pode-se viver sem ciência, pode-se adotar crenças sem querer justificá-las racionalmente, pode-se desprezar as evidências empíricas. No entanto, depois de Platão e Aristóteles, nenhum homem honesto pode ignorar que uma outra atitude intelectual foi experimentada, a de adotar crenças com base em razões e evidências e questionar tudo o mais a fim de descobrir seu sentido último.

ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2002.

Platão e Aristóteles marcaram profundamente a formação do pensamento Ocidental. No texto, é ressaltado importante aspecto filosófico de ambos os autores que, em linhas gerais, refere-se à

a) adoção da experiência do senso comum como critério de verdade.

b) incapacidade de a razão confirmar o conhecimento resultante de evidências empíricas.

c) pretensão de a experiência legitimar por si mesma a verdade.

d) defesa de que a honestidade condiciona a possibilidade de se pensar a verdade.

e) compreensão de que a verdade deve ser justificada racionalmente.

 

92. (Enem 2012) Para Platão, o que havia de verdadeiro em Parmênides era que o objeto de conhecimento é um objeto de razão e não de sensação, e era preciso estabelecer uma relação entre objeto racional e objeto sensível ou material que privilegiasse o primeiro em detrimento do segundo. Lenta, mas irresistivelmente, a Doutrina das Ideias formava-se em sua mente.

ZINGANO, M. Platão e Aristóteles: o fascínio da filosofia. São Paulo: Odysseus, 2012 (adaptado).

O texto faz referência à relação entre razão e sensação, um aspecto essencial da Doutrina das Ideias de Platão (427–346 a.C.). De acordo com o texto, como Platão se situa diante dessa relação?

a) Estabelecendo um abismo intransponível entre as duas.

b) Privilegiando os sentidos e subordinando o conhecimento a eles.

c) Atendo-se à posição de Parmênides de que razão e sensação são inseparáveis.

d) Afirmando que a razão é capaz de gerar conhecimento, mas a sensação não.

e) Rejeitando a posição de Parmênides de que a sensação é superior à razão.

 

93. (Enem PPL 2012) Quanto à deliberação, deliberam as pessoas sobre tudo? São todas as coisas objetos de possíveis deliberações? Ou será a deliberação impossível no que tange a algumas coisas? Ninguém delibera sobre coisas eternas e imutáveis, tais como a ordem do universo; tampouco sobre coisas mutáveis, como os fenômenos dos solstícios e o nascer do sol, pois nenhuma delas pode ser produzida por nossa ação.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Edipro, 2007. (adaptado).

O conceito de deliberação tratado por Aristóteles é importante para entender a dimensão da responsabilidade humana. A partir do texto, considera-se que é possível ao homem deliberar sobre

a) coisas imagináveis, já que ele não tem controle sobre os acontecimentos da natureza.

b) ações humanas, ciente da influência e da determinação dos astros sobre as mesmas.

c) fatos atingíveis pela ação humana, desde que estejam sob seu controle.

d) fatos e ações mutáveis da natureza, já que ele é parte dela.

e) coisas eternas, já que ele é por essência um ser religioso.

 

94. (Enem 2012)

TEXTO I

 Experimentei algumas vezes que os sentidos eram enganosos, e é de prudência nunca se fiar inteiramente em quem já nos enganou uma vez.

DESCARTES, R. Meditações Metafísicas. São Paulo: Abril Cultural, 1979.

 TEXTO II

 Sempre que alimentarmos alguma suspeita de que uma ideia esteja sendo empregada sem nenhum significado, precisaremos apenas indagar: de que impressão deriva esta suposta ideia? E se for impossível atribuir-lhe qualquer impressão sensorial, isso servirá para confirmar nossa suspeita.

HUME, D. Uma investigação sobre o entendimento. São Paulo: Unesp, 2004 (adaptado).

Nos textos, ambos os autores se posicionam sobre a natureza do conhecimento humano. A comparação dos excertos permite assumir que Descartes e Hume

a) defendem os sentidos como critério originário para considerar um conhecimento legítimo.

b) entendem que é desnecessário suspeitar do significado de uma ideia na reflexão filosófica e crítica.

c) são legítimos representantes do criticismo quanto à gênese do conhecimento.

d) concordam que conhecimento humano é impossível em relação às ideias e aos sentidos.

e) atribuem diferentes lugares ao papel dos sentidos no processo de obtenção do conhecimento.

 

95. (Enem 2012) Não ignoro a opinião antiga e muito difundida de que o que acontece no mundo é decidido por Deus e pelo acaso. Essa opinião é muito aceita em nossos dias, devido às grandes transformações ocorridas, e que ocorrem diariamente, as quais escapam à conjectura humana. Não obstante, para não ignorar inteiramente o nosso livre-arbítrio, creio que se pode aceitar que a sorte decida metade dos nossos atos, mas [o livre-arbítrio] nos permite o controle sobre a outra metade.

MAQUIAVEL, N. O Príncipe. Brasília: EdUnB, 1979 (adaptado).

Em O Príncipe, Maquiavel refletiu sobre o exercício do poder em seu tempo. No trecho citado, o autor demonstra o vínculo entre o seu pensamento político e o humanismo renascentista ao

a) valorizar a interferência divina nos acontecimentos definidores do seu tempo.

b) rejeitar a intervenção do acaso nos processos políticos.

c) afirmar a confiança na razão autônoma como fundamento da ação humana.

d) romper com a tradição que valorizava o passado como fonte de aprendizagem.

e) redefinir a ação política com base na unidade entre fé e razão.

 

96. (Enem PPL 2012) O homem natural é tudo para si mesmo; é a unidade numérica, o inteiro absoluto, que só se relaciona consigo mesmo ou com seu semelhante. O homem civil é apenas uma unidade fracionária que se liga ao denominador, e cujo valor está em sua relação com o todo, que é o corpo social. As boas instituições sociais são as que melhor sabem desnaturar o homem, retirar-lhe sua existência absoluta para dar-lhe uma relativa, e transferir o eu para a unidade comum, de sorte que cada particular não se julgue mais como tal, e sim como uma parte da unidade, e só seja percebido no todo.

ROUSSEAU, J. J. Emílio ou da Educação. São Paulo: Martins Fontes, 1999.

A visão de Rousseau em relação à natureza humana, conforme expressa o texto, diz que

a) o homem civil é formado a partir do desvio de sua própria natureza.

b) as instituições sociais formam o homem de acordo com a sua essência natural.

c) o homem civil é um todo no corpo social, pois as instituições sociais dependem dele.

d) o homem é forçado a sair da natureza para se tornar absoluto.

e) as instituições sociais expressam a natureza humana, pois o homem é um ser político.

 

97. (Enem 2012) É verdade que nas democracias o povo parece fazer o que quer; mas a liberdade política não consiste nisso. Deve-se ter sempre presente em mente o que é independência e o que é liberdade. A liberdade é o direito de fazer tudo o que as leis permitem; se um cidadão pudesse fazer tudo o que elas proíbem, não teria mais liberdade, porque os outros também teriam tal poder.

MONTESQUIEU. Do Espírito das Leis. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1997 (adaptado).

A característica de democracia ressaltada por Montesquieu diz respeito

a) ao status de cidadania que o indivíduo adquire ao tomar as decisões por si mesmo.

b) ao condicionamento da liberdade dos cidadãos à conformidade às leis.

c) à possibilidade de o cidadão participar no poder e, nesse caso, livre da submissão às leis.

d) ao livre-arbítrio do cidadão em relação àquilo que é proibido, desde que ciente das consequências.

e) ao direito do cidadão exercer sua vontade de acordo com seus valores pessoais.

 

98. (Enem 2012) Esclarecimento é a saída do homem de sua menoridade, da qual ele próprio é culpado. A menoridade é a incapacidade de fazer uso de seu entendimento sem a direção de outro indivíduo. O homem é o próprio culpado dessa menoridade se a causa dela não se encontra na falta de entendimento, mas na falta de decisão e coragem de servir-se de si mesmo sem a direção de outrem. Tem coragem de fazer uso de teu próprio entendimento, tal é o lema do esclarecimento. A preguiça e a covardia são as causas pelas quais uma tão grande parte dos homens, depois que a natureza de há muito os libertou de uma condição estranha, continuem, no entanto, de bom grado menores durante toda a vida.

KANT, I. Resposta à pergunta: o que é esclarecimento? Petrópolis: Vozes, 1985 (adaptado).

Kant destaca no texto o conceito de Esclarecimento, fundamental para a compreensão do contexto filosófico da Modernidade. Esclarecimento, no sentido empregado por Kant, representa

a) a reivindicação de autonomia da capacidade racional como expressão da maioridade.

b) o exercício da racionalidade como pressuposto menor diante das verdades eternas.

c) a imposição de verdades matemáticas, com caráter objetivo, de forma heterônoma.

d) a compreensão de verdades religiosas que libertam o homem da falta de entendimento.

e) a emancipação da subjetividade humana de ideologias produzidas pela própria razão.

 

99. (Enem PPL 2012) Um Estado é uma multidão de seres humanos submetida a leis de direito. Todo Estado encerra três poderes dentro de si, isto é, a vontade unida em geral consiste de três pessoas: o poder soberano (soberania) na pessoa do legislador; o poder executivo na pessoa do governante (em consonância com a lei) e o poder judiciário (para outorgar a cada um o que é seu de acordo com a lei) na pessoa do juiz.

KANT, I. A metafísica dos costumes. Bauru: Edipro, 2003.

De acordo com o texto, em um Estado de direito

a) a vontade do governante deve ser obedecida, pois é ele que tem o verdadeiro poder.

b) a lei do legislador deve ser obedecida, pois ela é a representação da vontade geral.

c) o Poder Judiciário, na pessoa do juiz, é soberano, pois é ele que outorga a cada um o que é seu.

d) o Poder Executivo deve submeter-se ao Judiciário, pois depende dele para validar suas determinações.

e) o Poder Legislativo deve submeter-se ao Executivo, na pessoa do governante, pois ele que é soberano.

 

100. (Enem PPL 2012)

dsf

De acordo com algumas teorias políticas, a formação do Estado é explicada pela renúncia que os indivíduos fazem de sua liberdade natural quando, em troca da garantia de direitos individuais, transferem a um terceiro o monopólio do exercício da força. O conjunto dessas teorias é denominado de

a) liberalismo.

b) despotismo.

c) socialismo.

d) anarquismo.

e) contratualismo.

 

Gabarito:  

 

1: E

2: A

3: C

4: B

5: D

6: E

7: D

8: E

9: D

10: D

11: D

12: D

13: D

14: E

15: C

16: B

17: C

18: D

19: C

20: C

21: B

22: C

23: D

24: A

25: E

26: A

27: C

28: A

29: B

30: C

31: A

32: D

33: D

34: A

35: C

36: E

37: E

38: A

39: D

40: C

41: D

42: B

43: A

44: B

45: C

46: E

47: B

48: C

49: A

50: B

51: D

52: E

53: C

54: C

55: C

56: D

57: A

58: D

59: A

60: A

61: C

62: C

63: A

64: C

65: D

66: E

67: B

68: A

69: A

70: C

71: D

72: B

73: A

74: D

75: D

76: E

77: C

78: A

79: C

80: B

81: C

82: E

83: D

84: A

85: D

86: B

87: E

88: E

89: B

90: D

91: E

92: D

93: C

94: E

95: C

96: A

97: B

98: A

99: B

100: E

Revisão FILOSOFIA – ENEM – O que preciso estudar?

Prezadxs,

Seguem dados que obtive ao catalogar todas as questões já aplicadas de filosofia do ENEM.

Filosofia Antiga: 28,57% das questões

Filosofia Moderna: 19,29% 

Filosofia Contemporânea: 18,57% 

Ética e Moral: 14,29% 

Filosofia Renascentista: 10%

Filosofia Medieval: 7,14%

Estética: 1,43%

Lógica: 0,71%

A partir desses dados, fiz a lista abaixo para você estudar. Minha dica é que você faça um resumo de cada filósofo e compreenda o contexto histórico-filosófico  que ele faz parte.

Para além dos livros e sites especializados, alguns canais do youtube de filosofia podem ajudá-los em seus estudos.

Bons pensamentos,

Fábio Mesquita

 

Conteúdo de Revisão de Filosofia para o ENEM e VestibularesConteúdo de Revisão de Filosofia para o ENEM e Vestibulares

Questões Vestibular – FOUCAULT

 

FOUCAULT

 

1. (Unioeste 2016) Os estudos realizados por Michel Foucault (1926-1984) apresentam interfaces que corroboram para estudos em diversas áreas de conhecimento, entre as quais a Filosofia, Ciências Sociais, Pedagogia, Psiquiatria, Medicina e Direito. Em 1975, Foucault publicou a obra “Vigiar e Punir: história da violência das prisões”, na qual propunha uma nova concepção de poder, a qual abandonava alguns postulados que marcaram a posição tradicional da esquerda do período. Sobre a concepção de poder foucaultiana, é CORRETO afirmar.

a) Só exerce poder quem o possui, por se tratar de um privilégio adquirido pela classe dominante que detém o poder econômico.

b) O poder está centralizado na figura do Estado e está localizado no próprio aparelho de Estado, que é o instrumento privilegiado do poder.

c) Todo poder está subordinado a um modo de produção e a uma infraestrutura, pois o modo como a vida econômica é organizada determina a política.

d) O poder tem como essência dividir os que possuem poder (classe dominante) daqueles que não têm poder (classe dos dominados).

e) O poder não remete diretamente a uma estrutura política, ao uso da força ou a uma classe dominante: as relações de poder são móveis e só podem existir quando os sujeitos são livres e há possibilidade de resistência.

 

Resposta: E

Michel Foucault é um autor fundamental para o pensamento social contemporâneo, e suas ideias são de difícil compreensão. Com relação ao poder, ele desloca a análise tradicional (centrada em relações assimétricas, como entre o Estado e o povo ou entre dominantes e dominados) para entender o poder como algo difuso e que condiciona nossas escolhas individuais. Assim, somente [E] é alternativa correta.

 

2. (Unioeste 2013) Em seu texto, O Enfraquecimento da Sociedade Civil, Michael Hardt salienta que na obra de Michel Foucault, a intermediação institucional que define a relação entre sociedade civil e Estado aparece em uma funcionalidade totalmente projetada para fins autoritários e antidemocráticos. Foucault se refere às múltiplas formas de organização e produção de forças sociais pelo Estado que impedem que forças pluralistas e interesses da sociedade civil se sobressaiam sobre o Estado.

Tendo em vista essa intermediação entre Estado e sociedade civil, assinale a alternativa que corresponda à concepção foucaultiana de Estado.

a) Na concepção de Foucault, o Estado é considerado a fonte central das relações de poder na sociedade, cujo controle exerce através da máquina burocrática.

b) Segundo Michel Foucault, o poder está limitado apenas ao âmbito do Estado, portanto, ele reconhece um distanciamento teórico entre Estado e sociedade civil.

c) Para Michel Foucault, o Estado não detém o monopólio legítimo da força. Nesse sentido, podemos dizer que o monopólio da força não é a condição necessária para a existência do Estado.

d) Michel Foucault prefere usar o termo Governo em lugar de Estado para indicar a multiplicidade e a imanência pluralista das forças de estatização no interior do campo social. Para Foucault, a sociedade civil está fundada na disciplina e na normatização.

e) Segundo Foucault, na sociedade disciplinar, há apenas Estado, pois ele pode ser concretamente isolado e contrastado num plano separado da sociedade civil. O exercício do poder dá-se por intermédio de dispositivos de poder organizados na sociedade civil.

 

Resposta:D

Questão bastante difícil para o ensino médio. Foucault, ao estudar o poder, compreende o papel do Estado relacionado à forma difusa de controle dos indivíduos e das populações. Somente a alternativa [D] está correta.

 

3. (Interbits 2013) Giorgio Agamben, filósofo italiano, observa que hoje os cidadãos são continuamente controlados e consideram isso normal. Ele defende a ideia de que o paradigma político do Ocidente não é mais a cidade, mas o campo de concentração. Vistas por essa ótica, as práticas de exceção contemporâneas, engendradas por um Estado policial protetor, fazem da política do terror e da insegurança o princípio gestor, estimulando, cada vez mais, a privatização dos espaços e o confinamento no interior deles.

TOMAZI, Nelson Dacio. Sociologia para o ensino médio. São Paulo: Saraiva, 2010, p. 113. Adaptado.

Segundo o filósofo Michel Foucault, esse modelo de vigilância apresentado por Agamben pode ser enquadrado como:

a) Coletivo.

b) Panóptico.

c) Regular.

d) Informal.

e) Dissimulado.

 

Resposta:B

O modelo de vigilância que melhor explica a situação apresentada por Agamben é o Panóptico. Este corresponde a um estilo de construção de presídios criado por Jeremy Bentham, que tem como intenção maximizar a vigilância dos detentos através de uma torre de guarda central. Esse modelo é utilizado por Foucault como metáfora para a forma como os indivíduos são vigiados na sociedade, mesmo sem perceberem.

 

4. (Interbits 2012)

Escola pública do DF começa a testar chip para monitorar alunos

Por meio de um chip fixado no uniforme, uma turma de 42 estudantes do primeiro ano do ensino médio tem suas entradas e saídas monitoradas no CEM (Centro de Ensino Médio) 414 de Samambaia, cidade-satélite do Distrito Federal.

O projeto, que começou a funcionar no dia 22 de outubro, manda mensagem por celular aos pais ou responsáveis pelos alunos, informando o horário de entrada e saída da escola.

Segundo a diretora do CEM, a medida foi tomada para aumentar a permanência dos alunos nas salas de aula. “Os professores dos últimos horários reclamam que muitos alunos costumam sair antes do término das aulas. Por mais que a escola tente manter o controle, eles dão um jeito de sair da escola”.

Fonte: Folha on-line. 30 out. 2012. Adaptado. Disponível em: <http://folha.com/no1177555&gt;.  Acesso em 30 out. 2012.

O texto apresenta uma forma de controle de estudantes dentro da instituição escolar. Esse tipo de instrumento está vinculado a qual lógica apresentada pelo filósofo Michel Foucault?

a) Emancipação, que tem como fundamento tornar os estudantes sujeitos autônomos.

b) Panoptismo, que tem intenção de controlar, mas também de tornar mais produtivos os corpos observados.

c) Regime de verdade, que faz com que a Escola esteja comprometida com a emancipação humana.

d) Luta de Classes, que torna tensa a relação entre estudantes e professores.

e) Violência simbólica, que agride o sujeito através da linguagem.

 

Resposta:B

Somente a alternativa [B] está de acordo com a argumentação de Michel Foucault. O controle sobre os corpos não tem intenção somente de vigiar os indivíduos, mas também te torná-los mais úteis e produtivos. É por isso que a instituição escolar se apropria desse instrumento para fazer os alunos ficarem na sala de aula.

 

 

5. (Interbits 2012) A pergunta que se precisaria responder é a seguinte. A que é que se visava, com esta instituição de reclusão, em suas duas formas: a forma compacta, forte, encontrada no início do século XIX e, mesmo depois, em instituições como escolas, hospitais psiquiátricos, casas de correção, prisões, etc., e em seguida a reclusão em sua forma branda, difusa, encontrada em instituições como a cidade operária, a caixa econômica, a caixa de assistência, etc.?

FOUCAULT, Michel. “Conferência V”. In: A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: Nau, 2012, p. 112.

Assinale a alternativa correta, de acordo com a argumentação de Michel Foucault.

a) Essas instituições possuem a função de tornar as pessoas submissas e alienadas.

b) Toda instituição de reclusão possui única e exclusivamente a função de punir os transgressores da lei.

c) Essas instituições visavam não somente ao controle, mas também à valorização dos indivíduos e de seus corpos.

d) As instituições a que o texto se refere correspondem a expressões autoritárias de exercício de poder.

e) As instituições totais são uma forma de proteger a sociedade dos indivíduos desviados.

 

Resposta:C

 Somente a alternativa [C] apresenta um argumento foucaultiano. Segundo ele, a característica mais interessante dessas instituições é que elas não somente tinham a intenção de punir ou controlar as pessoas, mas também de torná-las mais úteis à sociedade (é isso que se vê, sobretudo, nas escolas ou instituições operárias).

 

 

6. (Interbits 2012) TEXTO I:

 Elimine até 3 kg por mês comendo bolo!

É isso mesmo! Um estudo israelense comprovou que comer bolo no café da manhã acelera o metabolismo e ajuda a perder os quilinhos a mais.

Revista Ana Maria. nº 820. 29/06/2012, p. 20.

 

TEXTO II:

“Se fizéssemos uma história do controle social do corpo, poderíamos mostrar que, até o século XVIII inclusive, o corpo dos indivíduos é essencialmente a superfície de inscrição de suplícios e de penas; o corpo era feito para ser supliciado e castigado. Já nas instâncias de controle que surgem a partir do século XIX, o corpo adquire uma significação totalmente diferente; ele não é mais o que deve ser supliciado, mas o que deve ser formado, reformado, corrigido, o que deve adquirir aptidões, receber um certo número de qualidades, qualificar-se como corpo capaz de trabalhar.”

FOUCAULT, M. Conferência V. In: A verdade e as formas jurídicas. Rio de Janeiro: Nau, 2002, p. 119.

Vivemos em um tempo em que o corpo se tornou extremamente valorizado, devendo estar de acordo com certos padrões de beleza e de bem estar. Segundo Michel Foucault, filósofo que analisou esse tipo de transformação, essa valorização do corpo significa:

a) a realocação do poder, que se torna um poder polimorfo e polivalente, capaz de tornar os corpos individuais úteis e hábeis à sociedade. A isso está relacionado o surgimento de uma série de saberes e de ciências sobre o homem.

b) a valorização hedonista do corpo, como uma forma de alienação das mentes. Cada vez mais a sociedade perde seu potencial transformador da ordem vigente.

c) a valorização positiva da ética do bem-estar. As novas preocupações com os corpos têm como objetivo melhorar a vida dos cidadãos e isso traz consigo uma série de benefícios à sociedade, como, por exemplo, o aumento da expectativa de vida da população.

d) a perda dos ideais iluministas racionalistas. Com a valorização do corpo, há também uma desvalorização do conhecimento intelectual, que é cada vez mais prejudicado. Não por acaso, há um pragmatismo perigoso nas tomadas de decisões privadas.

e) um problema de ordem moral. A valorização do homem capaz de trabalhar coloca em questão a ética cristã da caridade. Nesse processo, há uma transformação que torna a sociedade mais secular e descrente da religião.

 

Resposta: A

Somente a alternativa [A] está correta. Michel Foucault relaciona a valorização do corpo com a realocação do poder na modernidade, resultando não somente em uma nova forma de se relacionar com o corpo, mas também uma série de saberes sobre ele. Nesse contexto, torna-se interesse tanto do Estado quanto das pessoas que seus corpos sejam úteis e bem cuidados.

 

 

7. (Enem 2010) A lei não nasce da natureza, junto das fontes frequentadas pelos primeiros pastores: a lei nasce das batalhas reais, das vitórias, dos massacres, das conquistas que têm sua data e seus heróis de horror: a lei nasce das cidades incendiadas, das terras devastadas; ela nasce com os famosos inocentes que agonizam no dia que está amanhecendo.

FOUCAULT. M. Aula de 14 de janeiro de 1976. In. Em defesa da sociedade. São Paulo: Martins Fontes. 1999

O filósofo Michel Foucault (séc. XX) inova ao pensar a política e a lei em relação ao poder e à organização social.

Com base na reflexão de Foucault, a finalidade das leis na organização das sociedades modernas é

a) combater ações violentas na guerra entre as nações.

b) coagir e servir para refrear a agressividade humana.

c) criar limites entre a guerra e a paz praticadas entre os indivíduos de uma mesma nação.

d) estabelecer princípios éticos que regulamentam as ações bélicas entre países inimigos.

e) organizar as relações de poder na sociedade e entre os Estados.

 

Resposta:E

A Lei reflete a vontade dos vitoriosos; ela não é natural. Portanto, a Lei é reflexo da força, da vitória e das imposições dos mais fortes, seja nas disputas internas a um Estado, seja a nível internacional, que envolve as disputas e os interesses de diversos Estados.

 

8. (Enem (Libras) 2017) O momento histórico das disciplinas é o momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa não unicamente o aumento das suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo mecanismo o torna tanto mais obediente quanto é mais útil, e inversamente. Forma-se então uma política das coerções, que são um trabalho sobre o corpo, uma manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos, de seus comportamentos.

FOUCAULT, M. Vigiar e punir: história da violência nas prisões. Petrópolis: Vozes, 1987.

Na perspectiva de Michel Foucault, o processo mencionado resulta em

a) declínio cultural.

b) segregação racial.

c) redução da hierarquia.

d) totalitarismo dos governos.

e) modelagem dos indivíduos.

 

Resposta:E

Para Foucault, as formas de poderes existentes na sociedade impõem modificações nos modos de agir dos indivíduos, a partir da coação de seus corpos, transformando-os em corpos úteis e passíveis de sujeição. Desse modo, incorporam-se características disciplinadoras nos corpos através do controle e do adestramento que mede, corrigi e hierarquiza corpos em um processo que modela indivíduos.

 

9. (Uema 2015) Gilberto Cotrim (2006. p. 212), ao tratar da pós-modernidade, comenta as ideias de Michel Foucault, nas quais “[…] as sociedades modernas apresentam uma nova organização do poder que se desenvolveu a partir do século XVIII. Nessa nova organização, o poder não se concentra apenas no setor político e nas suas formas de repressão, pois está disseminado pelos vários âmbitos da vida social […] [e] o poder fragmentou-se em micropoderes e tornou-se muito mais eficaz. Assim, em vez de se deter apenas no macropoder concentrado no Estado, [os] micropoderes se espalham pelas mais diversas instituições da vida social. Isto é, os poderes exercidos por uma rede imensa de pessoas, por exemplo: os pais, os porteiros, os enfermeiros, os professores, as secretarias, os guardas, os fiscais etc.”

Fonte: COTRIM, Gilberto. Fundamentos da Filosofia: história e grandes temas. São Paulo: Saraiva, 2006. (adaptado)

Pelo exposto por Gilberto Cotrim sobre as ideias de Foucault, a principal função dos micropoderes no corpo social é interiorizar e fazer cumprir

a) o ideal de igualdade entre os homens.

b) o total direito político de acordo com as etnias.

c) as normas estabelecidas pela disciplina social.

d) a repressão exercida pelos menos instruídos.

e) o ideal de liberdade individual.

 

Resposta:C

Foucault entende o poder não como um objeto natural, mas uma prática social expressa por um conjunto de relações. Temos que pensar o poder não como uma “coisa” que uns tem e outros não, como, por exemplo, o pai e o filho, o rei e seus súditos, o presidente e seus governados, etc., mas como uma relação que se exerce, que opera entre os pares: o filho que negocia com o pai, os súditos que reivindicam ao rei, os governados que usam dispositivos legais para fiscalizar o presidente, etc. Deste ponto de vista, poder não se restringe ao governo, mas espalha-se pela sociedade em um conjunto de práticas, a maioria delas essencial à manutenção do Estado. O poder é uma espécie de rede formada por mecanismos e dispositivos que se espraiam por todo cotidiano – uma rede da qual ninguém pode escapar. Ele molda nossos comportamentos, atitudes e discursos. Compreender o Estado como portador do poder é um equívoco, pois além de ser dispendioso, o poder externo não é capaz de dar conta dos corpos individuais, este poder não permeia a vida e não é capaz de controlar os indivíduos. Os micro poderes atuam de forma capilar e moldam por meio dos instrumentos do Estado as reações, domesticando os indivíduos, hierarquizando-os, normatizando comportamentos em suas relações. Isto ocorre desde as relações mais simples até as relações mais complexas, criando condições para estabelecer uma disciplina social ampla.

 

10. (Uem 2012) “O pensamento de Foucault gira em torno dos temas do sujeito, verdade, saber e poder. É um pensamento que leva à crítica de nossa sociedade, à reflexão sobre a condição humana. […] Não há verdades evidentes, todo saber foi produzido em algum lugar, com algum propósito. Por isso mesmo pode ser criticado, transformado, e, até mesmo destruído. Foucault considera que a filosofia pode mudar alguma coisa no espírito das pessoas. […] Seu pensamento vem sempre engajado em uma tarefa política ao evidenciar novos objetos de análise, com os quais os filósofos nunca haviam se preocupado. Entre eles se destacam: o nascimento do hospital; as mudanças no espaço arquitetural que servem para punir, vigiar, separar; o uso da estatística para que governos controlem a população; a constituição de uma nova subjetividade pela psicologia e pela psicanálise; como e por que a sexualidade passa a ser alvo de preocupação médica e sanitária; como governar significa gerenciar a vida (biopoder) desde o nascimento até a morte, e tornar todos os indivíduos mais produtivos, sadios, governáveis.”

(ARAÚJO, I. L. Foucault: um pensador da nossa época, para a nossa época. In: Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED-PR, 2009. p. 225.)

 

Segundo o texto, é correto afirmar:

01) A renovação filosófica ocorre no contexto de afirmação positivista das ciências e fundação da subjetividade a partir da fenomenologia.

02) A relação entre saber e poder diz respeito a uma prática política, não só epistemológica.

04) A sexualidade aparece como tema de análise filosófica em razão da repressão dos desejos individuais e coletivos.

08) A expressão “biopoder” significa a associação entre as potencialidades humanas e o divino.

16) O papel da filosofia é revelar verdades metafísicas, independentemente de serem contestadas ao longo da História.

 

Resposta: 02 + 04 = 06.

A relação entre saber e poder pode ser disposta através da relação entre desenvolvimento científico e domínio da natureza, quer dizer, saber e poder se traduzem no mesmo que desenvolver a ciência e tentar domar a imprevisibilidade natural. Ao menos podemos afirmar tanto se não considerarmos que a ciência moderna é algo também imerso no meio da cidade. Contextualizar a ciência é o mesmo que retirar dela seu caráter de resposta correta e lhe impor outro caráter, a saber, o de opinião, apenas contingencialmente, mais aceitável. Todavia, podemos nos perguntar: Por que certa opinião deveria se tornar a mais aceitável? Como se escolhe tal opinião? Quem desenvolve tais opiniões? Que recursos sustentam os estudos que resultam em tais opiniões? Se a ciência está imersa na cidade, então devemos também supor que a ciência é sustentada pela cidade e suas contradições. No texto citado, por exemplo, diz-se o caso do estudo científico sobre a sexualidade para sanar preocupações médicas e sanitárias. Disto, surgem questões: Por que a sexualidade é um problema médico e não sociológico, ou filosófico, ou biológico, ou histórico, ou psicológico? Por que ocorre, por exemplo, esta redução das questões sobre sexualidade à medicina?

 

 

11. (Pucpr 2010) Na sua obra Vigiar e punir, o filósofo francês Michel Foucault analisa as novas faces de exercício do poder disciplinar e afirma:

“Muitos processos disciplinares existiam há muito tempo: nos conventos, nos exércitos, nas oficinas também. Mas as disciplinas se tornaram no decorrer dos séculos XVII e XVIII fórmulas gerais de dominação. (…) O momento histórico das disciplinas e o momento em que nasce uma arte do corpo humano, que visa não unicamente ao aumento de suas habilidades, nem tampouco aprofundar sua sujeição, mas a formação de uma relação que no mesmo mecanismo o torna tanto mais obediente quanto é mais útil, e inversamente. Forma-se então uma política das coerções que são um trabalho sobre o corpo, uma manipulação calculada de seus elementos, de seus gestos, de seus comportamentos. O corpo humano entra numa maquinaria de poder que o esquadrinha, o desarticula e o recompõe. Uma “anatomia política”, que é também igualmente uma “mecânica do poder”, está nascendo; ela define como se pode ter domínio sobre o corpo dos outros, não simplesmente para que façam o que se quer, mas para que operem como se quer, com as técnicas, segundo a rapidez e a eficácia que se determina. A disciplina fabrica assim corpos submissos e exercitados, corpos “dóceis”.

(Vigiar e Punir, p. 118).

Segundo essa passagem, seria correto afirmar que:

I. O texto mostra como, a partir dos séculos XVII e XVIII o corpo foi descoberto como objeto e alvo de um novo poder e de novas formas de controle, pelas quais são superadas antigas formas de domínio e instaurado um novo modelo com o fim de tornar os corpos mais dóceis.

II.O fim dessas práticas é tornar o corpo obediente e disciplinado através de um rigoroso exercício de controle sobre gestos e comportamentos. É assim que o corpo vira um novo objeto de poder.

III. Segundo o autor, essa é a primeira vez na história que o corpo se tornara objeto de poder, já que essas práticas eram comuns tanto nos regimes escravocratas quanto nos monásticos.

IV. Esses novos mecanismos de controle têm, segundo o autor, uma única motivação: o domínio do corpo para exploração econômica.

a) Apenas as assertivas I e III são verdadeiras.

b) Apenas as assertivas I e II são verdadeiras.

c) Apenas a assertiva IV é verdadeira.

d) Todas as assertivas são verdadeiras.

e) Apenas a assertiva I é verdadeira.

 

Resposta:B

Michel Foucault foi um filósofo francês do século XX que muito contribuiu para o pensamento humanístico. Seu livro Vigiar e Punir sobre o processo de transição das técnicas de vigilância e punição na modernidade traz uma visão original sobre a temática do poder. Neste sentido, podemos dizer que somente as assertivas I e II são corretas. A assertiva III é, por si só, incoerente e a assertiva IV reduz o domínio do corpo somente aos interesses econômicos. Tal redução não é feita por Foucault, que considera o corpo em um ambiente político, que é mais complexo que o contexto econômico.

 

 

12. (Pucpr 2009) “O sucesso do poder disciplinar se deve sem dúvida ao uso de instrumentos simples: o olhar hierárquico, a sanção normalizadora e sua combinação num procedimento que lhe é específico, o exame.”

Fonte: Foucault, Vigiar e punir, p. 143.

I.Vigiar, muito mais que aplicar um olhar constante sobre o indivíduo, significa dispô-lo numa estrutura arquitetural e impessoal, na qual ele se sinta vigiado.

II. Punir é o único objetivo da disciplina.

III. Punir primeiramente tem a finalidade de uma ortopedia moral, de normalização, não somente de um comportamento, mas do conjunto da existência humana, seja obstaculizando a virtualidade de um comportamento perigoso mediante o uso de pequenas correções, seja incentivando condutas desejáveis a partir de recompensas e vantagens.

IV. O exame atua numa ampla rede de instituições psiquiátricas, pedagógicas e médicas, classificando as condutas em termos de normalidade e anormalidade.

V. Para Foucault, as ciências que tomaram o homem como objeto de saber, a partir do final do século XVIII, não têm nada a ver com a vigilância, a normalização e o exame disciplinares.

Assinale a(s) alternativa(s) correta(s):

a) II e V

b) II e IV

c) I e II

d) III, IV e V

e) I, III e IV

 

Resposta: E

As assertivas [II] e [V] são falsas. O objetivo da disciplina vai muito além da questão da punição. É, na realidade, uma forma de adestramento dos corpos, de distribuição dos indivíduos no espaço e que aumenta a que multiplica as forças das massas. No caso da afirmação [V], ela contraria totalmente o pensamento do filósofo: para ele, as ciências do corpo se constituem exatamente no mesmo campo epistêmico deste poder disciplinar que individualiza os corpos através da vigilância, normalização e exames disciplinares.

 

 

13. (Pucpr 2009) A partir do livro Vigiar e Punir, de Michel Foucault, considere as seguintes afirmações a respeito da disciplina:

I. Ela é exercida de diferentes formas e tem como finalidade única a habilidade do corpo.

II. Ela pode ser entendida como a estratégia empregada para o controle minucioso das operações do corpo, sendo seu efeito maior a constituição de um indivíduo dócil e útil.

III. Ela se constitui também pelo controle do horário de execução de atividades, em que o tempo medido e pago deve ser sem defeito e, em seu transcurso, o corpo deve ficar aplicado a seu exercício.

De acordo com as afirmações acima, podemos dizer que:

a) Todas as afirmações estão corretas.

b) A afirmação I está incorreta.

c) Apenas a afirmação III está correta.

d) As alternativas II e III estão incorretas.

e) Apenas a afirmação II está correta.

 

Resposta:B

A sociedade disciplinar, segundo a análise do filósofo francês,cria uma série de dispositivos que agem sobre os corpos com o intuito de torná-los dóceis e úteis para a sociedade. Isso se observa, entre outros lugares, nos regulamentos das fábricas, onde os corpos são treinados a aumentarem a eficiência do trabalho e a descartarem os movimentos desnecessários. Entretanto, não se pode dizer que a única finalidade da disciplina é a habilidade do corpo. Ela cria também uma série de saberes sobre esse corpo. Não é por acaso que nessa sociedade disciplinar tenham surgido novas ciências sobre o corpo. Um exemplo destas é a psicanálise.

 

 

14. (Pucpr 2009) O indivíduo é sem dúvida o átomo fictício de uma representação “ideológica” da sociedade; mas é também uma realidade fabricada por essa tecnologia específica de poder que se chama “disciplina”.

Fonte: Foucault, Vigiar e punir, p.161.

Assinale as alternativas corretas.

I. Foucault quer afirmar que os indivíduos, nesse modelo de sociedade, são constituídos como efeitos da atuação de estratégias de poder correlatas a técnicas de saber.

II. Para Foucault, o poder fundamentalmente reprime, recalca, censura, mascara, anulando os desejos individuais.

III. A disciplina produz realidade, produz rituais de verdade, produz indivíduos úteis e dóceis.

IV. Para Foucault, é o indivíduo que possui o poder. É ele quem dá sentido ao mundo.

V. A disciplina, como estratégia privilegiada de fabricação do indivíduo e produção de verdades, existe desde a época do cristianismo primitivo.

a) II, IV e V

b) I e III

c) II e III

d) I e II

e) III, IV e V

 

Resposta:B

Michel Foucault, um dos grandes filósofos do século XX, trabalhou com a questão do poder para compreender como se modificam e se constroem os critérios de produção de verdade. Dentre as assertivas apresentadas acima, as assertivas [II], [IV] e [V] são falsas. Foucault não pensa o poder como uma forma de mascarar a realidade, nem de anulação dos desejos individuais, mas como produtor de verdade. Tal poder não é de posse de ninguém, funciona como uma série de dispositivos autônomos. Já a afirmativa [V] é falsa, pois, segundo o autor, as técnicas disciplinares passaram a existir somente na passagem do século XVII para o XVIII e, portanto, não vigoravam no período do cristianismo primitivo.

 

 

15. (Pucpr 2009) Michel Foucault, em Vigiar e Punir, apresenta duas imagens de disciplina: a disciplina-bloco e a disciplina-mecanismo. Para mostrar como esses dois modelos se desenvolveram, o autor destaca dois casos: o medieval da peste e o moderno do panóptico. Assinale, portanto, a alternativa incorreta:

a) A disciplina-bloco se estabeleceu com o esquema moderno do panóptico, uma vez que a disciplina mecanismo, desenvolvida no período medieval para resolver o problema da peste, estava em falência.

b) A disciplina-bloco se refere à instituição fechada, totalmente voltada para funções negativas, proibitivas e impeditivas.

c) A disciplina-mecanismo é um dispositivo funcional que visa otimizar e tornar mais rápido o exercício do poder, mediante o modelo panóptico.

d) É possível dizer que houve um processo de mudança da disciplina-bloco para a disciplina mecanismo, passando pelas etapas de inversão funcional das disciplinas, ramificação dos mecanismos e estatização dos mecanismos disciplinares.

e) A disciplina-mecanismo tem como estratégia a vigilância múltipla, inter-relacionada e contínua, pela qual o indivíduo deve saber que é vigiado e, por consequência, o poder se exerce automaticamente.

 

Resposta:A

A disciplina-bloco é apresentada por Foucault mediante o caso da peste, enquanto que a disciplina-mecanismo relaciona-se com o modelo panóptico. Ainda que o aluno não conheça a obra e a terminologia de Foucault, ele poderá compreender que a alternativa [A] está incorreta, dado que esta contraria todas as outras alternativas.

 

Eu no programa do Bial. Pequena corrupções com o Prof. Leandro Karnal

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Link para o programa:

https://globoplay.globo.com/v/5962303/programa/

 

Link para assistir apenas a minha fala:

https://globoplay.globo.com/v/5962298/

 

 

FILOSOFIA DA CIÊNCIA 1 – QUESTÕES DE VESTIBULAR

1. (Unesp 2012)

ooo

Se me mostrarem um único ser vivo que não tenha ancestral, minha teoria poderá ser enterrada.

(Charles Darwin)

Sobre essa frase, afirmou-se que:

I. Contrapõe-se ao criacionismo religioso.

II. Contrapõe-se ao essencialismo de Platão, segundo o qual todas as espécies têm uma essência fixa e eterna.

III. Sugere uma possibilidade que, se comprovada, poderia refutar a hipótese evolutiva darwiniana.

IV. Propõe que as espécies atuais evoluíram a partir da modificação de espécies ancestrais, não aparentadas entre si.

V. Nega a existência de espécies extintas, que não deixaram descendentes.

É correto o que se afirma em

a) IV, apenas.

b) II e III, apenas.

c) III e IV, apenas.

d) I, II e III, apenas.

e) I, II, III, IV e V.

 

2. (Enem PPL 2012)  Assentado, portanto, que a Escritura, em muitas passagens, não apenas admite, mas necessita de exposições diferentes do significado aparente das palavras, parece-me que, nas discussões naturais, deveria ser deixada em último lugar.

GALILEI, G. Carta a Benedetto Castelli. In: Ciência e fé: cartas de Galileu sobre o acordo do sistema copernicano com a Bíblia. São Paulo: Unesp, 2009. (adaptado)

O texto, extraído da carta escrita por Galileu (1564-1642) cerca de trinta anos antes de sua condenação pelo Tribunal do Santo Oficio, discute a relação entre ciência e fé, problemática cara no século XVII. A declaração de Galileu defende que

a) a bíblia, por registrar literalmente a palavra divina, apresenta a verdade dos fatos naturais, tornando-se guia para a ciência.

b) o significado aparente daquilo que é lido acerca da natureza na bíblia constitui uma referência primeira.

c) as diferentes exposições quanto ao significado das palavras bíblicas devem evitar confrontos com os dogmas da Igreja.

d) a bíblia deve receber uma interpretação literal porque, desse modo, não será desviada a verdade natural.

e) os intérpretes precisam propor, para as passagens bíblicas, sentidos que ultrapassem o significado imediato das palavras.

 

3. (Ufpr 2015)  No dia 09/09/2014, o jornal Gazeta do Povo publicou um editorial sob o título “O papel da religião no debate público”, de onde extraímos o trecho abaixo e as seguintes manifestações dos seus leitores (com algumas adaptações):

Editorial: “Assim, a fé e as convicções inspiradas por ela não são aspectos que obrigatoriamente devam ficar restritos à intimidade de cada um; ao contrário, têm lugar no debate público quando fazem suas reivindicações usando argumentos racionais – não basta ir à rua, ou ao Congresso, ou ao Supremo Tribunal Federal, e se declarar contra ou a favor de algo ‘porque a Bíblia disse’. É justamente nisso que se funda a laicidade: que as políticas de Estado sejam baseadas em princípios racionais – independentemente de quem os defenda, o que não exclui os grupos religiosos –, e não nos dogmas desta ou daquela fé.”

Leitor 1: “Concordo com o Editorial e discordo dos que emitem opiniões sem fundamentação. Desafio-os a apresentar a base cientifica para afirmar que as opiniões da religião não estão baseadas na razão, mas em dogmas.”

Leitor 2: “Eu discordo totalmente da ideia apresentada no editorial e o motivo é muito simples. Vejam os senhores que argumentos científicos estão subordinados à lógica e à razão, enquanto as religiões baseiam-se em dogmas.”

Leitor 3: “Religião se baseia em um ser indeterminado e dogmas, portanto não há base racional alguma.”

Partindo dos pontos de vista defendidos pelos dois autores abaixo elencados, construa argumentos com os quais cada um deles poderia expressar sua concordância ou sua discordância com qualquer um dos pontos de vista acima defendidos, seja pelo editorial seja por qualquer um dos seus leitores.

a) Thomas Kuhn:

b) Jürgen Habermas:

 

4. (Uem 2012)  “O filósofo Thomas Kuhn afirma que uma teoria se torna um modelo de conhecimento ou um paradigma científico. O paradigma se torna o campo no qual uma ciência trabalha normalmente, sem crises. Em tempos normais, um cientista, diante de um fato ou de um fenômeno ainda não estudado, o explica usando o modelo ou o paradigma científico existente. Em contraposição à ciência normal, ocorre a revolução científica. Uma revolução científica acontece quando o cientista descobre que o paradigma disponível não consegue explicar um fenômeno ou um fato novo, sendo necessário produzir um outro paradigma.”

(CHAUÍ, M. Convite à Filosofia. 14.ª ed. São Paulo: Ática, 2011, p. 281).

Sobre isso, é correto afirmar que

01) o paradigma científico é o campo teórico do cientista porque fornece os parâmetros para a ciência normal.

02) a teoria torna-se um modelo de conhecimento porque ela se constitui como uma explicação dos fenômenos para o cientista.

04) o paradigma científico é incompleto porque os cientistas estão sempre negando os paradigmas.

08) a revolução científica é um avanço na ciência porque os cientistas sempre descobrem que as teorias anteriores estavam erradas.

16) embora verdadeiros, os paradigmas científicos são mutáveis porque os cientistas podem alcançar os limites dos modelos teóricos.

 

5. (Unicentro 2010)  Consideremos o campo da epistemologia contemporânea; sob esse aspecto, podemos afirmar que a posição de Thomas Kuhn (1922-1996), em relação à ciência, se contrapôs à concepção científica de Karl Popper (1902-1994)? Assinale a alternativa correta.

a) Sim, Kuhn se contrapôs à teoria de Popper ao negar que o desenvolvimento da ciência se dê mediante o ideal de refutação. Ao contrário, Kuhn afirma que a ciência progride pela tradição intelectual representada pelo paradigma que é a visão de mundo expressa numa teoria.

b) Não, Kuhn absorve a teoria da refutabilidade de Popper ao desenvolver sua concepção de paradigma científico. Para ambos, o que garante a verdade de um discurso científico é sua condição de justificação, ou seja, quando uma teoria é justificada ela é corroborada.

c) Não, Kuhn argumentou que uma teoria, como paradigma, deve ser desenvolvida em vez de criticada, motivo pelo qual ele não poderia opor-se ao pensamento de Popper. Sua tentativa será outra: tentar harmonizar aqueles pontos de vista que divergem do seu.

d) Sim, Kuhn cedo abandonou o empirismo, classificando-se como anarquista epistemológico. Dessa forma, opôs-se não apenas à concepção metodológica de Popper como também de outros contemporâneos seus, como Lakatos, por exemplo. Diferentemente de Popper, Kuhn anuncia que as teorias não são nem verdadeiras, nem falsas, mas úteis.

e) Sim, diferentemente de Popper, para quem a física newtoniana era considerada a imagem verdadeira do mundo, tendo como pressupostos o mecanicismo e o determinismo, Kuhn estabelece como paradigma de sua concepção de ciência o irracionalismo de Heisenberg e seu princípio da incerteza.

 

6. (Unioeste 2009)  “Segundo o filósofo da ciência Thomas Kuhn, paradigma é um conjunto sistemático de métodos, formas de experimentações e teorias que constituem um modelo científico, tornando-se condição reguladora da observação. […] A ciência normal, conforme Kuhn, funciona submetida por paradigmas estabelecidos historicamente num campo contextual de problemas e soluções concretas. […] Os paradigmas são estabelecidos nos momentos de revolução científica […] Portanto, para Kuhn, a ciência se desenvolve por meio de rupturas, por saltos e não de maneira gradual e progressiva”.

(E. C. Santos)

Sobre a concepção de ciência de Kuhn, é incorreto afirmar que

a) o desenvolvimento científico não se dá de modo linear, cumulativo e progressivo.

b) o desenvolvimento científico possui momentos de revolução, de ruptura, nos quais há mudança de paradigma.

c) a ciência normal é o período em que a pesquisa científica é dirigida por um paradigma.

d) um exemplo de mudança de paradigma (revolução) na Astronomia e a substituição do sistema geocêntrico aristotélico-ptolomaico pelo sistema heliocêntrico copernicano-galilaico.

e) a ciência não está submetida, de forma alguma, às condições históricas.

 

7. (Uem 2008)  A epistemologia de Thomas Kuhn tem como tese fundamental a mudança de paradigmas que provoca as revoluções científicas; enquanto a epistemologia de Karl Popper se caracteriza pelo princípio da falseabilidade. Assinale o que for correto.

01) Para Thomas Kuhn, as mudanças de paradigmas nas teorias científicas desorganizam a ciência a ponto de impedir um avanço do conhecimento.

02) Para Thomas Kuhn, a revolução copernicana que substitui a explicação ptolomaica geocêntrica pela explicação heliocêntrica caracteriza uma mudança de paradigma e uma revolução na ciência astronômica.

04) Para Karl Popper, o valor de uma teoria não se mede pela sua verdade, mas pela possibilidade de ser falsificada.

08) Para Thomas Kuhn, o paradigma é uma visão de mundo expressa em uma teoria; o paradigma serve para auxiliar o cientista na resolução de seus problemas.

16) Considerando o princípio da falseabilidade, a ciência, para Karl Popper, não se desenvolve de modo linear.

 

8. (Uel 2015)  A concepção positivista de um conhecimento que pudesse se tornar uma representação objetiva da realidade tornou-se o modelo ideal de cientificidade a ser estendido para todas as outras áreas de conhecimento. Ao criticar esse modelo, Popper afirmou:

Sustento que as teorias científicas nunca são inteiramente justificáveis ou verificáveis, mas que, não obstante, são suscetíveis de se verem submetidas à prova. Direi, consequentemente, que a objetividade dos enunciados científicos reside na circunstância de eles poderem ser intersubjetivamente submetidos a teste.

POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 1974. p.46.

Em meio às críticas que, desde o início do seculo XX, vêm desmistificando as pretensões cientificistas calcadas no indutivismo newtoniano, uma pergunta se coloca: que critério permite demarcar e distinguir a ciência da não ciência? Contrário aos critérios metodológicos da verificabilidade dos enunciados e confirmabilidade indutiva, defendidos pelo positivismo, Karl Popper responde a esta questão propondo o critério de falseabilidade que permite determinar se uma hipótese ou uma teoria podem ser consideradas científicas.

Adaptado de: KÖCHE, J. C. Fundamentos de Metodologia Científica: teoria da ciência e prática de pesquisa. 14.ed. rev. ampl. Petrópolis: Vozes, 1997. p.49-77.

Com base nos textos e nos conhecimentos sobre a crítica de Karl Popper, explicite o critério de falseabilidade proposto por este autor.

 

9. (Ufsm 2015)  Há muitas razões para valorizar a ciência. A importância de prever e explicar fenômenos naturais e facilitar nosso controle de ambientes hostis, facilitando nossa adaptação, é uma delas. Em função do sucesso que a ciência tem em explicar muitos fenômenos, a maioria das pessoas não diretamente envolvidas com atividades científicas tende a pensar que uma teoria científica é um conjunto de leis verdadeiras e infalíveis sobre o mundo natural. Mudanças teóricas radicais na história da ciência (como a substituição de um modelo geocêntrico por um modelo heliocêntrico de explicação do movimento planetário) levaram filósofos a suspeitar dessa imagem das teorias científicas. A teoria da ciência do físico e filósofo austríaco Karl Popper se caracterizou por sustentar que as leis científicas possuem um caráter

I. hipotético e provisório.

II. assistemático e irracional.

III. matemático e formal.

IV. contraditório e tautológico.

É/São verdadeira(s) a(s) assertiva(s)

a) I apenas.

b) I e II apenas.

c) III apenas.

d) II e IV apenas.

e) III e IV apenas.

 

10. (Unesp 2015)  Para o teórico Boaventura de Sousa Santos, o direito se submeteu à racionalidade cognitivo-instrumental da ciência moderna e tornou-se ele próprio científico. Existe a necessidade de repensarmos os direitos humanos. Boaventura nos instiga a pensar que eles possuem um caráter racional e regulador da vida humana. Esses direitos não colaboram para eliminar as assimetrias políticas, culturais, sociais e econômicas existentes, especialmente nos países periféricos. Os direitos humanos, num plano universalista e aberto a todos, não modificam as estruturas desiguais, mas ratificam a ordenação normativa para comandar uma sociedade.

(Adriano São João e João Henrique da Silva. “A historicidade dos direitos humanos”. Filosofia, ciência e vida, dezembro de 2014. Adaptado.)

De acordo com o texto, os direitos humanos são passíveis de crítica, porque

a) desempenham um papel meramente formal de proteção da vida.

b) inexistem padrões universalistas aplicáveis à totalidade da humanidade.

c) são incompatíveis com os valores culturais de nações não ocidentais.

d) sua estrutura normativa carece de racionalidade e de cientificidade.

e) são destituídos de uma visão religiosa e espiritualista de mundo.

 

11. (Ufsm 2015)  Há diversos indícios empíricos da evolução das espécies. Alguns desses indícios são conhecidos desde Darwin, tais como o registro fóssil, as variações entre indivíduos de uma mesma espécie e a distribuição geográfica das espécies. Outros indícios provêm de estudos mais recentes, notadamente em genética. O conjunto desses indícios torna a teoria da evolução mais provavelmente verdadeira que qualquer outra hipótese alternativa. Essa inferência, em que se parte de indícios empíricos e se conclui com teorias ou enunciados gerais, é comumente chamada de inferência

a) lógica

b) dedutiva

c) analógica

d) indutiva

e) biológica

 

12. (Unesp 2015)

Texto 1

Karl Popper se diferenciou ao introduzir na ciência a ideia de “falibilismo”. Ele disse o seguinte: “O que prova que uma teoria é científica é o fato de ela ser falível e aceitar ser refutada”. Para ele, nenhuma teoria científica pode ser provada para sempre ou resistir para sempre à falseabilidade. Ele desenvolveu um tipo de teoria de seleção das teorias científicas, digamos, análoga à teoria darwiniana da seleção: existem teorias que subsistem, mas, posteriormente, são substituídas por outras que resistem melhor à falseabilidade.

MORIN, Edgar. Ciência com consciência, 1996. Adaptado.

Texto 2

O paralelismo entre macrocosmos e microcosmos, a simpatia cósmica e a concepção do universo como um ser vivo são os princípios fundamentais do pensamento hermético, relançado por Marcílio Ficino com a tradução do Corpus Hermeticum. Com base no pensamento hermético, não há qualquer dúvida sobre a influência dos acontecimentos celestes sobre os eventos humanos e terrestres. Desse modo, a magia é a ciência da intervenção sobre as coisas, os homens e os acontecimentos, a fim de dominar, dirigir e transformar a realidade segundo a nossa vontade.

REALE, Giovanni. História da filosofia, vol. 2, 1990.

Baseando-se no conceito filosófico de empirismo, descreva o significado do emprego da palavra “ciência” nos dois textos. Explique também o diferente emprego do termo “ciência” em cada um dos textos.

 

13. (Unesp 2015)  A ciência é uma atividade na sua essência antidogmática. Pelo menos deveria sê-lo. A ciência, em particular a física, parte de uma visão do mundo que é, de acordo com a terminologia utilizada por Arquimedes, um pedido que se faz. É assim porque pedimos para que se admita, à escala a que pretendemos descrever os fenômenos, que o mundo assuma uma determinada forma. Os outros pedidos e postulados têm de se inserir, tão pacificamente quanto possível, nesse pedido fundacional. Mas nunca perderão o estatuto de pedidos. Transformá-los em dogmas é perturbar a ciência com atitudes que lhe deveriam ser totalmente estranhas.

(Rui Moreira. “Uma nova visão da natureza”. Le Monde Diplomatique, março de 2015. Adaptado.)

Baseando-se no texto, explique qual deve ser a relação entre ciência e verdades absolutas. Explique também a diferença entre uma visão de mundo baseada em “pedidos” e uma visão de mundo dogmática.

 

14. (Ufpr 2015)  “O paradigma que ele adquiriu graças a uma preparação prévia fornece-lhe as regras do jogo, descreve as peças com que se deve jogar e indica o objetivo que se pretende alcançar. A sua tarefa consiste em manipular as peças segundo as regras de maneira que seja alcançado o objetivo em vista. Se ele falha, como acontece com a maioria dos cientistas, pelo menos na primeira tentativa de atacar um problema, esse fracasso só revela a sua falta de habilidade. As regras fornecidas pelo paradigma não podem então ser postas em questão, uma vez que sem essas regras não haveria quebra-cabeças para resolver. Não há, portanto, dúvidas de que os problemas (ou quebra-cabeças), pelos quais o praticante da ciência madura normalmente se interessa, pressupõem a adesão profunda a um paradigma. E é uma sorte que essa adesão não seja abandonada com facilidade. A experiência mostra que, em quase todos os casos, os esforços repetidos, quer do indivíduo, quer do grupo profissional, acabam finalmente por produzir, dentro do âmbito do paradigma, uma solução mesmo para os problemas mais difíceis. Esta é uma das maneiras pela qual avança.”

KUHN, Thomas, “A Função do Dogma na Investigação Científica”, p. 45-46. http://hdl.handle.net/1884/29751.

 Por que, para Kuhn, é uma sorte que a adesão a um paradigma não seja abandonada com facilidade?

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:

O texto a seguir é referência para a(s) próxima(s) questão(ões).

 “Embora o acolher de um paradigma pareça historicamente uma precondição para investigação científica mais eficaz, os paradigmas que aumentam a eficácia da investigação não necessitam ser, e geralmente não são, permanentes. Pelo contrário, no esquema de desenvolvimento das ciências maduras vai-se passando, em regra, de um paradigma para outro. […] [O] praticante de uma ciência madura sabe com precisão razoável a que tipo de resultado pode chegar com a sua investigação. Em consequência disso, está em posição especialmente favorável para detectar um problema de investigação que saia do esperado. Por exemplo, […] como Copérnico, […] pode concluir que os fracassos repetidos dos seus antecessores, ao ajustar o paradigma à natureza, é evidência inescapável da necessidade de mudar as regras com que se tenta fazer esse ajustamento. […] Como se vê por esses exemplos e por muitos outros, a prática científica normal de solucionar quebra-cabeças pode levar, e leva de fato, ao reconhecimento e isolamento de uma anomalia. Um reconhecimento dessa natureza é, penso eu, precondição para quase todas as descobertas de novos tipos de fenômenos e para todas as inovações fundamentais da teoria científica. Depois que um primeiro paradigma foi alcançado, uma quebra nas regras do jogo preestabelecido é o prelúdio habitual para uma inovação científica importante.”

KUHN, Thomas, “A Função do Dogma na Investigação Científica”, p. 48-49. http://hdl.handle.net/1884/29751.

 

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15. (Ufpr 2015)  Segundo Kuhn, apesar de presentes na histórica da ciência, a sucessão entre concepções científicas distintas – tal como ocorreu entre os modelos heliocêntrico e geocêntrico acima – não são episódios que deveriam ocorrer com grande frequência nas ciências maduras, tais como a astronomia. Por quê?

 

16. (Ufpr 2015)  As imagens representam duas concepções científicas que se sucederam. Como Kuhn denomina esses tipos de acontecimentos e o que os caracteriza?

 

17. (Enem 1999)  (…) Depois de longas investigações, convenci-me por fim de que o Sol é uma estrela fixa rodeada de planetas que giram em volta dela e de que ela é o centro e a chama. Que, além dos planetas principais, há outros de segunda ordem que circulam primeiro como satélites em redor dos planetas principais e com estes em redor do Sol. (…) Não duvido de que os matemáticos sejam da minha opinião, se quiserem dar-se ao trabalho de tomar conhecimento, não superficialmente mas duma maneira aprofundada, das demonstrações que darei nesta obra. Se alguns homens ligeiros e ignorantes quiserem cometer contra mim o abuso de invocar alguns passos da Escritura (sagrada), a que torçam o sentido, desprezarei os seus ataques: as verdades matemáticas não devem ser julgadas senão por matemáticos.

(COPÉRNICO, N. De Revolutionibus orbium caelestium)

Aqueles que se entregam à prática sem ciência são como o navegador que embarca em um navio sem leme nem bússola. Sempre a prática deve fundamentar-se em boa teoria. Antes de fazer de um caso uma regra geral, experimente-o duas ou três vezes e verifique se as experiências produzem os mesmos efeitos. Nenhuma investigação humana pode se considerar verdadeira ciência se não passa por demonstrações matemáticas.

(VINCI, Leonardo da. Carnets)

O aspecto a ser ressaltado em ambos os textos para exemplificar o racionalismo moderno é

a) a fé como guia das descobertas.

b) o senso crítico para se chegar a Deus.

c) a limitação da ciência pelos princípios bíblicos.

d) a importância da experiência e da observação.

e) o princípio da autoridade e da tradição.

 

18. (Uel 2005)  “As experiências e erros do cientista consistem de hipóteses. Ele as formula em palavras, e muitas vezes por escrito. Pode então tentar encontrar brechas em qualquer uma dessas hipóteses, criticando-a experimentalmente, ajudado por seus colegas cientistas, que ficarão deleitados se puderem encontrar uma brecha nela. Se a hipótese não suportar essas críticas e esses testes pelo menos tão bem quanto suas concorrentes, será eliminada”.

(POPPER, Karl. Conhecimento objetivo. Trad. de Milton Amado. São Paulo: Edusp & Itatiaia, 1975. p. 226.)

Com base no texto e nos conhecimentos sobre ciência e método científico, é correto afirmar:

a) O método científico implica a possibilidade constante de refutações teóricas por meio de experimentos cruciais.

b) A crítica no meio científico significa o fracasso do cientista que formulou hipóteses incorretas.

c) O conflito de hipóteses científicas deve ser resolvido por quem as formulou, sem ajuda de outros cientistas.

d) O método crítico consiste em impedir que as hipóteses científicas tenham brechas.

e) A atitude crítica é um empecilho para o progresso científico.

 

19. (Ufma 2006)  Identifique as afirmativas que contêm proposições corretas quanto à objetividade requisitada pelo conhecimento científico. A seguir, marque a opção correta.

I. A neutralidade científica necessária para a efetivação da objetividade não pode ser pensada de forma absoluta.

II. O evento investigado pelo cientista possibilita sua plena compreensão e, portanto, a obtenção de um conhecimento infalível e verdadeiro.

III. A ciência avança por uma série de aproximações para uma verdade objetiva jamais alcançada, sendo possível afirmar apenas que há um certo grau de objetividade.

IV. O uso de métodos, testes, amostras significativas, preservaria o rigor, garantindo por si só a objetividade do conhecimento científico.

Estão corretas apenas:

a) II e III

b) I, II e IV

c) I e III

d) I e IV

e) II, III e IV

 

20. (Uel 2006)  Uma das afirmações mais conhecidas e citadas de Galileu, que reflete o novo projeto da ciência da natureza, é a seguinte: “A filosofia está escrita neste grandíssimo livro que aí está aberto continuamente diante dos olhos (digo, o universo), mas não se pode entendê-lo se primeiro não se aprende a entender a língua e conhecer os caracteres nos quais está escrito.

Ele está escrito em língua matemática, e os caracteres são triângulos, círculos e outras figuras geométricas, meios sem os quais é humanamente impossível entender-lhe sequer uma palavra; sem estes trata-se de um inútil vaguear por obscuro labirinto.”

(NASCIMENTO, Carlos Arthur R. De Tomás de Aquino a Galileu. 2. ed. Campinas: UNICAMP, 1998. p. 176.)

 Com base no texto e nos conhecimentos sobre a concepção de ciência em Galileu, é correto afirmar:

a) Ciência é o conhecimento fixo, estável e perene da essência constitutiva da realidade, alcançável por meio da abstração.

b) A autonomia da explicação científica baseia-se em argumentos de autoridade e princípios metafísicos que justificam a verdade imutável do mundo natural.

c) A verdade natural é conhecida independente de teorias e da realização de experiências, já que o fator primordial da ciência é o uso da matemática para decifrar a essência do mundo.

d) A compreensão da natureza por meio de caracteres matemáticos significa decifrar a obra da criação e, consequentemente, ter acesso ao conhecimento do próprio criador.

e) A ciência busca construir o conhecimento assentado na razão do sujeito e no controle experimental dos fenômenos naturais representados matematicamente.

 

 

  

Gabarito:  

Resposta da questão 1:D

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Biologia]

A teoria evolucionista de Charles Darwin propõe que as espécies evoluíram a partir de modificações de ancestrais aparentados entre si. As espécies extintas deixaram descendentes que formaram as espécies atuais.

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Filosofia]

Na frase do enunciado, Darwin evoca, de maneira irônica, a possibilidade de sua teoria poder estar errada. Para ele, a ancestralidade é uma característica comum a todas as espécies de seres vivos, que, por isso, são considerados como sendo aparentados entre si, mesmo que através de um ancestral longínquo. Vale ressaltar que sua teoria da Evolução contraria tanto o criacionismo religioso quanto o essencialismo platônico ao desconsiderar a existência de espécies únicas e diferentes entre si em essência.  

 

Resposta da questão 2: E

[Resposta do ponto de vista da disciplina de Filosofia]

Galileu era não só um sujeito capaz da mais convincente retórica, como também um sujeito capaz das afirmações mais difíceis. Perante o forte discurso religioso – forte, porém inapropriado para a ciência –, Galileu cumpriu a delicada tarefa de afirmar uma ciência nova baseada puramente na matemática, distante da fé e de qualquer autoridade que não fosse a experiência.

“E talvez tenha ocorrido em Siena o efetivo pronunciamento do famoso Eppur si muove. Vejamos que história é essa. Segundo dois livros de meados do século XVIII, logo depois de abjurar, Galileu teria dito “E, no entanto, se move”, referindo-se ao movimento da Terra que acabara de renegar. Os estudiosos sempre acharam esse rompante impossível, ou porque não haveria testemunhas favoráveis para registrá-lo ou porque Galileu saberia das terríveis consequências de tal gesto, se fosse percebido por um inquisidor. Porém, o restauro em 1911 de um quadro espanhol de 1643, no qual aparece inscrita aquela frase, mostra que a história quase certamente já era divulgada com Galileu ainda vivo. E é bastante possível que ele tenha altiva e jocosamente pronunciado tal afirmação numa das recepções de Picolomini”. (P. R. Mariconda & J. Vasconcelos. Galileu – e a nova Física. In Coleção Imortais da ciência. São Paulo: Odysseus Editora, 2006, p. 184)

 

[Resposta do ponto de vista da disciplina de História]

Galileu e suas ideias desafiaram a Igreja Católica e seus dogmas na época do Renascimento, propondo uma observação do mundo baseada em caracteres matemáticos e astronômicos e não mais religiosos. A passagem da questão ressalta que, para ele, a Bíblia pode ser interpretada de diferentes maneiras e que, para a observação da natureza, ela não tem valor nenhum.  

 

Resposta da questão 3:

 a) Em discordância em relação às afirmações dos três leitores, observa-se que Thomas Kuhn por meio da obra “A Função do Dogma na Investigação Científica”, estabelece que a ciência não está livre de dogmas. O autor coloca que, devido aos paradigmas que existem como modelos explicativos da realidade, as ciências naturais não são neutras, pois estão permeadas por ideologias e sofrem também a influência econômica. Isto se dá, pois os paradigmas estabelecem modelos que foram criados a partir de um contexto particular, sofrendo a influência das ideologias dominantes e da economia. Estas visões particulares vão se somando a outras e acabam por criar modelos gerais que, por sua vez, estão permeados por dogmas. Não é possível assim, como afirmam os três leitores, determinar que a ciência não possua um lado dogmático.

 

b) Em concordância com o editorial, utilizando-se da perspectiva de Jürgen Habermas, deve-se entender que, segundo este autor, a questão da fé e religião misturou-se no fim da idade antiga e início da idade média. Esta forma de pensar acabou por moldar o modo como o ocidente compreende a questão religiosa. Assim, pensando na justificativa religiosa, Habermas entende que o conflito entre o senso comum, como fonte de explicação imediata, e a razão, com a exigência da justificativa racional, na verdade é mal compreendido. O autor percebe que uma destas concepções não se anula, pelo contrário, ambas as formas se combinam e possuem possibilidade de compreensão e explicação mútua. A maior dificuldade é o fato de que o Estado Liberal pretende determinar o modo como os indivíduos devem perceber a questão religiosa, isto é, o estado secular não compreende a questão da religião sob a visão de uma comunidade religiosa, mas estabelece que as crenças devam ser entendias a partir da visão privada, exigindo uma postura clara e pública da fé professada. Assim ocorre a separação da questão religiosa com a questão racional. A exigência de uma tradução da fé para a linguagem racional cria uma perda do sentimento religioso, apenas para que as maiorias deem o seu consentimento em relação àquilo que o crente acredita, ampliando ainda mais o abismo entre uma possível conciliação entre fé e razão.

 

Resposta da questão 4: 01 + 02 + 16 = 19.

Uma ciência madura, de acordo com Kuhn, experimenta fases alternativas de ciência normal e revoluções. Durante o período de ciência normal, as teorias chaves, os instrumentos, os valores e as pressuposições metafísicas, que compreendem a matriz disciplinar, são mantidos fixos, permitindo a geração cumulativa de soluções para quebra-cabeças (puzzle-solutions), enquanto durante uma revolução científica, a matriz disciplinar perpassa uma revisão, isto em vista da solução de perplexidades maiores e mais sérias que perturbavam o funcionamento da ciência normal.

Para uma noção geral:

Kuhn, T. S. A estrutura das revoluções científicas. São Paulo: Editora Perspectiva, 2010.  

 

Resposta da questão 5: A

Ao contrário de Popper, que pensa a ciência a partir da noção de refutabilidade, Kuhn desenvolve a noção de paradigma para explicar o desenvolvimento científico.  

 

Resposta da questão 6: E

Somente a alternativa [E] está incorreta. De fato, o texto afirma que “a ciência normal, conforme Kuhn, funciona submetida por paradigmas estabelecidos historicamente num campo contextual de problemas e soluções concretas”, e isso é justamente o contrário do que está afirmado na alternativa [E].  

 

Resposta da questão 7: 02 + 04 + 08 + 16 = 30.

Ótima questão, que compara as teorias de Thomas Kuhn e de Karl Popper a respeito do desenvolvimento científico. Somente a afirmativa [01] é falsa. Ambos não consideram que o desenvolvimento ocorre de forma linear. Entretanto, a forma como explicam tal desenvolvimento é bastante diferente, sendo que a teoria de Kuhn está bem expressa nas afirmativas [02] e [08], enquanto que a de Popper está apresentada nas afirmativas [04] e [16].  

 

Resposta da questão 8:

Popper parte do pressuposto de que não podemos atingir a verdade de uma teoria, pois são todas indutivas (método proposto pelo positivismo), portanto não pode abarcar todos os casos a que se propõe. Assim o filósofo estabelece como método mais adequado para as ciências, o método da refutação. O critério de falseabilidade relaciona-se com a necessidade de submeter uma teoria à prova, buscando demonstrar sua falsidade ou de refutá-la com base em um método crítico. Este método de pesquisa científica proposto por Popper consiste em formular hipóteses e depois, por meio de exames experimentais cruciais, procurar exaustivamente contestá-las ou refutá-las. Se essas se permitem ser testadas com o intuito de serem falseadas, então elas são consideradas teorias científicas. Em outras palavras, somente teorias capazes de se submeterem ao crivo da refutação ou falseamento podem ser consideradas científicas.

Para Popper, uma teoria se manterá válida até o momento em que não resistir à refutação de outras possíveis teorias. Quando uma teoria resiste à refutação, a objetividade de sua descrição do mundo real é corroborada: é essa a condição que garante a validade de um discurso científico. A validade científica de uma teoria, portanto, não se mede por sua verdade confirmada indutivamente, mas pela possibilidade de, por um método crítico, intersubjetivamente desenvolvido, resistir à refutação ou ao falseamento.  

 

Resposta da questão 9: A]

Segundo as teorias desenvolvidas por Karl Popper, todo conhecimento científico é falível e provisório, pois não é possível confirmar a veracidade de uma teoria apenas pela confirmação de alguns resultados que esta teoria pretende prever. Os resultados previstos em uma teoria podem ser alterados por de fatores diversos que podem impossibilitar a previsão feita sobre todos os resultados a que a teoria se refere. Desta maneira, para este autor, a verdade é inalcançável, só podemos nos aproximar dela por meio de tentativas. Segundo ele, as teorias devem passar por um processo de falseamento, no qual por meio de procedimentos científicos racionais e sérios, seja possível identificar o alcance das previsões que a teoria pretende. Quanto mais a teoria puder resistir às tentativas de falsificação, mais confiável ela é. Este método proposto por Karl Popper é conhecido como falsificacionismo. Portanto, mesmo que uma teoria resista a este método e seja considerada uma teoria científica válida, ela jamais poderá ser geral ou definitiva. Os itens [II], [III] e [IV] descrevem de forma coerente conceitos trabalhados nas teorias desenvolvidas por Karl Popper.  

 

Resposta da questão 10: A

No texto da questão dois pontos são destacados como referente ao papel dos direitos humanos, sendo eles: o “caráter racional e regulador da vida humana” e “ratificam a ordenação normativa para comandar a sociedade”. Estas afirmações encontram respaldo na filosofia política dos contratualistas que estabelece que os direitos inerentes aos seres humanos, e que não estão sujeitos à discussão, pois surgem devido à conveniência dos homens que abrem mão de sua liberdade para viverem em sociedade. Assim, surge o direito natural como polo regulador dos limites que a sociedade organizada não pode ultrapassar na consolidação de sua estrutura. Contudo, o texto nos coloca que devido ao progresso das ciências atualmente se descaracterizou sua fundamentação passando estes, a serem tratados como conceito obsoleto que pode ser questionado livremente sem que haja qualquer empecilho caso se julgue que eles não atendam mais as concepções vigentes. Portanto, da mesma forma, os direitos humanos não se fazem mais uma garantia absoluta para a proteção a vida, mas constituem-se como meras referências formais na realidade universal.  

 

Resposta da questão 11: D

 

Segundo o fragmento de texto, embora os procedimentos científicos sejam baseados em procedimentos lógicos, deve-se atentar para o fato de que a Lógica é o ramo da filosofia que trata das leis gerais que regem o pensamento, no intuito de alcançarmos a verdade através da análise da correlação entre as informações obtidas pelo intelecto. Assim, a lógica se divide basicamente em três tipos de raciocínio: dedutivo, indutivo e analogia. Estes raciocínios são estruturados por meio de proposições ou premissas (frases que relacionam conceitos afirmando-os ou negando-os) que geram inferências. As inferências representam o resultado de uma operação que afirma a verdade de uma proposição em decorrência de outras proposições verdadeiras. Na inferência da dedução, a verdade da conclusão obtida está contida dentro das proposições, sem que o conteúdo descrito na conclusão vá além das informações descritas. Na inferência da analogia, as proposições são dispostas por meio da comparação com outras proposições, mas não há uma garantia de verificação, portanto sua conclusão não pode ser validada. Na inferência da indução, a conclusão vai além do conteúdo descritos nas proposições, isto quer dizer que a conclusão extrapola o número de casos descritos nas proposições, criando uma generalização. No caso da teoria de Darwin, suas conclusões foram obtidas por meio de inferências indutivas.  

 

Resposta da questão 12:

No primeiro texto o emprego da palavra ciência esta no sentido de que o conhecimento, ou seja, as teorias científicas não são absolutas, elas são temporais e podem ser desmentidas, ou “falseadas”. Segundo Karl Popper as explicações fornecidas pelas teorias científicas não podem assumir um caráter infalível, com o desenrolar do tempo, formas de conhecimento, isto é, teorias mais gerais e mais amplas substituirão as teorias antigas assim como na teoria darwiniana da evolução das espécies, nas quais espécies mais adaptadas ao meio superar seus antecessores.

No segundo texto o termo ciência é utilizado como um conhecimento integrado no qual não se pode prever ou determinar com exatidão seu sentido, separado do todo. O hermetismo propõe uma síntese do universo que recebe influências da realidade suprassensível, ou seja, a influência do pensamento de Platão, mas destacadamente de Plotino, marca esta concepção de ideal que não pode ser alcançado plenamente, mas que pode ser apenas contemplado. O conhecimento da ciência seria então uma compreensão divinizada da natureza.

 

 

Resposta da questão 13:

A ciência propõe teorias e hipóteses como forma de se produzir conhecimento a partir do exercício da observação da realidade empírica e da experimentação. Tal forma de produção de conhecimento não se situa nas fórmulas prontas e dogmáticas que interpretam o mundo. Arquimedes foi, de fato, um físico e matemático que desconfiava das verdades dogmáticas e absolutas.

A ciência “pede” que se admita que o mundo assuma uma determinada forma, isso significa que o conhecimento científico tem um caráter hipotético e dinâmico, diferente da visão dogmática que impõe uma interpretação inflexível, não baseada em experimentos dos fenômenos. Um pedido na concepção metodológica da ciência soa como uma “suponhamos”, abrindo assim portas para o levantamento de hipóteses capazes de se aproximar do mundo real.  

 

Resposta da questão 14:

Para Kuhn, a alteração dos paradigmas dificulta a continuidade dos esforços realizados para solucionar problemas que surgem no interior do próprio paradigma. Os paradigmas se alteram quando ocorre uma ruptura radical, que altera significativamente as condições vigentes, criando assim um novo paradigma. Contudo, os ecos do paradigma anterior ainda se farão presentes por um longo período. Assim, a sorte para Kuhn representa a grande dificuldade que a mudança de paradigma representa. Portanto, quanto maior o esforço (adesão) para a manutenção de um paradigma, mais haverá tempo para que as práticas desenvolvidas pela ciência e pelos cientistas se mantenham no intuito de obter resultados, mesmo que difíceis, para a solução dos problemas que surgem.  

 

Resposta da questão 15:

Para Kuhn, um paradigma maduro mostra-se fortemente enraizado na comunidade científica, isto faz com que se torne difícil realizar mudanças em concepções que se apresentam fortemente enraizadas. Todas as sucessões de concepções científicas trazem consigo mudanças que questionam os modelos que se apresentam como explicativos da realidade. A libertação de formas de compreender a realidade, neste sentido, refere-se às maneiras particulares de ver o mundo. Daí a resistência da comunidade científica em se desvincular de suas concepções consagradas. Por exemplo, destaca-se a complexidade enfrentada pela astronomia no caso da mudança de explicação da realidade proposta pelo modelo geocêntrico pelo modelo heliocêntrico.  

 

Resposta da questão 16:

Segundo Kuhn, as mudanças de paradigmas são chamadas de “revoluções científicas”, pois estas mudanças trazem consigo inovações científicas importantes. Kuhn reconhece que é necessário “mudar as regras do jogo” para que se avance no desenvolvimento científico. Esta nova condição, ou melhor, nova exigência, modifica o modo existente de compreender a realidade e colabora para uma ampliação da visão de mundo, pois o paradigma que foi quebrado já alcançou seu ápice no que diz respeito às respostas que poderia formular para a compreensão do mundo. Fazem-se necessárias, assim, novas maneiras de formular respostas mais abrangentes. Estas mudanças sempre trazem consigo rupturas significativas, senso assim determinadas de revoluções, em, outras palavras, no caso da ciência, revoluções científicas.  

 

Resposta da questão 17: D

 

A experiência ou experimentação é o estudo dos fenômenos em condições que foram determinadas pelo observador e sua importância está no oferecimento de condições privilegiadas para a observação, podendo assim, repetir e varias as experiências, tornar mais rápido ou mais lento os fenômenos e até simplificá-los. No geral a experimentação confirma a hipótese, porém quando isto não ocorre, precisam repeti-la ou modificá-la.

A observação científica é rigorosa, precisa, metódica e, portanto, orientada para a explicação dos fatos e para isto, se utilizam de microscópio, telescópio, sismógrafo, balança, termômetro, entre outros instrumentam que proporcionam maior rigor à observação bem como a tornam mais objetiva porque quantificam o que está sendo observado.  

 

Resposta da questão 18: A

 

Karl Popper, um dos principais filósofos da ciência do século XX, analisa o progresso científico mediante a eliminação do erro e das refutações teóricas, que devem ser criticadas experimentalmente.  

 

Resposta da questão 19: C

 

A objetividade da ciência é bastante controversa. Atualmente, sabe-se que não existe neutralidade nem objetividade absoluta na ciência. Esta, ainda que se utilize de métodos rigorosos e dados empíricos, é guiada por uma série de regras institucionais e limitações teóricas e metodológicas que não lhe permitem desenvolver um conhecimento absolutamente correto e objetivo. O que existe são aproximações e formas de criação de legitimidade para o conhecimento produzido por cientistas.  

 

Resposta da questão 20: E

 

A alternativa [E] é aquele que mais se aproxima à argumentação de Galileu Galilei. Sua visão, acompanhando o pensamento renascentista, não se baseia na religião para a explicação das causas e do universo, mas coloca a razão como instrumento principal de conhecimento. Tal conhecimento exigiria uma linguagem adequada (a matemática) e um método (a experimentação).  

Questões múltiplas escolhas – vestibular – Sartre

 

1. (Ufsj 2013) Leia atentamente os fragmentos abaixo.

 I.“Também tem sido frequentemente ensinado que a fé e a santidade não podem ser atingidas pelo estudo e pela razão, mas sim por inspiração sobrenatural, ou infusão, o que, uma vez aceita, não vejo por que razão alguém deveria justificar a sua fé…”.

II. “O homem não é a consequência duma intenção própria duma vontade, dum fim; com ele não se fazem ensaios para obter-se um ideal de humanidade; um ideal de felicidade ou um ideal de moralidade; é absurdo desviar seu ser para um fim qualquer”.

III. “(…) podemos estabelecer como máxima indubitável que nenhuma ação pode ser virtuosa ou moralmente boa, a menos que haja na natureza humana algum motivo que a produza, distinto do senso de sua moralidade”.

IV. “A má-fé é evidentemente uma mentira, porque dissimula a total liberdade do compromisso. No mesmo plano, direi que há também má-fé, escolho declarar que certos valores existem antes de mim (…).”

Os quatro fragmentos de texto acima são, respectivamente, atribuídos aos seguintes pensadores

a) Nietzsche, Sartre, Hobbes, Hume.

b) Hobbes, Nietzsche, Hume, Sartre.

c) Hume, Nietzsche, Sartre, Hobbes.

d) Sartre, Hume, Hobbes, Nietzsche.

 

2. (Ufsj 2013) Na obra “O existencialismo é um humanismo”, Jean-Paul Sartre intenta

a) desenvolver a ideia de que o existencialismo é definido pela livre escolha e valores inventados pelo sujeito a partir dos quais ele exerce a sua natureza humana essencial.

b) mostrar o significado ético do existencialismo.

c) criticar toda a discriminação imposta pelo cristianismo, através do discurso, à condição de ser inexorável, característica natural dos homens.

d) delinear os aspectos da sensação e da imaginação humanas que só se fortalecem a partir do exercício da liberdade.

 

3. (Unioeste 2013) “Quando dizemos que o homem se escolhe a si mesmo, queremos dizer que cada um de nós se escolhe a si próprio; mas com isso queremos também dizer que, ao escolher-se a si próprio, ele escolhe todos os homens. Com efeito, não há de nossos atos um sequer que, ao criar o homem que desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem do homem como julgamos que deve ser. Escolher isto ou aquilo é afirmar ao mesmo tempo o valor do que escolhemos, porque nunca podemos escolher o mal, o que escolhemos é sempre o bem, e nada pode ser bom para nós sem que o seja para todos. Se a existência, por outro lado, precede a essência e se quisermos existir, ao mesmo tempo em que construímos a nossa imagem, esta imagem é válida para todos e para a nossa época. Assim, a nossa responsabilidade é muito maior do que poderíamos supor, porque ela envolve toda a humanidade”.

Sartre.

Considerando o texto citado e o pensamento sartreano, é INCORRETO afirmar que

a) o valor máximo da existência humana é a liberdade, porque o homem é, antes de mais nada, o que tiver projetado ser, estando “condenado a ser livre”.

b) totalmente posto sob o domínio do que ele é, ao homem é atribuída a total responsabilidade pela sua existência e, sendo responsável por si, é também responsável por todos os homens.

c) o existencialismo sartreano é uma moral da ação, pois o homem se define pelos seus atos e atos, por excelência, livres, ou seja, o “homem não é nada além do conjunto de seus atos”.

d) o homem é um “projeto que se vive subjetivamente”, pois há uma natureza humana previamente dada e predefinida, e, portanto, no homem, a essência precede a existência.

e) por não haver valores preestabelecidos, o homem deve inventá-los através de escolhas livres, e, como escolher é afirmar o valor do que é escolhido, que é sempre o bem, é o homem que, através de suas escolhas livres, atribui sentido a sua existência.

 

4. (Ufsj 2013) “Não que acreditemos que Deus exista; pensamos antes que o problema não está aí, no da sua existência […] os cristãos podem apelidar-nos de desesperados”.

Essa afirmação revela o pensador

a) Thomas Hobbes, defendendo o seu pensamento objetivo de que “o homem deve ser tomado como um elemento de construção da monarquia”.

b) Nietzsche, perseguindo o direito do homem de tomar posse do seu reino animal e da sua superação e de reconduzir-se às verdades implícitas nele próprio.

c) Jean-Paul Sartre, desenvolvendo um argumento, no qual chega à conclusão de que o existencialismo é um otimismo.

d) David Hume, criticando as clássicas provas a favor da existência de Deus.

 

5. (Ufu 2013) Para J.P. Sartre, o conceito de “para-si” diz respeito

a) a uma criação divina, cujo agir depende de princípio metafísico regulador.

b) apenas à pura manutenção do ser pleno, completo, da totalidade no seio do que é.

c) ao nada, na medida em que ele se especifica pelo poder nadificador que o constitui.

d) a algo empastado de si mesmo e, por isso, não se pode realizar, não se pode afirmar, porque está cheio, completo.

 

6. (Ufu 2012) Leia o excerto abaixo e assinale a alternativa que relaciona corretamente duas das principais máximas do existencialismo de Jean-Paul Sartre, a saber:

“a existência precede a essência”

“estamos condenados a ser livres”

Com efeito, se a existência precede a essência, nada poderá jamais ser explicado por referência a uma natureza humana dada e definitiva; ou seja, não existe determinismo, o homem é livre, o homem é liberdade. Por outro lado, se Deus não existe, não encontramos já prontos, valores ou ordens que possam legitimar a nossa conduta. […] Estamos condenados a ser livres. Estamos sós, sem desculpas. É o que posso expressar dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado, porque não se criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma vez que foi lançado no mundo, é responsável por tudo o que faz.

SARTRE, Jean-Paul. O Existencialismo é um Humanismo. 3ª. ed. S. Paulo: Nova Cultural, 1987.

a) Se a essência do homem, para Sartre, é a liberdade, então jamais o homem pode ser, em sua existência, condenado a ser livre, o que seria, na verdade, uma contradição.

b) A liberdade, em Sartre, determina a essência da natureza humana que, concebida por Deus, precede necessariamente a sua existência.

c) Para Sartre, a liberdade é a escolha incondicional, à qual o homem, como existência já lançada no mundo, está condenado, e pela qual projeta o seu ser ou a sua essência.

d) O Existencialismo é, para Sartre, um Humanismo, porque a existência do homem depende da essência de sua natureza humana, que a precede e que é a liberdade.

 

7. (Ufsj 2012) Sobre a interferência de Jean-Paul Sartre na filosofia do século XX, é CORRETO afirmar que ele

a) reconhece a importância de Diderot, Voltaire e Kant e repercute a interferência positiva destes na noção de que cada homem é um exemplo particular no universo.

b) faz a inversão da noção essencialista ao apregoar que o Homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo e só após isso se define. Assim, não há natureza humana, pois não há Deus para concebê-la.

c) inaugura uma nova ordem político-social, segundo a qual o Homem nada mais é do que um projeto que se lança numa natureza essencialmente humana.

d) diz que ser ateu é mais coerente apesar de reconhecer no Homem uma virtu que o filia, definitivamente, a uma consciência a priori

 

8. (Ufsj 2012) A angústia, para Jean-Paul Sartre, é

a) tudo o que a influência de Shopenhauer determina em Sartre: a certeza da morte. O Homem pode ser livre para fazer suas escolhas, mas não tem como se livrar da decrepitude e do fim.

b) a nadificação de nossos projetos e a certeza de que a relação Homem X natureza humana é circunstancial, objetiva, e pode ser superada pelo simples ato de se fazer uma escolha.

c) a certificação de que toda a experiência humana é idealmente sensorial, objetivamente existencial e determinante para a vida e para a morte do Homem em si mesmo e em sua humanidade.

d) consequência da responsabilidade que o Homem tem sobre aquilo que ele é, sobre a sua liberdade, sobre as escolhas que faz, tanto de si como do outro e da humanidade, por extensão.

 

9. (Unioeste 2012) “O que significa aqui o dizer-se que a existência precede a essência? Significa que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define. O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. (…) O homem é, não apenas como ele se concebe, mas como ele quer que seja, como ele se concebe depois da existência, como ele se deseja após este impulso para a existência; o homem não é mais que o que ele faz. (…) Assim, o primeiro esforço do existencialismo é o de por todo o homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir a total responsabilidade de sua existência. (…) Quando dizemos que o homem se escolhe a si, queremos dizer que cada um de nós se escolhe a si próprio; mas com isso queremos também dizer que, ao escolher-se a si próprio, ele escolhe todos os homens. Com efeito, não há de nossos atos um sequer que, ao criar o homem que desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem do homem como julgamos que deve ser”.

Sartre.

Considerando a concepção existencialista de Sartre e o texto acima, é incorreto afirmar que

a) o homem é um projeto que se vive subjetivamente.

b) o homem é um ser totalmente responsável por sua existência.

c) por haver uma natureza humana determinada, no homem a essência precede a existência.

d) o homem é o que se lança para o futuro e que é consciente deste projetar-se no futuro.

e) em suas escolhas, o homem é responsável por si próprio e por todos os homens, porque, em seus atos, cria uma imagem do homem como julgamos que deve ser.

 

10. (Ufsj 2012) “Subjetividade” e “intersubjetividade” são conceitos com os quais Sartre pontua o seu Nesse contexto, tais conceitos revelam que

a) o cogito cartesiano desabou sobre o existencialismo na mesma proporção com que a virtu socrática precipitou-se sobre o materialismo dialético do século XX.

b) “Penso, logo existo” deve ser o ponto de partida de qualquer filosofia. Tal subjetividade faz com que o Homem não seja visto como objeto, o que lhe confere verdadeira dignidade. A descoberta de si mesmo o leva, necessariamente, à descoberta do outro, implicando uma intersubjetividade.

c) o Homem é dado, é unidade, é união e é intersubjetividade; portanto, a sua existência é agregadora e desapegada da tão apregoada subjetividade clássica, por isso mesmo tão crucial para Sartre.

d) não há um só lampejo de subjetividade que não tenha se reinaugurado na intersubjetividade, isto é, na idealidade que instrui as prerrogativas para se instalarem as escolhas do sujeito, definindo-o.

 

11. (Ifsp 2011) Ao defender as principais teses do Existencialismo, Jean-Paul Sartre afirma que o ser humano está condenado a ser livre, a fazer escolhas e, portanto, a construir seu próprio destino. O pressuposto básico que sustenta essa argumentação de Sartre é o seguinte:

a) A suposição de que o homem possui uma natureza humana, o que significa que cada homem é um exemplo particular de um conceito universal.

b) A compreensão de que a vida humana é finita e de que o homem é, sobretudo, um ente que está no mundo para a morte.

c) A ideia de que a existência precede a essência e, por isso, o ser humano não está predeterminado a nada.

d) A convicção de que o homem está desamparado e é impotente para mudar o seu destino individual.

e) A ideia de que toda pessoa tem uma potencial a realizar, desde quando nasce, mas é livre para transformar ou não essa possibilidade em realidade.

 

12. (Ufsj 2011) Sartre define o entendimento de que a existência precede a essência como:

a) “a compreensão de que o inferno são os outros e de que, assim, o Homem que se alcança diretamente pelo cogito descobre também todos os outros homens”.

b) “a compreensão dos conceitos de angústia, descompasso, má fé e desespero”.

c) “que na verdade, para o existencialista, não existe amor essencial, senão aquele que se constrói na perspectiva da escolástica”.

d) “o significado de que o Homem existe, encontra a si mesmo, surge no mundo e só posteriormente se define”.

 

13. (Ufsj 2011) No debate do problema acerca do significado de transcendência, é CORRETO afirmar que, para Sartre, ela:

a) “é um elemento constitutivo do Homem que se dá no sentido de superação”.

b) “ocorre no campo da estética e da faculdade do juízo”.

c) “é compreendida no âmbito do sentido em que Deus é transcendente”.

d) “permite aos homens se aproximarem dos aspectos teológicos e teologais inerentes à existência humana”.

 

14. (Uema 2011) O tema da liberdade é discutido por muitos filósofos. No existencialismo francês, Jean-Paul Sartre, particularmente, compreende a liberdade enquanto escolha incondicional.

Entre as afirmações abaixo, a única que está de acordo com essa concepção de liberdade humana é:

a) O homem primeiramente tem uma essência divinizada e depois uma existência manifestada na história de sua vida.

b) O homem não é mais do que aquilo que a sociedade faz com ele.

c) O homem primeiramente existe porque sendo consciente é um ser em si e para o outro.

d) O homem é determinado por uma essência superior, que é o Deus da existência, pois, primeiramente não é nada.

e) O homem primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer.

 

15. (Ueap 2011) “A existência precede a essência.” O que melhor define esta frase do filósofo francês Sartre?

a) Primeiro o homem existe, depois se define.

b) O homem é o que ele concebe e não o que ele faz.

c) O homem é “em si” e não “para si”.

d) A vida de um homem está ligada a sua essência.

e) A vida humana é totalmente determinada por Deus.

 

16. (Ufu 2011) Jean-Paul Sartre (1905 – 1980) encontrou um motivo de reflexão sobre a liberdade na obra de Dostoiévski Os irmãos Karamazov: “se Deus não existe, tudo é permitido”. A partir daí teceu considerações sobre esse tema e algumas consequências que dele podem ser derivadas.

[…] tudo é permitido se Deus não existe e, por conseguinte, o homem está desamparado porque não encontra nele próprio nem fora dele nada a que se agarrar. Para começar, não encontra desculpas. […] Estamos sós, sem desculpas. É o que posso expressar dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado, porque não se criou a si mesmo, e como, no entanto, é livre, uma vez que foi lançado no mundo, é responsável por tudo o que faz.

SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. São Paulo: Nova Cultural, 1987, p. 9 (coleção “Os Pensadores”).

Com base em seus conhecimentos sobre a filosofia existencialista de Sartre e nas informações acima, assinale a alternativa correta.

a) Porque entende que somos livres, Sartre defendeu uma filosofia não engajada, isto é, uma filosofia que não deve se importar com os acontecimentos sociais e políticos de seu tempo.

b) Para Sartre, a angústia decorre da falta de fé em Deus e não do fato de sermos absolutamente livres ou como ele afirma “o homem está condenado a ser livre”.

c) As ações humanas são o reflexo do equilíbrio entre o livre-arbítrio e os planos que Deus estabelece para cada pessoa, consistindo nisto a verdadeira liberdade.

d) Para Sartre, as ações das pessoas dependem somente das escolhas e dos projetos que cada um faz livremente durante a vida e não da suposição da existência e, portanto, das ordens de Deus.

 

17. (Ufsj 2011) Para Sartre, “o Homem é livre, o Homem é liberdade”. Com relação a tal princípio, é CORRETO afirmar que o homem é:

a) “a expressão de que tudo é permitido por meio da liberdade e que provém da existência de Deus”.

b) “um animal político no sentido aristotélico e por isso necessita viver a liberdade política em comunidade”.

c) “um ser que depende da liberdade divina e necessita que o futuro esteja inscrito no céu”.

d) “condenado a ser livre, uma vez que foi lançado no mundo, é responsável por tudo que faz”.

 

18. (Unioeste 2011) “Só pelo fato de que tenho consciência dos motivos que solicitam minha ação, esses motivos já são objetos transcendentes para minha consciência, estão fora; em vão buscaria agarrar-me a eles, escapo disto por minha existência mesma. Estou condenado a existir para sempre além de minha essência, além dos móveis e dos motivos de meu ato: estou condenado a ser livre. Isto significa que não se poderia encontrar para a minha liberdade outros limites senão ela mesma, ou, se se prefere, não somos livres de cessar de ser livres. (…) O sentido profundo do determinismo é o de estabelecer em nós uma continuidade sem falha da existência em si. (…) Mas em vez de ver transcendências postas e mantidas no seu ser por minha própria transcendência, supor-se-á que as encontro surgindo no mundo: elas vêm de Deus, da natureza, da ‘minha’ natureza, da sociedade. (…) Essas tentativas abortadas para sufocar a liberdade – elas desmoronam quando surge, de repente, a angústia diante da liberdade – mostram bastante que a liberdade coincide no fundo com o nada que está no coração do homem”.

Sartre.

Com base no texto, seguem as seguintes afirmativas:

I. No homem, a existência precede a essência.

II. Em sua essência, o homem é um ser determinado quer seja, ou por Deus, ou pela natureza, ou pela sociedade.

III. Os limites da minha liberdade são estabelecidos pelos valores religiosos, estéticos, políticos e sociais.

IV. “O homem não está livre de ser livre”, pois não é possível “cessar de ser livre”.

V. A liberdade humana, em suas escolhas, se orienta por valores objetivos e pré-determinados.

Assinale a alternativa correta.

a) Apenas II está correta.

b) Apenas I e IV estão corretas.

c) Apenas II e IV estão corretas.

d) Apenas III e V estão corretas.

e) Todas as afirmativas estão corretas.

 

19. (Uenp 2011) O existencialismo é uma corrente filosófica que destaca a liberdade individual, a responsabilidade e a subjetividade. Ele acredita que a existência precede a essência, ou melhor, que não existe uma essência do humano pré-concebida e eterna, o humano é construído pelas escolhas individuais na história pessoal de cada um. De acordo com o pensamento de Sartre, assinale a alternativa incorreta:

a) A consciência humana é um nada que se projeta para se tornar algo, de forma que lançando-se no mundo e sofrendo com ele, se define. O homem será sempre o que fizer de si mesmo.

b) De acordo com Sartre, o homem é responsável por suas escolhas e não deve agir com má fé de consciência, que consistiria na simulação de não ser livre, imputando a responsabilidade da felicidade ou infelicidade a causas externas.

c) A existência pessoal de alguém é atestada pelo olhar do outro, e isso confirma a dialeticidade da existência humana, de “ser com o outro”.

d) A relação com o outro, no pensamento sartreano, é sempre pacífica, não gera crises ou angústias.

e) Os outros são todos aqueles que revelam voluntária ou involuntariamente o homem a ele mesmo.

 

20. (Ufla 2010) Leia a citação seguinte do filósofo existencialista para responder à questão.

“O homem não é mais que o que ele faz. Tal é o primeiro princípio do existencialismo.”

 Jean Paul Sartre. O existencialismo é um humanismo, col. Os pensadores. São Paulo. Abril Cultural. 1973. p. 12

Essa subjetividade, presente no contexto acima, tem correspondência com a citação e a filosofia relativista do Sofista seguinte:

a) Sócrates que diz: “Sei que nada sei”.

b) Protágoras que afirma: “O homem é a medida de tudo”.

c) Parmênides que afirma: “O ser é; o não ser não é”.

d) Aristóteles que afirma: “O ser se exprime de muitos modos”.

 

21. (Ufsj 2010) O conceito de Liberdade em Sartre é caracterizado por

a) uma vez que o Homem foi lançado ao mundo, é responsável por tudo o que faz.

b) uma referência a uma natureza humana dada e definitiva.

c) uma essência que precede a existência.

d) pressupostos de uma Liberdade interior inerente aos conceitos da metafísica clássica.

 

22. (Ufsj 2010) Assinale a alternativa que apresenta a defesa de Sartre frente às críticas feitas pelos católicos ao seu existencialismo.

a) O Homem é o responsável pelo que ele é, por essa razão, o primeiro passo do existencialismo é o de inserir todo homem na posse do que ele é, e de submetê-lo à responsabilidade total de sua existência.

b) Antigamente os filósofos só eram atacados por outros filósofos. O leigo não entendia nada e também não se importava com isso. Agora, a Filosofia é obrigada a descer em praça pública.

c) Trata-se de uma moral da liberdade, se não existir contradição alguma entre essa moral e a nossa Filosofia, nada mais pode existir.

d) O Homem se dá conta de que só pode ser alguma coisa (no sentido em que se diz que alguém é espirituoso, ou é mau ou é ciumento) se os outros o reconhecem como tal.

 

23. (Ufsj 2010) A partir da análise da seguinte afirmação: “O homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo”, é CORRETO afirmar que se trata

a) do primeiro princípio do empirismo humeano.

b) do segundo princípio do niilismo nietzscheano.

c) do primeiro princípio do existencialismo sartreano.

d) do terceiro axioma do empirismo hobbesiano.

 

24. (Unicentro 2010) Qual dos argumentos abaixo caracteriza corretamente a relação conceitual entre existencialismo e liberdade, no pensamento de Jean-Paul Sartre (1905-1980)?

a) O existencialismo de Sartre defende o individualismo, isto é, cada um deve preocupar-se exclusivamente com a própria liberdade e ação.

b) O existencialismo de Sartre afirma que se o homem é livre, consequentemente não é responsável por aquilo que faz.

c) O existencialismo de Sartre afirma que “disciplina é liberdade”. O homem livre é aquele que recusa o individualismo para viver o conformismo e a respeitabilidade da tradição.

d) Sartre afirma que o homem nada mais é do que “seu projeto”, não havendo essência ou modelo para lhe orientar o caminho; está, portanto, irremediavelmente condenado a ser livre.

e) Sartre afirma que a liberdade só possui significado no pensamento, na capacidade que o homem tem de refletir acerca de sua existência, buscando definir a natureza e a essência humana.

 

25. (Ufsj 2010) Em relação ao conceito sartreano de humanismo existencialista, é CORRETO afirmar que o homem

a) supera a angústia e a quietude, considerando a má fé no âmbito de um projeto subjetivista e ao mesmo tempo determinista.

b) é a medida de todas as coisas, considerando os aspectos teológicos que dão suporte à sua existência.

c) é um ser universalmente capaz de inventar a si próprio, baseando-se na doutrina de Abraão e do Anjo.

d) mantém um vínculo entre a transcendência – no sentido de superação – e a subjetividade.

 

26. (Uenp 2009) Segundo Raymond Plant, em seu livro Política, Teologia e História, o argumento de que a essência precede a existência implica na necessidade de um criador; assim, quando um objeto vai ser produzido (um martelo, uma caneta, uma máquina), ele obedece a um plano pré-concebido, que estabelece sua forma, suas principais características e sua função, ou seja, ele possui um propósito definido, uma essência que define sua forma e utilidade, e precede a sua existência. Segundo Sartre há um ser onde essa situação se inverte, e a existência precede a essência: o ser humano. Assim, seria o próprio homem o definidor de sua essência.

 

De acordo com Sartre, a expressão “a existência precede a essência” pode ser interpretada como:

a) O homem se constrói de acordo com sua própria história e não de acordo com uma essência abstrata e pré-determinada.

b) A existência humana depende do plano que Deus determina a cada um.

c) A essência é mais importante que a existência.

d) O homem não tem existência livre, pois ela sempre é precedida da essência.

e) A liberdade não participa do contexto da existência do homem, porque ele segue as determinações da essência.

 

27. (Unioeste 2009) Jean-Paul Sartre é um dos filósofos mais representativos do Existencialismo, com sua defesa incondicional da liberdade e do sentido ético da existência do ser humano.

Assinale a alternativa que não corresponde à concepção de liberdade deste filósofo.

a) Sartre afirma que há uma esfera objetiva de valores absolutos que determinam a liberdade.

b) A existência precede a essência é o princípio fundamental do existencialismo sartreano.

c) O ser humano é absolutamente responsável pelas suas escolhas por ser “liberdade enquanto tal” (Sartre).

d) A angústia é o sentimento que surge no ser humano por ter de fazer escolhas e de ser o único responsável pelas escolhas que faz.

e) O fundamento de todos os valores humanos é a liberdade, pois o significado das escolhas, em circunstâncias concretas, é a “procura da liberdade enquanto tal” (Sartre).

 

 

Gabarito:  

1: B

2: B

3: D

4: C

5: C

6: C

7: B

8: D

9: C

10: B

11: C

12: D

13: A

14: E

15: A

16: D

17: D

18: B

19: D

20: B

21: A

22: A

23: C

24: D

25: D

26: A

27: A

Exercício de Filosofia – múltiplas escolhas – Ideologia

Baixe, no link abaixo, lista de questões de múltiplas escolhas sobre ideologia.

1. (Ueg 2013) Leia a letra da canção abaixo.

 

IDEOLOGIA

 

Cazuza

 

Meu partido

É um coração partido

E as ilusões

Estão todas perdidas

Os meus sonhos

Foram todos vendidos

Tão barato

Que eu nem acredito

Ah! eu nem acredito…

Que aquele garoto

Que ia mudar o mundo

Mudar o mundo

Frequenta agora

As festas do “Grand Monde”…

Meus heróis

Morreram de overdose

Meus inimigos

Estão no poder

Ideologia!

Eu quero uma pra viver

Ideologia!

Eu quero uma pra viver…

O meu prazer

Agora é risco de vida

Meu sex and drugs

Não tem nenhum rock ‘n’ roll

Eu vou pagar

A conta do analista

Pra nunca mais

Ter que saber

Quem eu sou

Ah! saber quem eu sou…

Pois aquele garoto

Que ia mudar o mundo

Mudar o mundo

Agora assiste a tudo

Em cima do muro

Em cima do muro…

Meus heróis

Morreram de overdose

Meus inimigos

Estão no poder

Ideologia!

Eu quero uma pra viver

Ideologia!

Pra viver…

Pois aquele garoto

Que ia mudar o mundo

Mudar o mundo

Agora assiste a tudo

Em cima do muro

Em cima do muro…

Meus heróis

Morreram de overdose

Meus inimigos

Estão no poder

Ideologia!

Eu quero uma pra viver

Ideologia!

Eu quero uma pra viver…

Ideologia!

Pra viver

Ideologia!

Eu quero uma pra viver…

 

Disponível em: <http://letras.mus.br/cazuza/43860/&gt;. Acesso em: 6/09/2012.

 

A categoria “ideologia” é central para as ciências humanas. Nesse sentido, na letra da música citada, ela significa:

a) uma inversão da realidade produzida pelos ideólogos, tal como na concepção de Marx, e que consiste numa necessidade do proletariado.

b) uma visão de mundo que os seres humanos necessitam para se adaptarem a um mundo em que as utopias perderam sua força mobilizadora.

c) um elemento que contribui para maior coesão social na medida em que explicita as contradições da sociedade de classes.

d) um fato social sem importância para a construção da subjetividade na sociedade atual e na qual todos são reduzidos à condição de consumidores.

 

2. (Unimontes 2013) Um espaço importante de ação ideológica são os meios de comunicação de massa, como jornais, revistas, rádio, tevê, internet. Pela internet, dispomos, além da troca de mensagem entre particulares, da difusão de versões on-line de jornais e de páginas pessoais (blogs) das mais diversas tendências políticas. Com relação à ideologia, podemos afirmar:

a) O pensamento é sempre determinado pela ideologia.

b) Os pensamentos são fixos e não admitem mudanças.

c) Os pensamentos são sempre ideológicos e formulados para dominar o ser humano.

d) A ação e o pensamento nunca são totalmente determinados pela ideologia. Sempre haverá espaços para a crítica e fenda que possibilitam a elaboração do discurso contraideológico.

 

3. (Uem 2013) “Mais que um saber, a filosofia é uma atitude diante da vida, tanto no dia a dia como nas situações-limite, que exigem decisões cruciais. Por isso, no seu encontro com a tradição filosófica, é preferível não recebê-la passivamente como um produto, como algo acabado, mas compreendê-la como processo, reflexão crítica e autônoma a respeito da realidade.”

 

(ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Filosofando: introdução à filosofia. 4ª. ed. São Paulo: Moderna, 2009, p.20)

 

Com base no excerto citado, assinale o que for correto.

01) A filosofia é uma forma de conhecimento que questiona a realidade.

02) A filosofia é um saber teórico, não pragmático, que desconsidera a aplicação prática.

04) A filosofia é uma experiência de vida que responde às questões fundamentais da existência.

08) A filosofia não pode ser reaberta ou discutida, pois os filósofos já morreram.

16) A filosofia é uma ideologia, pois não se ocupa com o debate político.

 

  1. 4. (Unesp 2012) Vigora entre educadores e intelectuais brasileiros uma correta e justificável ojeriza às ditaduras de direita. Infelizmente, o mesmo vigor não é encontrado quando se trata de ditaduras de esquerda. As notícias de perseguições, prisões, greves de fome, fuzilamentos e fugas envolvendo opositores às duras ditaduras esquerdistas são ignoradas. Quando fica impossível deixar de falar a respeito, são comuns alegações de que há exagero da imprensa ou, pior, sugestões de que os dissidentes são egoístas que, em nome do individualismo, ameaçam um regime que deveria servir de exemplo. São as velhas táticas de questionar a liberdade de imprensa quando as notícias são desfavoráveis e de desmerecer o opositor, em vez de enfrentar as opiniões contrárias com argumentos.

 

(Janaína Conceição Paschoal. Cuba é uma grande Guantánamo. Folha de S.Paulo, 14.02.2012.)

 

O texto descreve um conflito de natureza ideológica. Apresente uma definição que seja adequada para o conceito de “ideologia”, tal como ele é empregado pela autora, e comente uma diferença básica entre uma “ideologia de direita” e uma “ideologia de esquerda”.

 

  1. 5. (Uem 2012) “A ideologia afirma que somos todos cidadãos e, portanto, temos todos os mesmos direitos sociais, econômicos, políticos e culturais. No entanto, sabemos que isso não acontece de fato: as crianças de rua não têm direitos; os idosos não têm direitos; os direitos culturais das crianças nas escolas públicas são inferiores aos das crianças que estão em escolas particulares, pois o ensino não é de mesma qualidade em ambas; os negros e índios são discriminados como inferiores; homossexuais são perseguidos como pervertidos, etc.”

 

(CHAUI, Marilena. Convite à filosofia. São Paulo: Editora Ática, 2011. p.218.).

 

Sobre as formas da ideologia, assinale o que for correto.

01) Direitos das minorias, como movimento dos sem-terra, associações de moradores etc., são direitos individuais e, por isso, não devem ser contemplados pelas políticas públicas.

02) A função principal da ideologia é ocultar e dissimular as divisões sociais e políticas, dando-lhes a aparência de diferenças naturais entre os seres humanos.

04) A diferença entre ideologia e senso comum é que a primeira representa uma prática das elites sociais, intelectuais e econômicas, e o segundo representa as classes mais pobres e desfavorecidas.

08) Pelo seu estatuto de neutralidade e acuidade científica, a filosofia não é ideológica, apenas analítica, sem tomar partido de classes sociais e de classes políticas.

16) Podem-se associar religião, alienação e ideologia, já que são práticas que podem funcionar como modelos de ação acríticos.

 

  1. 6. (Uem 2012) Aranha e Martins (2005) definem o senso comum como o “primeiro olhar sobre o mundo, ainda não-crítico, a partir do qual as pessoas participam de uma comunhão de ideias e realizam as expectativas de comportamento dos grupos sociais a que pertencem.”

 

(ARANHA, M. L. A.; MARTINS, M. H. P. Temas de filosofia. 3.ª ed. rev. São Paulo: Moderna, 2005, p.144).

 

Sobre o senso comum, assinale o que for correto.

01) O senso comum é um conjunto de ideias cuja finalidade é a crítica ao saber estabelecido.

02) O senso comum é um conjunto de ideias e práticas cegas e incompatíveis com a verdade.

04) Ao ser definido como o primeiro olhar, o senso comum é um saber metafísico das causas e dos primeiros princípios.

08) Todos os homens, intelectuais e analfabetos, participam do senso comum.

16) O senso comum confunde-se com as ideologias de uma classe ou de um grupo social.

 

7. (Uema 2012) Como um corpo sistemático de representações que nos ensinam a pensar e de normas que nos ensinam a agir, a ideologia possui as seguintes características:

I. Tem como função assegurar determinadas relações dos homens entre si e com suas condições de existência, adaptando os indivíduos às tarefas prefixadas pela sociedade.

II. A diferença de classe e os conflitos sociais são expostos ao conjunto dos indivíduos de uma determinada sociedade.

III. É assegurada a coesão dos homens e a aceitação sem críticas das tarefas mais penosas, e pouco recompensadoras, em nome da vontade de Deus ou do dever moral ou como decorrência da ordem natural das coisas.

IV. A diferença de classe dos conflitos sociais são camufladas, ora com a discrição da sociedade una e harmônica, ora com a justificação das diferenças existentes.

 

Estão corretas apenas as características

  1. a) I,II e IV.
  2. b) I, III e IV.
  3. c) II e III.
  4. d) II,III e IV.
  5. e) III e IV.

 

8. (Uema 2011) A palavra ideologia, criada por Destutt de Tracy (1754-1836), significa estudo da gênese e do desenvolvimento das ideias. Com Karl Marx, o termo ideologia adquiriu um significado crítico e negativo. Identifique, nas opções abaixo, a única que contém informação correta sobre a concepção de Marx sobre ideologia.

a) Conjunto de ideias que apresenta a sociedade dividida em duas classes, dominantes e dominados, visando à conscientização dos indivíduos.

b) Conjunto de ideias que mostra a totalidade da realidade, levando os indivíduos a compreenderem-na em si mesma.

c) Conjunto de ideias que dissimula e oculta a realidade, mostrando-a de maneira parcial e distorcida em relação ao que de fato é.

d) Conjunto de ideias que esclarece de forma contundente a realidade, mostrando que apenas pessoas da classe dominante podem governar.

e) Conjunto de ideias que estimula a classe dominada a alcançar o poder.

 

9. (Unimontes 2010) A ideologia é um conjunto lógico, sistemático e coerente de representações (ideias e valores) e de normas ou regras (de conduta) que indicam e prescrevem aos membros da sociedade o que devem pensar e como devem pensar, o que devem valorizar e como devem valorizar, o que devem sentir e como devem sentir, o que devem fazer e como devem fazer. Ela é, portanto, um corpo explicativo (representações) e prático (normas, regras e preceitos) de caráter prescritivo, normativo, regulador, cuja função é dar aos membros de uma sociedade dividida em classes uma explicação racional para as diferenças sociais, políticas e culturais, sem jamais atribuir tais diferenças à divisão da sociedade em classes, a partir das divisões na esfera da produção. Pelo contrário, a função da ideologia é a de apagar as diferenças, como as de classes, e de fornecer aos membros da sociedade o sentimento da identidade social, encontrando certos referenciais identificadores de todos e para todos, como, por exemplo, a Humanidade, a Liberdade, a Igualdade, a Nação, ou o Estado.

 

(CHAUÍ, M. O que é Ideologia. São Paulo: Brasiliense, 1980. Cf. ARANHA, M.

ARRUDA, M. Filosofando, São Paulo: Moderna, 2003.)

 

Das alternativas a seguir, qual não apresenta características fundamentais da ideologia?

a) Assegura a coesão social e a aceitação sem críticas das tarefas mais penosas e pouco recompensadoras, em nome da vontade de Deus ou do dever moral.

b) É uma mentira que os indivíduos da classe dominante inventam para subjugar os da classe dominada.

c) Mantém a dominação de uma classe sobre a outra.

d) Constitui um corpo sistemático de representações que nos “ensinam” a pensar e de normas que nos “ensinam” a agir.

 

10. (Uema 2009) Em nossa época, denotamos uma indiferença comum em torno dos assuntos públicos. Por conta dessa despolitização, há uma certa naturalização da realidade social. Leia o poema abaixo do poeta e dramaturgo alemão Bertold Brecht.

 

Nós vos pedimos com insistência:

nunca digam – isso é natural!

Diante dos acontecimentos de cada dia.

Numa época em que reina a confusão,

em que corre o sangue,

em que o arbitrário tem força de lei,

em que a humanidade se desumaniza…

Não digam nunca: isso é natural,

a fim de que nada passe por ser imutável.

 

ARANHA, M.L.A; MARTINS, M.H.P. Filosofando: introdução à filosofia. São Paulo: Moderna, 1993.

 

O autor faz no poema acima uma denúncia da

a) alienação e ideologia.

b) emancipação e libertação.

c) dialética e determinismo.

d) práxis e utopia.

e) naturalização e politização.

 

11. (Uema 2005) O Maranhão vive a expectativa da implantação de um grande polo siderúrgico. De um lado, o discurso afirma que os maranhenses terão um momento de desenvolvimento com a geração de emprego e renda. Do outro, o discurso versa sobre o impacto ambiental para a população.

Ambos os discursos são ideológicos, embora diferentes, pois há vários sentidos para a palavra

ideologia que, segundo Karl Marx, adquiriu um sentido negativo, como instrumento de dominação, que tem como função:

a) produzir uma divergência entre as classes.

b) enfatizar as diferenças, como as de classe, e de fornecer aos membros da sociedade um sentimento de identidade social.

c) desenvolver consciência crítica na relação dos homens entre si e suas condições de existência.

d) dar aos membros da sociedade dividida em classes um sentido de desigualdade entre todos.

e) dar aos membros da sociedade dividida em classes uma explicação racional para as diferenças sociais, políticas e econômicas.

 

Gabarito:  

 

Resposta da questão 1:
 [B]

 

A ideologia é, em geral, uma organização das ideias e a consolidação de uma visão de mundo. Desse modo, a ideologia é funcional, ou seja, a ideologia possui o caráter de fornecer de acordo com o dado material um conjunto de explicações intelectuais para certo evento. Por exemplo, para o problema da miséria que aflige o nosso país, e a todos os outros, grosso modo, uma ideologia qualquer poderia fornecer automaticamente um conjunto de explicações e soluções que resolveriam os problemas. Uma ideologia é como uma função matemática, para certo dado material x encontra-se uma solução no conjunto de possibilidades consolidado y. Quando as ideologias deixam de fornecer respostas, ou seja, deixam de funcionar, então surge a perplexidade, pois, afinal, tudo aquilo para o que havia resposta, deixa de haver. Surge então a necessidade de nova ideologia, de um trabalho de reconstrução ideológica capaz de mobilizar aqueles que necessitam modificar o mundo, os jovens.  

 

Resposta da questão 2:
 [D]

 

Ideologia é a planificação do discurso através da priorização do uso privado da razão e da obliteração do uso público da razão. Os meios de comunicação de massa transmitem lógicas prontas que servem ao cidadão liberando-o da atividade deliberativa, isto é, poupando-o da necessidade de avaliar o valor de suas ações. A ideologia garante ao indivíduo que a ação propagandeada lhe resultará sempre no melhor resultado possível e, por conseguinte, é a melhor maneira de se viver; a ideologia responde definitivamente todas as questões e anula a função reflexiva da existência humana.  

 

Resposta da questão 3:
 01 + 04 = 05.

 

A filosofia é o conhecimento sobre a aparência da realidade e sobre o questionamento a respeito do real por trás desta aparência. A filosofia busca descobrir o que se esconde na aparência e assim resolver as contradições que o senso comum inadvertidamente interioriza. Desse modo, a filosofia não é meramente uma atitude diante da vida, pois a filosofia exige um distanciamento daquilo que nos é imediato, que muitas vezes atrapalha o ato de decidir e confunde o agente sobre o valor da ação que efetivaria naquele instante o melhor resultado.

Além disso, a filosofia não tem como ser percebida como produto acabado, pois é parte essencial da própria atitude filosófica que permite a sua compreensão a crítica contínua e interminável da ideologia. Não há como compreender um discurso filosófico se já de antemão não houver uma postura filosófica e esta postura filosófica é essencialmente crítica.   

 

Resposta da questão 4:
 Ideologia é uma espécie de planificação do discurso. É uma ignorância a respeito dos excessos e faltas da razão que imobiliza o posicionamento do sujeito de modo que ele se torna incapaz de reavaliar e criticar suas afirmações.

 

Ideologia, de acordo com o Houaiss:

 

  1. Derivação: por extensão de sentido. Rubrica: sociologia.

sistema de ideias (crenças, tradições, princípios e mitos) interdependentes, sustentadas por um grupo social de qualquer natureza ou dimensão, as quais refletem, racionalizam e defendem os próprios interesses e compromissos institucionais, sejam estes morais, religiosos, políticos ou econômicos.

 

Existem ideologias mais para direita e mais para esquerda, isto é, existem ideologias que são mais extremas e outras mais brandas. Entre liberais e socialistas existe um espaço muito menor que entre fascistas e comunistas, por exemplo. Se tomarmos duas ideologias que recaíram em ditaduras e regimes totalitários – o fascismo e o comunismo –, podemos perceber uma grande diferença na concepção de Estado. Para a primeira o Estado existe e o indivíduo o serve, para a segunda o Estado serve as necessidades individuais de acordo com as capacidades destes. Porém, para simplificar podemos generalizar uma seguinte diferenciação: ideologias de direita geralmente buscam ser ou conservadoras ou reacionárias, e ideologias de esquerda ou progressistas ou revolucionárias.  

 

Resposta da questão 5:
 02 + 16 = 18.

 

[01] Incorreto. A luta pelos direitos das minorias corresponde a uma forma de luta contra os interesses individualistas contemporâneos, valorizando os aspectos coletivos da luta política e da vivência em sociedade.

[02] Correto. Esta afirmação está de acordo com a noção mais comum de ideologia, desenvolvida a partir do marxismo.

[04] Incorreto. Do ponto de vista filosófico, não faz sentido relacionar esses dois conceitos com as classes sociais. Uma vez que dizem respeito ao tipo de conhecimento e ação política dos indivíduos em relação ao contexto social em que vivem, a ideologia e o senso comum perpassam por todas as classes sociais. A sua superação ocorre mediante uma atividade crítica, e não econômica.

[08] Incorreto. Até mesmo a filosofia pode ser ideológica. É justamente essa crítica que muitos marxistas fazem à filosofia moderna, considerando-a acrítica e burguesa, incapaz de colocar em questão as contradições próprias da sociedade na qual são inseridos.

[16] Correto. Marx considerava a religião como um mecanismo ideológico de alienação do proletariado. Sendo assim, tal relação entre religião, ideologia e alienação é plausível.  

 

Resposta da questão 6:
 Gabarito Oficial: 08.

Gabarito SuperPro®: 02 + 16 = 18.

 

Quando olhamos para o horizonte, vemos apenas o plano. Quando olhamos o céu, vemos apenas o sol se movimentar de um lado ao outro. Se não errarmos em algum momento, iremos sempre dizer que a Terra é plana e o sol circula ao nosso redor. A questão é: como poderíamos errar? Se nunca fizermos perguntas, nunca erraremos e nunca sairemos do lugar. Se não fizermos perguntas, sempre veremos o sol circular a Terra e sempre fixados neste mesmo centro nunca chegaremos ao final do horizonte para perceber que na verdade o plano é apenas aparentemente plano. Temos de perguntar sobre o movimento celeste para entendermos até quando podemos afirmar que o sol circula a Terra, temos de perguntar o que há depois do horizonte para sabermos se realmente ele é como nos aparenta ser. De modo geral, podemos dizer que o senso comum é o resultado de uma experiência inadvertida sobre os limites deste mesmo ato de experimentar, é o homem satisfeito com as respostas que possui e com as perguntas que fez.  

 

Resposta da questão 7:
 [B]

 

Pode-se dizer que a função da ideologia é camuflar relações de dominação e exploração, acomodando os indivíduos à sociedade existente e impedindo a contestação social. Para tanto, noções como as de “Deus” e “moralidade” são utilizadas para inculcar nos indivíduos a ideia de harmonia entre aquilo que, na verdade, é contraditório.  

 

Resposta da questão 8:
 [C]

 

Como afirma o enunciado da questão, Marx se utiliza do termo “ideologia” dando a ele um significado crítico e negativo. A única alternativa que apresenta uma visão pessimista a respeito da ideologia é a [C]. Esta está totalmente de acordo com o conceito marxista de ideologia, sendo esta a forma como a realidade é ocultada, visando à manutenção da estrutura de dominação.  

 

Resposta da questão 9:
 [B]

 

A ideologia é uma forma de compreender a realidade e de se relacionar com ela. Ainda que haja um elemento de ocultação da realidade, não podemos compreender a ideologia como uma mera “mentira”. Segundo a análise marxista, ela é fruto das relações materiais de produção da existência, não surgindo da intenção racional da classe dominante subjugar a classe dominada, mas das próprias relações que se estabelecem entre elas.  

 

Resposta da questão 10:
 [A]

 

A questão faz alusão à visão marxista de alienação e ideologia. A negação do determinismo e da naturalização dos fenômenos sociais é condição para que o homem assuma seu papel de sujeito da transformação social. Faz parte da alienação e da ideologia enganar o homem sobre o seu papel de sujeito da história, fazendo-o considerar tudo como parte imutável do status quo.  

 

Resposta da questão 11:
 [E]

 

Segundo Marx, a ideologia serve para ocultar a luta de classes e as contradições inerentes ao sistema capitalista. Ela é uma construção da burguesia e apresenta-se como explicação racional, mesmo sendo fantasiosa. Nesse sentido, somente a alternativa [E] está correta.  

Schopenhauer – Vestibular

1. O conceito representação na filosofia de Schopenhauer significa:

a) a forma que o homem se espelha no mundo, vejo aquilo que quero ver, ouço aquilo que quero ouvir.

b) a forma que o homem se relaciona com o mundo, utilizando-se de valores e moral.

c) a forma que o homem é capaz de representar o mundo por intermédio de seus sentidos e intelecto.

d) essência do mundo, solução para o enigma do universo.

e) essência do mundo, a coisa em si que Kant tanto problematizava.

2.O conceito vontade para Schopenhauer significa:

a) querer inconsciente de todos pela preservação do outro.

b) querer consciente de todos pela sobrevivência.

c) essência do mundo, amor, ódio e salvação.

d) essência do mundo, a coisa em si kantiana, percebida imediatamente pela contemplação estética do mundo e dos objetos.

e) essência do mundo, a coisa em si kantiana, percebida imediatamente por intermédio de meu próprio corpo.

3. De acordo com a filosofia de Schopenhauer, a vontade se manifesta no ser humano a partir:

a) de seu querer consciente do mundo.

b) de seu desejo de reprodução e seu instinto de sobrevivência.

c) de sua consciência imanente de si mesmo e do mundo.

d) da sua autopreservação, desvinculada da espécie.

e) da sua autopreservação e a morte de todos os membros de sua espécie, pois a vontade se manifesta enquanto luta de todos contra todos.

4. Pensamentos que influenciaram Schopenhauer foram:

a) Upanixades, Platão e Kant.

b) Platão, Aristóteles e Cristianismo.

c) Cristianismo, Ateísmo e Epicurismo.

d) Descartes, David Hume e Hegel.

e) Maquiavel, Marx e Freud.

5. O amor para Schopenhauer é:

a) é central em sua filosofia, pois explica a vontade objetivada nos seres humanos.

b) é central em sua filosofia, pois explica como representamos o mundo.

c) é secundário em sua filosofia, pois o pensamento e razão são manifestações mais profundas de nosso ser.

d) é secundário em sua filosofia, pois ocupa conotação sexual e depravada.

e) é central em sua filosofia, pois é manifestação da representação do mundo pelos sentidos.

Gabarito:

1 C

2  E

3 B

4 A

5 A

Nietzsche

1. (Ufsj 2013) “A Filosofia a golpes de martelo” é o subtítulo que Nietzsche dá à sua obra Crepúsculo dos ídolos. Tais golpes são dirigidos, em particular, ao(s)

a) conceitos filosóficos e valores morais, pois eles são os instrumentos eficientes para a compreensão e o norteamento da humanidade.

b) existencialismo, ao anticristo, ao realismo ante a sexualidade, ao materialismo, à abordagem psicológica de artistas e pensadores, bem como ao antigermanismo.

c) compositores do século XIX, como, por exemplo, Wolfgang Amadeus Mozart, compositor de uma ópera de nome “Crepúsculo dos deuses”, parodiada no título.

d) conceitos de razão e moralidade preponderantes nas doutrinas filosóficas dos vários pensadores que o antecederam e seus compatriotas e/ou contemporâneos Kant, Hegel e Schopenhauer.

e) ao socialismo da URSS, que reutiliza o martelo como símbolo central da classe operária.

2. (Ufsj 2013) Na filosofia de Friedrich Nietzsche, é fundamental entender a crítica que ele faz à metafísica. Nesse sentido, é CORRETO afirmar que essa crítica

a) tem o sentido, na tradição filosófica, de contentamento, plenitude.

b) é a inauguração de uma nova forma de pensar sem metafísica através do método genealógico.

c) é o discernimento proposto por Nietzsche para levar à supressão da tendência que o homem tem à individualidade radical.

d) pressupõe que nenhum homem, de posse de sua razão, tem como conceber uma metafísica qualquer, que não tenha recebido a chancela da observação.

e) a metafísica é válida, pois trata de Deus e da liberdade humana.

3. (Unimontes 2012) O pensamento de Nietzsche (1844 – 1900) orienta-se no sentido de recuperar as forças inconscientes, vitais, instintivas, subjugadas pela razão durante séculos. Para tanto, critica Sócrates por ter encaminhado, pela primeira vez, a reflexão moral em direção ao controle racional das paixões. Nietzsche faz uma crítica à tradição moral desenvolvida pelo ocidente. Marque a alternativa que indica as obras que melhor representam a crítica nietzscheana.

a) Para além do bem e do mal, Genealogia da moral, Crepúsculo dos ídolos.

b) Para além do bem e do mal, Genealogia da moral, República.

c) Leviatã, Genealogia da moral, Crepúsculo dos ídolos.

d) Microfísica do poder, Genealogia da moral, Crepúsculo dos ídolos.

e) Memórias Póstumas de Brás Cubas e A moreninha.

4. (Ufsj 2012) Nietzsche identificou os deuses gregos Apolo e Dionísio, respectivamente, como

a) complexidade e ingenuidade: extremos de um mesmo segmento moral, no qual se inserem as paixões humanas.

b) movimento e niilismo: polos de tensão na existência humana.

c) alteridade e virtu: expressões dinâmicas de intervenção e subversão de toda moral humana.

d) razão e desordem: dimensões complementares da realidade.

e) Amor e Paixão: sentimentos intensos da vida humana.

5. (Ufsj 2012) Assinale a alternativa que expressa o pensamento de Nietzsche sobre a origem do bem.

a) “Faça isto e mais isto, não faça aquilo e mais aquilo – e então serás feliz, contrário…” Dessas ações procedem o bem em si.

b) “Todo o bem procede do instinto e é, por conseguinte, leve, necessário, espontâneo”.

c) “O vício e o luxo são a causa do perecimento de povos e raças”. Libertar-se de tais desequilíbrios, eis aí a fórmula do bem original.

d) “O cornarismo resume toda a origem do bem e é prerrogativa cultural da raça humana”.

e) “Deus é o criador do bem”.

Gabarito:  

1D

2B

3A

4D

5B

Questões de Múltiplas Escolhas – FREUD

1.Freud acredita que as doenças psíquicas seriam tratadas a partir:

a) da psicanálise, que encontra no ser humano apenas doenças físicas.

b) da psicanálise, que seria a cura pela fala.

c) da psicanálise, que seria a solução dos males do corpo.

d) da psiquiatria, que se manifesta para solucionar os males do espírito.

e) da psiquiatria, que seria a cura pela fala.

2.Conceitos centrais no pensamento freudiano para entender como funciona a psique humana são:

a) imaginação, superação de si e traumas.

b) consciência e traumas reais.

c) consciência e realidade latente.

d) Sonhos, traumas e anomalias.

e) Ego, Id e Super ego.

3.Para Freud, algumas das formas de analisar o inconsciente humano são:

a) traumas e Ego.

b) recalques e anomalias.

c) Sonhos e imaginação.

d) Ego e consciência.

e) atos falhos e sonhos.

4.Freud ( 1856-1939 ), médico austríaco, teve como principal novidade a descoberta do inconsciente e a compreensão da natureza sexual da conduta, que foram golpes fortes na noção de liberdade racional da sociedade ocidental. Sobre as teorias de Freud, marque a alternativa incorreta.
a) A teoria de Freud é duramente criticada pelas psicologia de linha naturalista, pois não usa a experiência no sentido tradicional do método científico.
b) Freud trabalha com uma realidade hipotética, considerada inverificável nos moldes tradicionais: o inconsciente.
c) A vida inconsciente, segundo Freud, é apenas a ponta do iceberg, e a montanha submersa é o consciente.
d) A vida consciente, segundo Freud, é apenas a ponta do iceberg, e a montanha submersa é o inconsciente.

e) a vida inconsciente é manifestação do ser enquanto ser.

5.O sujeito do Direito é aquele que age consciente de seus direitos e deveres e que segue leis estabelecidas em um dado ordenamento jurídico. Já, para a Psicanálise, o sujeito está assujeitado às leis :

a) definidas pelos juízes dos tribunais.

b) definidas pelos códigos jurídicos.

c) regidas pelo ego e superego.

d) regidas pelo inconsciente.

e) regidas pelos direitos humanos.

 

Gabarito:  

1 B

2 E

3 E

4 C

5 D